FT-CI

A DIREÇÃO DA MULTINACIONAL GM PREPARA 2 MIL DEMISSÕES EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Solidariedade operária e popular incondicional aos operários da GM e ao sindicato na luta em defesa dos empregos e contra a flexibilização de seus direitos!

25/07/2012

Os planos da General Motors preparam a demissão em massa de cerca de 2 mil trabalhadores. Em nome de “ajustar” a produção de novos modelos e “adequar” os “investimentos” ás condições do “mercado”, essa multinacional – a maior do mundo – decreta que os trabalhadores da GM devem pagar os custos dos seus planos. Em 2008 essa empresa foi socorrida pelo governo Obama, recebendo cerca de 50 bilhões de dólares. Obama “condicionou” esse verdadeiro “salvamento” da GM “exigindo” um “plano de reestruturação, nomeadamente através de uma redução significativa de custos”. A empresa embolsou esse fortuna, se levantou e vem aplicando religiosamente o plano de reestruturação. Agora, em São José dos Campos, esse plano poderá significar todos esses empregos. Ou seja, a empresa, tanto nos Estados Unidos como aqui no Brasil, abocanha bilhões entregues pelos governos (que não passam de comitês executivos dos capitalistas, dos monopólios, principalmente) e aplica “ajustes” que levam os trabalhadores e suas famílias a pagarem a conta.

A empresa tem lucrado cada vez mais com as vendas aquecidas e, quando há queda nas vendas, com as medidas de socorro que o governo Dilma (Lula também havia feito) corre para aplicar entregando bilhões do BNDES ou de isenções fiscais para que as grandes montadoras multinacionais mantenham seus negócios altamente rentáveis. Cada vez mais as grandes indústrias – com as multinacionais na linha de frente – buscarão arrancar o máximo dos trabalhadores, produzindo cada vez mais com cada vez menos operários, cortando custos (direitos trabalhistas, aumentando a jornada, contratando temporários e precarizados etc.) e exigindo subsídios governamentais. Essa é a aritmética capitalista: mais exploração dos trabalhadores e espoliação das finanças do país (e das cidades) igual maiores (e mais rápidos) lucros.

Planos de “ajuste” dos capitalistas: os trabalhadores pagam a crise para salvar os lucros

O que a GM faz não se resume ã empresa, é parte de um plano capitalista geral e global, que vem sendo aplicado em outros países, estados e cidades. O governo e a imprensa dizem que o Brasil vai muito bem e que a crise capitalista mundial é “coisa” da Europa. A verdade é bem diferente. Ainda que a crise econômica mundial não mostre, aqui, os graves efeitos vistos no Estado Espanhol, Grécia, Portugal e outros países, alguns reflexos já se mostram efetivos. Depois da crise iniciada em 2008 os governos salvaram as empresas e bancos, injetaram bilhões e deram todas as garantias para que os capitalistas seguissem lucrando. As custas dos trabalhadores e do endividamento dos países. No Brasil os incentivos foram vultosos, a isenção de IPI para automóveis, por exemplo, garantiu a desova dos estoques e a manutenção da produção. Mesmo nesse quadro as empresas lançam planos de reestruturação em busca de mais lucros e disputadas acirradas pelos mercados de consumidores.

A cadeia produtiva de automóveis e veículos automotores está passando por uma reestruturação que resulta em cortes de direitos, empregos e salários, enquanto os capitalistas garantem seus negócios e lucros. Montadoras como Ford, Volkswagen/Man, Mercedes-Benz, Scania e Volvo têm anunciado paralisações de linhas de produção. Consequentemente, as autopeças anunciam medidas contra os empregos. A Seeber Fastplast, fornecedora de componentes plásticos para Mercedes, Ford e Man, já cortou 180 trabalhadores, a maioria em Diadema (São Paulo). A MWM Internacional, coligada ã norte-americana Navistar Engine Group, fechou um acordo com o sindicato dos metalúrgicos de Canoas (RS) que levou ã redução da jornada com redução do salário. Chantageados com a ameaça de 900 demissões os trabalhadores foram obrigados pelo sindicato a aceitar a paralisação de 12 dias ao longo de três meses (um dia por semana) em troca da redução dos salários em 15%. Ou seja, o sindicato entregou o salário dos trabalhadores para a empresa, pois se a produção havia caído e seria necessário trabalhar menos dias a empresa vai ganhar cortando salários. Na MWM de São Paulo os trabalhadores terão um corte salarial de 17,5% com a redução da jornada de 20%. O burocrata sindical da Força Sindical (presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo), Miguel Torres, ainda tem a cara-de-pau de dizer que a empresa assumiu o “compromisso” de repor os salários quando a produção voltar ao “normal”.

