FT-CI

Entrevistamos Christian Castillo e Claudia Cinatti, depois do giro internacionalista pela Europa

“Qualquer faísca pode incendiar o celeiro"

19/02/2014

Durante o mês de janeiro Christian Castillo e Claudia Cinatti realizaram uma intensa atividade política pela Europa. Entrevistaram-se com os principais dirigentes das forças que se reivindicam da esquerda anticapitalista nos distintos países nos quais estiveram e com referentes da esquerda sindical e intelectual. Por sua parte, Castillo participou em onze mesas-debate públicas em sete cidades (Londres, Berlim, Toulouse, Barcelona, Madri, Atenas e Paris) para transmitir a experiência da FIT e do PTS na Argentina. O LVO [La Verdad Obrera, periódico do PTS] conversou com eles acercadas conclusões tiradas a partir da viagem.

Que situação se está vivendo na Europa neste momento?

Claudia Cinatti: Ainda que cada país tenha sua especificidade, o certo é que a Europa está atravessada pela aplicação de políticas baseadas no que poderíamos chamar de “consenso de Berlim”, similar ao que conhecemos na América Latina nos anos ’90 com o “consenso de Washington.” Enquanto os Estados estão fortemente endividados pelos resgates a bancos e monopólios, por todo lado se vê repetir-se os cortes aos orçamentos sociais, medidas de “flexibilização” laboral que acentuam a precarização do trabalho, demissões, perdas de conquistas, aumento da pobreza... Nos países mais ao norte do continente, como a Grã-Bretanha e a Alemanha, o desemprego é menor que nos países do sul, onde o Estado espanhol e a Grécia encabeçam os países com maiores taxas de desemprego, próximas a 26% e 28% respectivamente. Sobre a Alemanha, sua classe dominante pos a correr o grande mito de que ficou a salvo da crise. Em que pese a verdade de que a Alemanha tenha utilizado seu papel de potência imperialista dominante na União Europeia para transferir parte da crise a outros países, o certo é que a classe trabalhadora alemã se empobreceu crescentemente nos últimos anos e que o já baixo crescimento de 2012 caiu quase ã metade em 2013, de 0,7% a 0,4%. Parte importante dos habitantes de Berlim teve de mudar-se ã periferia ou a outras cidades devido aos aumentos nos aluguéis. A desigualdade social cresceu da mesma forma que a pobreza, que já abrange 15% da população. Os jovens têm em geral trabalhos precários e mal pagos, a partir das reformas antioperárias que havia empreendido desde 2003 o governo socialdemocrata de Schröeder, a “agenda 2010”, que levou a uma degradação nas condições de trabalho que se continuou com os governos da conservadora Merkel, hoje parte de uma “grande coalizão” com os socialdemocratas. Na França, o governo do “socialista” Hollande acaba de anunciar uma política claramente de direita em um discurso econômico que poderia ter sido pronunciado por qualquer governante conservador. Não casualmente, o presidente francês vinha de reunir-se em segredo com Peter Hartz, um ex-chefe de recursos humanos da Volkswagen que é considerado o arquiteto das reformas antioperárias alemãs. Na Grécia, a queda do nível de vida da população foi muito grande, da mesma forma que no Estado espanhol. Só no primeiro semestre de 2013, 35 mil famílias espanholas perderam suas casas por não poder afrontar o pagamento das hipotecas. Somam 400 mil desde o começo da crise. Ainda que o discurso predominante dos governos seja que o pior da crise já passou e o euro conseguiu sobreviver, o certo é que tudo está de alguma forma “preso por um fio”, e agora as anêmicas economias européias devem enfrentar um novo turno da crise com o freio das economias dos países que a imprensa denominava “emergentes”. A China em particular foi um destino central das exportações de maquinário alemãs e um freio no crescimento do país asiático impactaria diretamente no destino da primeira economia européia.

