FT-CI

No Brasil onde Serra, Lula e a burguesia atacam o direito de greve

Trabalhadores da USP dão um exemplo impondo o pagamento dos dias descontados

01/07/2010

Depois de 57 dias em luta, chegou ao fim a greve dos trabalhadores e trabalhadoras da USP. Apesar de não conseguir as principais reivindicações que motivaram a greve, como a luta pela recomposição da isonomia (igualdade de aumento salarial com professores), os trabalhadores conseguiram impôr o pagamento dos dias em greve, que foram descontados de forma arbitrária e ilegal pela Reitoria e pelo governo Serra, contra a posição da Congregação da Faculdade de Direito da USP, que reúne os principais advogados e juízes do país, seguindo a orientação do Juiz do Trabalho Jorge Souto Maior que dizia que “não é possível contrapor o direito de greve ao direito de sobrevivência do trabalhador”. Isto ocorre num momento em que o presidente Lula e o PT, que se empolgam falando que são representantes dos trabalhadores e dos pobres, vem dando declarações reacionárias sobre o direito de greve, afirmando que “greve não é férias, greve é guerra”, e por isso é necessário cortar os salários dos trabalhadores em greve, em especial do funcionalismo público. A burocracia sindical da CUT, apoiadora do governo Lula, fez aceitar que muitas categorias tivessem os seus dias descontados – professores da rede estadual de São Paulo, INCRA, IBAMA, entre outros que ainda sofrem ameaça. Por isso a luta dos trabalhadores da USP e seu sindicato combativo, deram um exemplo a todos os trabalhadores: não temos que aceitar sem luta o ataque ao direito de greve dos trabalhadores. É nesta situação nacional que os trabalhadores da USP se reafirmam como um exemplo para o conjunto da classe trabalhadora brasileira, demonstrando que é possível lutar.

Se hoje podemos afirmar que nossa força não foi suficiente para impor uma derrota ao governo e ã Reitoria, que quer destruir o nosso Sindicato, pois sabem que somos o principal foco de resistência ao projeto privatista do governo Serra para a universidade, por outro lado tampouco foi possível impor uma derrota aos trabalhadores, que levaram sua luta até o final. Mesmo sem a participação de estudantes e professores, e mesmo com o isolamento que nos impôs a burocracia sindical colaboracionista e a esquerda que tem peso sindical, foi possível lutar durante 57 dias para tentar arrancar os nossos direitos e ao mesmo tempo manter a luta pelo direito de greve dos trabalhadores. Na Unicamp também foi possível garantir que nenhum dia em greve fosse descontado, mas fundamentalmente pela organização de uma oposição ao Sindicato, dirigido pela burocracia governista do PCdoB e que inclusive organizou uma campanha caluniosa contra um importante dirigente operário da categoria que vêm se contrapondo ás posições do Sindicato, o camarada Mário Bigode, funcionário da Unicamp há mais de 30 anos e militante da LER-QI.

Ao mesmo tempo é necessário apontar que a impotência de uma esquerda corporativa e eleitoreira contribuíram para um maior isolamento de nossa greve. Nestes 57 dias, a Conlutas e o PSTU se contentaram em fazer algumas poucas falas abstratas sobre a crise capitalista em nossas assembléias e suas reiteradas declamações de socialismo, mantendo a tradição de uma esquerda testemunhal que não serve para a luta de classes. Ainda com a luta política que travamos no Congresso da Classe Trabalhadora, chamando todos aqueles sindicatos a tornar concreta a unificação nas lutas, nenhum movimento de solidariedade ativa foi organizado pela Nova Central, e nem foi implementado o fundo de greve, demonstrando os limites que permanecem colocados em uma esquerda que a cada ano “reinventa” o modo petista de militar.

Por tudo isso, é ainda mais importante o resultado desta greve, pois demonstra que é possível transformar as pequenas lutas salariais em verdadeiras batalhas de classe, dando exemplos de luta, se utilizando dos combativos métodos da classe trabalhadora como os piquetes e as ocupações, desafiando a prepotência e ataques do governo e os patrões, organizando os trabalhadores desde a base e lutando pela unidade das fileiras operárias, sem abaixar a cabeça para as ameaças e os ataques. Conquistamos, além do pagamento dos dias em greve sem reposição de horas, um reajuste de 6,57% além de outros benefícios, abertura de negociação específica para análise da referência salarial (5%) e não punição a nenhum trabalhador por exercer o direito de greve. Porém, somos conscientes que já devemos nos preparar para as represálias, não acreditamos nos compromissos desta REItoria privatista que está a serviço dos empresários e, seguramente seguirá nos atacando para levar a frente seu objetivo de derrotar os trabalhadores e nosso sindicato, punindo judicialmente a vanguarda combativa. Por isso na assembléia discutimos seguir firmes e tensionados para lançar uma campanha ofensiva em defesa do direito de greve e contra a perseguição aos lutadores e lutadoras. Esta foi apenas uma batalha, que não dá por encerrada a nossa luta. Seguimos lutando para abrir os muros da universidade para o conjunto dos trabalhadores e do povo pobre.

A nossa luta é pela universidade do futuro. Fomos o único foco de resistência ao projeto privatista de universidade, e seguiremos lutando por mais verbas pra educação, fim do vestibular e por uma mudança radical da estrutura de poder da universidade. Queremos que a universidade esteja a serviço dos trabalhadores e do povo pobre.

Claudionor Brandão, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP, demitido político do governo Serra em 2008 e dirigente da LER-QI

Vamos buscar os professores da rede estadual, os trabalhadores do INCRA, do Ibama, os judiciários e diversas outras categorias que tiveram os salários descontados por fazerem greve pra dizer: companheiros, é possível lutar! Na USP não passou o corte de salário e precisamos unificar nossas lutas pra seguir lutando pelo direito de greve e contra a perseguição a todos os lutadores!

Pablito, representante dos trabalhadores no Conselho Universitário e dirigente da LER-QI

Exigimos a recomposição da isonomia (igualdade de aumento salarial com os professores) por entender que era um primeiro passo para avançar nos projetos de terceirização da Universidade. Estamos pela unidade das fileiras operárias e portanto nossa luta não acaba aqui. Exigimos a efetivação de todos os terceirizados sem necessidade de concurso publico e lutaremos em defesa destes trabalhadores que são os setores mais explorados da universidade, em sua grande maioria mulheres e negros.

Diana Assunção, da Secretaria de Mulheres do SINTUSP e dirigente da LER-QI

A impotência da esquerda se expressou contudo em nossa luta. Após gastarem milhares de reais num luxuoso Congresso da Classe Trabalhadora que explodiu por conta do nome, nenhum real foi destinado ao fundo de greve dos trabalhadores da USP. Nada de militância ativa pra cercar de solidariedade nossa luta e nos ajudar a transformá-la numa importante batalha de classes. Ainda assim, contamos com o apoio fundamental de um pequeno setor de professores e estudantes, como os da Unesp de Marília, que estiveram dia a dia ao lado dos trabalhadores.

Domenico Moretti, membro do Comando de Greve e dirigente da LER-QI

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