A Mercedes-Benz já havia colocado em licença remunerada 480 trabalhadores, até o dia 4 de junho, além de férias coletiva, também na unidade de Juiz de Fora (MG). Não bastando isso, em maio suspendeu (de 18 de junho até 17 de novembro) os contratos de 1.500 trabalhadores da unidade em São Bernardo do Campo (ABC paulista), o que significa quase 18% dos trabalhadores da fábrica (8.500). Esse é o conhecido “lay off” que as empresas, em aliança com os sindicatos, sempre impõem para “ajustar” a produção, cortar custos e livrar seus lucros. Os trabalhadores ficarão em casa nesses cinco meses, recbendo R$ 1.163 do FAT (Fundo de Amparo do Trabalhador). Dinheiro dos trabalhadores, dos recursos ligados ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). A empresa cobrirá apenas a parte que faltar para complementar o salário. A empresa mantém esses empregos mas na verdade recebe um subsídio altíssimo, deixando de pagar os salários integralmente. E o burocrata sindical da CUT, presidente dos metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, ainda justifica dizendo que “o ‘lay-off’ foi o sistema encontrato para evitar a demissão e manter o nível de emprego”. Ou seja, os trabalhadores não aparecem como “desempregados”, a empresa os conserva como “reserva de mão de obra” e os recursos públicos (de todos os trabalhadores) entram como subsídios aos capitalistas. Como se vê, os planos patronais vão avançando – com o acordo dos burocratas sindicais vendidos aos patrões e aos governos – de férias coletiva, passando por “lay-off”, mas não se garante emprego, pois este fantasma continua pairando sobre as nossas cabeças. Os acordos das empresas com os sindicalistas burocratas nada garantem aos trabalhadores, favorecendo os patrões, em todos os sentidos. Mesmo com as “alternativas” que evitam as demissões diretas os patrões saem ganhando, pois demitir seria a “última” alternativa, pois na competição por mercados e rentabilidade, cujo fundamento é “reduzir custos” (gastos), demitir sai mais caro – perdem operários qualificados e adaptados aos sistemas de produção, dispender elevados valores em indenizações, e depois, quando as “coisas melhorarem” teriam que gastar muito com seleção, contratação e treinamento de novos empregados. Ao contrário das mentiras dos sindicalistas vendidos, quem ganha com todos esses planos são os capitalistas, e nós pagamos a conta.

Nenhma dessas “alternativas” garante o emprego, o salário e os direitos dos trabalhadores. A única garantia de manutenção dos empregos está numa luta firme e decidida, organizada e planificada, dos operários e operárias da GM – unindo todos, efetivos com contratados e terceirizados –, como parte de um plano “geral” de todos os metalúrgicos de São José dos Campos (pois os “ajustes” nas multinacionais atingem as demais empresas), aproveitando a disposição de luta que temos visto nas paralisações da GM. A luta não será fácil nem simples, pois a empresa tem grandes objetivos, força e aliados (governo da cidade, governo estadual, governo federal, burocratas sindicais) que lhe permitem preparar uma verdadeira “guerra” contra os trabalhadores e trabalhadores da GM e o sindicato.

O ataque ã GM e ao sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos

A direção da GM está predisposta a impor seus planos de reestruturação em São José dos Campos e demais unidades. É parte de seu plano global (mundial). Porém, a direção da empresa tem outro importante objetivo. Diante da crise capitalista mundial e da imperiosa concorrência mundial por mercados para a venda de automóveis, que exigirão maior produtividade – custos mais baixos e produção mais competitiva – os capitalistas sabem que permanentemente terão que ter planos de “ajuste” para favorecer seus negócios. Esses planos, como temos visto na Europa, encontrarão resistência dos trabalhadores, que buscarão garantir seus salários, empregos e direitos. Para fazer passar seus planos será necessário curvar os trabalhadores, e para isso é fundamental que as empresas, além do apoio direto e incondicional dos governos, contem com sindicatos “dóceis”, “parceiros”, aliados dos patrões. Como vimos, sindicatos da CUT e Força Sindical (além de outras centrais, como a CTB), cada um a sua maneira (e seus falsos discursos), há muitos anos vêm fazendo “o jogo” dos patrões, enganando e dividindo os trabalhadores para que não vejam alternativa a não ser aceitar acordos que rebaixem salários, retirem direitos e negociem demissões (PDVs e outras modalidades).