Chistian Castillo: À crise econômica se soma a existência de crises políticas abertas ou latentes em numerosos países, com uma perda crescente de prestígio das castas de políticos profissionais que governam a serviço dos banqueiros e monopólios. Isto levou por um lado ao crescimento de forças ultrareacionárias de direita em distintos países. Por exemplo, na França a última sondagem eleitoral dá o primeiro lugar ã Frente Nacional de Marine Le Pen, com uma intenção de voto de 23%, acima da direita tradicional da UMP e do governante Partido Socialista. E há setores que estão ainda ã sua direita que realizaram duas marchas, uma dentre 15 e 20 mil pessoas e outra de 80 mil, protagonizadas pelo mesmo setor que antes se opôs à lei do matrimônio igualitário, reacionários de toda coloração. Entre a classe operária e a juventude, por sua vez, aumentou a taxa de abstenção eleitoral, ante a visão de que não há grandes diferenças se ganham socialdemocratas ou conservadores. As forças que se agrupam no Partido da Esquerda no Parlamento Europeu, como Die Linke na Alemanha, Esquerda Unida no Estado Espanhol, o Front de Gauche na França ou o Syriza na Grécia, são organizações reformistas que não oferecem saída alguma, e em ocasiões compartilham com os socialdemocratas a aplicação dos planos de ajuste, como a Esquerda Unida no Estado espanhol aplicando junto ao PSOE os planos de cortes desde o governo da região de Andaluzia. Syriza, por sua parte, não fez mais que ir a um discurso cada vez mais moderado desde que conseguiu avançar eleitoralmente, captando parte dos arrivistas do PASOK, da socialdemocracia grega, que está em ruínas. A situação não pode entender-se sem o escandaloso colaboracionismo das burocracias sindicais na aplicação dos planos de ajuste, que levaram ã impotência as importantes lutas que se deram. Ninguém pode dizer, por exemplo, que na Grécia faltou vontade de luta quando aconteceram desde 2008 nada menos que 32 greves gerais e grandes ações da juventude combativa... Mas as direções políticas e sindicais das massas foram um verdadeiro desastre para enfrentar as conseqüências da crise, um pouco como nos aconteceu a nós nos anos ’90 e nos segue acontecendo atualmente, onde os burocratas olham para o outro lado em meio ao pacote de ajustes que estamos sofrendo na Argentina. O que acredito ser mais importante para levar em conta é que depois de mais de cinco anos de crise, independentemente das distintas conjunturas, seguem-se incubando contradições explosivas, que podem estourar ante qualquer fato menor. Poderíamos dizer que qualquer faísca pode incendiar o celeiro... Vimos um pouco disto na França, com os protestos na Bretanha e nos Estado Espanhol no Gamonal, em Burgos, onde uma rebelião popular freou uma negociata que estavam fazendo com uma “obra” entre o governante Partido Popular e um empresário da construção. Em Madri, ademais, freou-se o plano de privatização na saúde com uma luta importante, e nos arredores de Barcelona continua a grande greve de PANRICO, que já leva mais de cem dias com reivindicação de “0 demissões, 0 rebaixamento salarial”, e que é o conflito mais longo na Catalunha desde o fim do franquismo. Também foram importantes as marchas contra a lei do PP retrocedendo no direito ao aborto, que ocorreram não só no Estado Espanhol mas em vários países europeus, particularmente na França. Possivelmente estes fatos estejam mostrando uma tendência a “desalavancar-se” o movimento de massas no Estado Espanhol, questão que até o momento não havia ocorrido apesar de diversas iniciativas anteriores e da importância de processos como foi o 15M. Tive a sorte de compartilhar várias conversas com as operárias e operários de PANRICO, que tinham grande interesse pela experiência de ocupação de fábricas na Argentina, em particular a dos companheiros de Zanon. Em acordo com as posições internacionalistas que estão compreendidos no programa da FIT, fiz uma doação do que cobra um deputado para a “caixa de resistência” desta grande luta. Este giro é uma continuação da viagem realizada por Raúl Godoy no ano passado, que difundiu a experiência de Zanon sob controle operário e sua importância para a situação política européia seguida atentamente por setores da vanguarda trabalhadora.

Como viram a situação na Grécia?

Claudia Cinatti: Apesar de que não estivéssemos num momento de alta na luta de classes, a Grécia é sem dúvida um grande laboratório político e social, ademais de seus atrativos culturais, históricos e geográficos. Creio que há um processo de reflexão ou metabolização política de uma ampla vanguarda que está buscando uma saída depois do esgotamento de um método de ação que não permitiu derrotar os planos da troika e do governo. No movimento de massas um setor tem expectativas em que o pior já passou e que pode suceder a recuperação, essa é a base na qual se apóia o governo de Samaras. Outro setor tem expectativas em um governo do Syriza quando se convoquem as próximas eleições gerais. O Syriza não deixou de direitizar sua política, apesar de sua ala esquerda que abarca 30% da organização, que deixou de ser uma coalizão para converter-se num partido.

Christian Castillo: Na Grécia há uma militância de dezenas de milhares que se reivindica anticapitalista, ainda por fora de um Partido Comunista hoje atípico, que tem 10 mil militantes e peso nos setores tradicionais do movimento operário, e que combina políticas frentepopulistas com outras do tipo “terceiro período”, de sectarismo autoreferencial. Incluindo a ala esquerda do Syriza, há ao redor de 40 organizações que abarcam um amplo espectro da “esquerda radical”. Ao mesmo tempo que há algumas lutas operárias duras, é muito importante o desenvolvimento do movimento antifascista, que impôs o encarceramento de parte da direção do Aurora Dourada, depois do assassinato de um músico popular que provocou a mobilização de dezenas de milhares. Praticamente todas as semanas há ações antifascistas nos bairros de Atenas, com grande participação do movimento estudantil, em uma frente única com Antarsya, as organizações anarquistas e outros setores. Durante nossa estadia em Atenas, conversamos com os companheiros do OKDE – Spartakos, que organizaram nossa viagem e estão concentrados em Atenas, e do OKDE, que tem sua principal militância em Tessalônica, a segunda cidade do país. Os primeiros são parte da ala esquerda do Antarsya e tiveram conosco uma atitude de confraternização internacionalista muito inestimável. Também temos de mencionar que há setores na esquerda grega que apresentam como modelo a seguir a desvalorização argentina de 2002. Explicamos como esta variante foi um golpe contra o bolso da classe operária. Isto é relevante porque frente a política vacilante em relação ao Euro e a União Europeia do Syriza se opõe uma variante de “frente democrático”, de que há um primeiro momento de ruptura com o euro em que há que fazer acordo com todos os que se oponham a esta defesa e só depois colocaríamos uma saída operária e anticapitalista. Setores do Antarsya sustentam estas posições que acreditamos completamente equivocadas, e sobre esta base colocam um acordo para as eleições europeias com Alabanos, o ex-presidente do Syriza, que se opõe ã União Europeia desde uma posição “soberanista”. Os companheiros do OKDE – Spartakos também se opõem a esta política, sustentando que para os trabalhadores uma ruptura com a UE só pode ser progressiva em base a um programa transicional anticapitalista, que coloque a questão do poder operário.

Quem organizou as atividades políticas da viagem?

Claudia Cinatti: Em primeiro lugar os companheiros das organizações com as quais compartilhamos desde o PTS um marco comum na Fração Trotskista, os camaradas de Clase contra Clase no Estado Espanhol, de RIO (Organização Internacionalista Revolucionária) na Alemanha e nossos companheiros da FT que na França são parte junto a outros da Corrente Comunista Revolucionária (CCR) do Novo Partido Anticapitalista (NPA). Na Grã-Bretanha, as atividades foram organizadas por setores que militam na ala esquerda do Left Unity, como o Workers Power e o Anticapitalist Initiative. Em Berlim, junto aos companheiros de RIO, a convocatória foi feita pelo SAV (seção alemã do CWI) e pelo NAO (Nova Organização Anticapitalista). À Grécia nos convidaram os camaradas do OKDE – Spartakos a uma mesa que foi convocada pelo conjunto do Antarsya, com o impulso da ala esquerda desta coalizão. Tanto em Toulouse como em Paris, as mesas-debate foram convocadas pelo NPA de conjunto, a partir da iniciativa levada adiante pela CCR.

Christian Castillo: Mas não foram apenas as mesas, mas também nos entrevistamos com dirigentes e referentes da esquerda anticapitalista e da esquerda sindical e intelectual. Vimos companheiros com os quais temos aberto um diálogo político e vemos que hoje temos mais acordo, como os camaradas do OKDE – Spartakos (que rechaçaram majoritariamente votar pelo Syriza nas eleições de 2012, ao contrário do que fez a direção do SU), e da Corrente “Anticapitalismo e Revolução” do NPA (com quem nossos camaradas da Corrente Comunista Revolucionária vem dando batalhas em comum contra a orientação mais oportunista da direção do NPA), que são parte de uma oposição dentro do chamado “Secretariado Unificado da Quarta Internacional”. E também nos vimos para intercambiar posições com dirigentes com os quais temos importantes divergências políticas que são públicas, como Alan Krivine ou François Sabado, da corrente majoritária do NPA na França e do SU, companheiros da direção de Lutte Ouvrière ou com Peter Taafe, principal dirigente do Socialist Party e do CWI na Grã-Bretanha, ou Alex Callinicos, hoje o dirigente mais importante do SWP britânico, partido que hoje está atravessando uma crise muito importante. Também nos entrevistamos com a Fração da Lutte Ouvrière que milita no interior do NPA. Taafe em particular mostrou muito interesse pelos fenômenos que estavam ocorrendo na classe operária argentina e na política que vínhamos implementando desde o PTS para avançar em nossa influência entre os trabalhadores. O interesse pela Frente de Esquerda e dos Trabalhadores na Argentina era generalizado, dado que contrasta com o estancamento ou retrocesso das forças que se reivindicam da esquerda anticapitalista e socialista na Europa. Entre outros, nos encontramos também com Tarik Ali, hoje editor da New Left Review, e com Sebastián Budgen, do editorial board de Historical Materialism, além de Isabelle Garo, da edição impressa da revista Contretemps, com quem compartilhamos um panel na apresentação que fizemos em Paris da revista Ideas de Izquierda. A saída de nossa publicação foi muito bem recebida.