Em editorial no dia 14/07, o direitista Estadão lança ameaçadoras linhas sobre o “futuro dos metalúrgicos”, para definir que os empregos e “investimentos” em São José dos Campos estão ameaçados não pela GM (e os patrões), mas pelos dirigentes do sindicato. Para preencher de alguma lógica essa operação ideológica este jornal burguês radical defende os sindicalistas da CUT, Força Sindical e outros, definindo-os como “modernos” sindicalistas que “compreenderam” a necessidade de aliar-se aos patrões para “atrair novos investimentos” e “recuperar os antigos índices de emprego”. Para isso, “não só aceitaram o sistema de banco de horas, como também negociaram com as montadoras a flexibilização da legislação trabalhista, em matéria de férias, tempo de descanso para almoço e licença-maternidade”. Como se vê, o Estadão mostra claramente que os burocratas sindicais da CUT (princpalmente), que antes, quando estavam ã frente de greves. eram “demonizados”, agora são “exemplos” a ser seguidos pelos dirigentes sindicais e trabalhadores de São José dos Campos.

O Estadão não apenas opina, mas deixa claro que um dos objetivos principais da patronal (GM, no caso) é obrigar o sindicato (e os trabalhadores) a aceitar as “flexibilizações” trabalhistas, em nome de “atrair investimentos”, pois encarara que o “modelo” de sindicalistas deve ser encontrado nos burocratas vendidos da CUT, da Força Sindical, da CTB e outras centrais. É o que pensa e prefere a direção da GM, e para isso tentará dobrar a diretoria dos metalúrgicos de São José dos Campos, ligado ã Conlutas, retirando do caminho dos seus “planos” um “foco de resistência”. A empresa – com a ajuda dos sindicalistas da CUT, Força Sindical, CTB, Prefeitura da cidade, PT e inclusive a cúpula da Igreja Católica – pretende, como mínimo, chantagear, pressionar e forçar o sindicato a negociar e aceitar partes fundamentais do plano de “ajuste”, ou seja, ameaçar cortar produção e demitir em massa para conseguir impor medidas que resultem em redução dos custos e incremento da produção em níveis de competitividade de acordo com seus objetivos globais e regionais.

Para os burocratas sindicais da CUT e da CTB, principalmente, também seria um grande “ganho” derrotar o sindicato, tanto com um grande número de demissões (que poderiam desmoralizar os trabalhadores, a vanguarda e abrir espaço ã oposição) como com uma capitulação (aceitar as “alternativas”, os acordos que essas centrais já vêm aplicando em suas categorias). Nenhuma confiança nos discursos da GM! Só negociarão seriamente e recuarão se encontrar uma força firme e decidida entre os trabalhadores, sua direção e seus aliados! Nenhuma confiança nos burocratas traidores da CUT, Força Sindical e CTB! Se estes burocratas dizem defender os empregos e os direitos dos trabalhadores que comecem rompendo seus pactos com a patronal e os governos, e coloquem todos os recursos dos sindicatos a serviço de um plano de luta para barrar as demissões e todas as “alternativas” de flexibilização!

O governo Dilma, por mais que receba comitivas do sindicato e faça declarações, nada fará de efetivo para garantir os empregos, posto que governa para os capitalistas e pela “livre iniciativa” dos patrões para lucrar ao máximo, o que exige “liberdade” para impor seus “ajustes” e até demitir. Os metalúrgicos de São José dos Campos, e a diretoria do sindicato, já tiveram a experiência de exigir que Lula editasse uma medida provisória contra as demissões, e o resultado foi nulo, ou melhor, na verdade a “neutralidade” de Lula (e dos governos) é a senha para os capitalistas se sentirem “livres” para atacar. O governo municipal também atuará com “diplomacia”, aceitará audiências e medidas que obviamente não afetem os interesses da GM. Nada se pode esperar do prefeito que, junto com o governador Geraldo Alckmin (tucanos do PSDB), massacraram os moradores e ativistas do Pinheirinho, são aliados descrados da empresa e dos empresários, como vimos na brutal repressão aos moradores e ativistas do Pinheiro. Nenhuma confiança em Dilma, no Ministério do Trabalho, no governador Alckmin e no prefeito Eduardo Cury (PSDB)!