Por que a FIT e o PTS despertaram interesse na esquerda europeia?

Claudia Cinatti: Indubitavelmente, o avanço eleitoral da FIT e a conquista de postos parlamentares por parte da esquerda trotskista argentina atrai a atenção da esquerda mundial. Não podemos perder de vista que a América Latina é um laboratório de experiências políticas e da luta de classes. Na Europa, onde setores importantes das organizações da extrema esquerda vêm tendo uma orientação de adaptar-se a formações reformistas de esquerda, como o Front de Gauche na França ou o Syriza na Grécia, o exemplo da FIT como uma frente de independência de classe, com um programa claramente anticapitalista e que reconhece como seu objetivo o governo dos trabalhadores, é um grande exemplo para aqueles que resistem estas políticas oportunistas e lhes dá renovadas energias para dar esta luta política. Não obstante, não se trata só dos bons resultados eleitorais, que são produto de diversos fatores, mas da relação que isso tem, em particular no caso do PTS, com a intervenção na luta de classes e com um trabalho profundo, sistemático e paciente na classe operária, sobretudo levando em consideração que muitas correntes da esquerda europeia abandonaram a estratégia de construir partidos de trabalhadores revolucionários pela de “partidos amplos” sem delimitação estratégica clara. Neste sentido, percebemos um grande interesse em conhecer a estratégia do PTS no movimento operário, o desafio que temos de utilizar os postos parlamentares a serviço de desenvolver a mobilização extraparlamentar dos explorados, e em particular de transformar os avanços superestruturais em avanços concretos, por exemplo, na luta por ganhar ã burocracia a condução de determinados sindicatos.

Christian Castillo: Nos perguntaram não só como explicávamos o resultado da FIT mas também o que nos propunhamos como política para continuá-lo. Explicamos que o avanço da FIT se explica por uma combinação de fatores objetivos, como a tendência ã ruptura com o governo de camadas importantes da classe operária que se havia expresso na grande paralisação geral do 20N de 2012, com elementos subjetivos. Neste último entra a “virtú” política, parafraseando Maquiavel, que tivemos as forças da esquerda anticapitalista na Argentina. Em nosso caso, combinando uma dura luta de delimitação política com o kirchnerismo e a oposição patronal, com uma política de decidida implantação na classe operária e decidida intervenção em alguns dos principais fenômenos da luta de classes. São estas batalhas prévias, junto com uma campanha eleitoral com uma agitação de massas que permitiu um avanço na consciência política dos trabalhadores e da juventude, o que explica o bom resultado da FIT. Sobre o segundo aspecto, defendemos que desde o PTS havíamos feito a proposta a nossos sócios da FIT de abrir a discussão sobre a necessidade de construção de um grande partido revoluiconário da classe operária na Argentina, mas que até o momento não havíamos recebido uma resposta positiva a esta proposta: como assinala o dito popular, “para bailar um tango precisa-se de dois”... Obviamente uma frente eleitoral que defenda claramente a independência política dos trabalhadores contra as variantes políticas capitalistas é muito importante, mas é insuficiente para os desafios que temos adiante. Somos conscientes disto, e neste sentido vão as interpelações que fizemos ao PO e ã IS, sem ingenuidade, sabendo que temos diferenças políticas importantes, como se expressaram frente aos motins policiais, mas com a convicção que uma discussão sobre a estratégia e o programa de um partido para a revolução social em nosso país despertaria um grande entusiasmo na vanguarda operária e juvenil. Enquanto isso nosso partido está avançando em sua implantação entre os trabalhadores, em particular na classe operária industrial, e a juventude, como já o expressaram as convenções regionais e a convenção nacional que fizemos em dezembro.