Somente a luta de TODOS OS METAlàšRGICOS DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, unificando a GM com o conjunto da categoria em assembleias, atos, paralisações e greves, poderá dobrar a empresa e neutralizar seus aliados. A luta da GM não pode ficar isolada dos demais metalúrgicos! A solidariedade operária – dos trabalhadores e sindicatos – deve começar na própria categoria! Assim se estará preparando um plano de luta ã altura do ataque patronal.

A solidariedade de todos os trabalhadores, sindicatos, organizações políticas, populares, estudantis e democráticas será uma importante trincheira para enfrentar esta luta e não permitir as demissões, os cortes de direitos e salários na GM, para avançarmos uma posição fortificada para enfrentar os planos capitalistas (e dos governos) que tudo farão para que os trabalhadores paguem os custos da crise que eles criaram em sua sede de lucros.

Para garantir os empregos é necessário lutar pela redução da jornada de trabalho sem redução dos salários de modo que a redução da produção não implique em redução dos postos de trabalho, dos salários ou dos direitos. Devemos exigir que a patronal mostre seus livros de contabilidade para demonstrar que são os patrões que devem arcar com sua crise descontando os custos de seus monstruosos lucros e não liquidando postos de trabalho ou retirando direitos.

Essa vai ser uma luta dura. Por isso, é importante impulsionar a eleição, por todos os trabalhadores da GM – efetivos, temporários e precarizados – de um comitê de fábrica que massifique a mobilização e expanda ás bases de cada empresa metalúrgica de São José dos Campos, elegendo delegados para, junto com o sindicato, fortalecer uma direção democrática capaz de organizar ações centralizadas de toda a categoria.

Não podemos permitir que as burocracias sindicais que dirigem os metalúrgicos da CUT, da Força Sindical ou da CTB “pousem” de “defensores dos trabalhadores” enquanto demissões e flexibilizações estão sendo assinadas por esses sindicalistas nos vários setores industriais que dirigem. Ao mesmo tempo em que denunciamos o atrelamento dessas direções com o governo e a patronal, devemos exigir ações concretas de mobilização unificada de todos os setores que já estão sendo atacados ou sob ameaça, dirigindo-nos não só ás direções mas também ás bases para lutar para que essa unidade se efetive com os contra a vontade dos burocratas sindicais.

Um plano de luta e programa unificado, de todos os metalúrgicos de São José dos Campos
Abaixo os planos de ajuste nas fábricas e empresas! Nenhuma demissão! Garantir os empregos, salários e direitos! Os sindicatos não devem assinar acordos que rebaixem salários, retirem direitos e aceitem demissões (ou PDVs, que são demissões “escamoteadas”)! Unir efetivos com contratados, temporários e prezarizados! Empregos, salários e direitos iguais para todos os trabalhadores! Contra os ataques patronais, que desejam produzir mais com menos trabalhadores e menores custos: lutemos pela Escala móvel de horas de trabalho! Ou seja, dividir as horas de trabalho entre todos os trabalhadores, adequando as necessidades de produção ã manutenção dos empregos de todos, sem qualquer redução salarial ou flexibilização de direitos. Trabalhar menos para garantir todos os empregos! Que os patrões paguem com seus elevados lucros, pois somente assim poderemos garantir nossos empregos, salários e direitos! Os patrões – uma minoria parasitária da sociedade – organizam e administram a produção para suprir unicamente seus interesses de lucro, contra os interesses dos trabalhadores (verdadeiros produtores) e consumidores. Os patrões mentem, alegando crises. Devemos exigir que abram a contabilidade da empresa para desmenti-los, mostrando quanto lucraram e para onde foram as riquezas extraídas do suor dos trabalhadores! Os trabalhadores (com seus sindicatos) – maioria da sociedade, os verdadeiros produtores de tudo – devem se organizar em comissões de fábrica e conselhos de produção para gerir um plano democrático que organize a produção em prol dos interesses dos trabalhadores e consumidores, garantindo empregos, salários e direitos!

Liga Estratégia Revolucionária – LER-QI [26/07/2012] www.ler-qi.org

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