Na viagem aproveitaram para difundir a luta pela absolvição dos petroleiros de Las Heras

Christian Castillo: Sim. Em seguida houve claras atitudes de solidariedade internacionalista. NO Estado Espanhol a CGT Catalunha, companheiros que militam na Izquierda Anticapitalista, os grevistas de PANRICO, os presos políticos do franquismo que impulsionam a querela na Argentina, todos eles tomaram a causa dos companheiros petroleiros. Na França, tanto o NPA como a Lutte Ouvrière e importantes dirigentes operários se converteram em impulsionadores da campanha. Na Grã-Bretanha, os companheiros do Socialist Party e do CWI conseguiram um importante número de assinaturas ao petitório. Também na Alemanha começou a campanha a tomar vôo. Em todos estes países houve importantes concentrações nas embaixadas ou consulados argentinos neste 5 de fevereiro, em consonância com a jornada de luta que fizemos em nosso país.

Como foi recebido o Manifesto que lançou a FT em sua última conferência e o chamado a impulsionar um Movimento por uma Internacional da Revolução Socialista – Quarta Internacional?

Claudia Cinatti: A iniciativa da última conferência da FT de lançar o Manifesto e um chamado a dar passos para colocar de pé um Movimento por uma Internacional da Revolução Socialista – Quarta Internacional, foi bem recebida pelas distintas correntes da esquerda com quem nos entrevistamos, o que não implica obviamente que já estejamos de acordo nos pontos programáticos nem em qual é a política para avançar no terreno do internacionalismo revolucionário. Mas está colocado sim abrir um debate entre as forças de esquerda que se consideram revolucionárias para estar ã altura do período de convulsões sociais e políticas que estamos vivendo. No marco de uma situação designada pela crise capitalista, que leva já vários anos e não tem saída ã vista, e pelo retorno ã cena da luta de classes, como vimos por exemplo nos processos da “Primavera Árabe”, a tarefa de avançar na construção de partidos proletários revolucionários tanto no terreno nacional como internacional, toma um caráter mais urgente. Acreditamos ademais que o método de fusão colocado no Manifesto, assim como nosso rechaço a qualquer política autoproclamatória, e nossa disposição de avançar tanto com grupos que provêm da tradição trotskista como com correntes operárias e juvenis que se orientem para a revolução, torna mais atrativa a proposta, sobretudo para organizações com as quais estamos coincidindo não só em pontos programáticos – que é uma condição indispensável – mas também em aspectos de nossa prática política

Que desafios se abrem para a FT na Europa?

Christian Castillo: Não coincidimos com as visões derrotistas do movimento operário europeu. Acreditamos, pelo contrário, que por uma combinação de fatores objetivos e subjetivos, muito provavelmente o velho continente será nos próximos anos um dos centros da luta de classes e dos fenômenos políticos mais avançados. Nesta situação, as principais correntes da extrema esquerda, como o NPA na França e o SWP na Grã-Bretanha, estão atravessando uma crise profunda, em grande medida devido ao fracasso de sua política de “partidos amplos” e de buscar atalhos diluindo as fronteiras entre reformistas e revolucionários. Esta crise não é nova, já a vimos por exemplo na catástrofe de Rifondazione Comunista na Itália, tomada como “modelo” de partido amplo, depois de sua colaboração com governos capitalistas de centroesquerda. A diferença importante é que no NPA há setores importantes, entre os quais estão nossos companheiros da CCR, que lutam por reorientar o partido a uma política baseada na luta de classes. Ainda que na França sua influência seja menor, na Europa há um peso importante da ideologia autonomista, que teve muito peso nos movimentos de “indignados”. São fortes no movimento estudantil alemão, no Estado Espanhol, em setores da vanguarda grega e também em setores da esquerda britânica, a partir de uma reação para o autonomismo provocada pela crise do SWP. Estas tendências autonomistas se viram alentadas pelas formas predominantes que tomaram os movimentos de resistência ã crise capitalista, da Praça Tahrir ao movimento dos indignados espanhóis. Mas o certo é que estes movimentos foram completamente impotentes. Sem centralidade operária e sem direção revolucionária, o descontentamento das massas é contido e bloqueado, como mostra o Egito. É hora de discutir profundamente as conclusões destas experiências. Por isso para nós a importância de colocar como centro a construção de partidos revolucionários e de uma internacional da revolução socialista, uma refundação da Quarta Internacional. Vimos um avanço importante de nossas organizações irmãs da FT no Estado Espanhol, na Alemanha e na França do CCR, no qual confluímos com companheiros que não militam na FT. Mas acreditamos que nossa corrente internacional, tanto na Europa como na América Latina, deve assumir o grande desafio de confluir com todos aqueles que vêem a necessidade de dar batalha para reverter este curso e colocar de pé uma alternativa verdadeiramente revolucionária.

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