FT-CI

Nem Dilma, nem Marina, nem Aécio

Nenhum voto nos candidatos dos patrões

30/09/2014

Nenhum voto nos candidatos dos patrões

As greves e manifestações apontam o caminho a seguir

“CONFIAR NA FORÇA DOS PRÓPRIOS TRABALHADORES E EM SUA INDEPENDÊNCIA DE CLASSE”

“Mudança”. É o bordão preferido dessas eleições. Aécio Neves fala de mudança. Marina Silva, ex-ministra do PT e amiga dos bancos, fala de mudança. Até José Serra, Kassab e Skaf falam de mudança. Que mudança é essa, onde nada muda? Onde os mesmos de sempre continuariam governando como sempre? Onde se guarda silêncio diante da morte de homossexuais e mulheres por abortos clandestinos? A mudança que milhões pediram em junho do ano passado é bem outra. Queremos educação, saúde e transporte de qualidade, acessível a todos. Queremos o fim dos privilégios da casta política que governa o país, por uma democracia em que o poder esteja de fato nas mãos dos trabalhadores e do povo pobre.

A campanha de Dilma se apoia no medo ao retrocesso, ã volta dos tempos do neoliberalismo do PSDB. Mas ela governa com aliados iguais ou piores que os de FHC. Sarney, Collor, Maluf, o PMDB, e tantos outros representantes da direita. A conciliação de interesses que o PT promove, trouxe pequenas melhoras nas condições de vida do povo durante o período de crescimento econômico. Mas o pouco que foi acumulado em anos pode se perder em meses, basta que a recessão atual se aprofunde.

Depois das eleições, vença quem vencer, a verdade é que haverá uma “união sagrada” de todos do “andar de cima” para descarregar a crise sobre as nossas costas.

A única via para uma luta efetiva em defesa dos atuais direitos e pela sua ampliação, é a que apontaram os garis do Rio de Janeiro e os trabalhadores da USP.

No estado de São Paulo, bastião do PSDB e da direita, quem realmente fez uma oposição consequente aos projetos de Alckmin foi a grande greve de 116 dias das universidades estaduais, USP, Unesp e Unicamp. O projeto de desvinculação dos Hospitais Universitários é um ataque ao sistema público de saúde e ao ensino e pesquisa da medicina. Não foi nenhum Padilha que impediu esse ataque contra o povo da zona oeste de São Paulo. Pelo contrário, Padilha é um dos promotores da política petista de desvinculação dos hospitais universitários federais. Foi a unidade e firmeza dos trabalhadores da USP, em primeiro lugar do próprio hospital, levantando uma demanda que é de todo o povo da região, que derrotou, ao menos por enquanto, mais esse ataque tucano.

A força que pode impedir os retrocessos e trazer soluções de fundo, radicais, para os grandes problemas do país não está no governo federal. Está na ampliação e generalização da luta e organização independente dos trabalhadores e do povo pobre, das mulheres, dos negros e da juventude. Essa é a única força que pode fazer com que os capitalistas paguem pela crise.

OS TRABALHADORES E O POVO POBRE NÃO TÊM VOZ NAS ELEIÇÕES Precisamos construir uma nova alternativa dos trabalhadores

A voz do povo foi bem clara nas grandes manifestações de junho, quando disse: “Não nos representam!”. Enquanto isso, as eleições agora correm como se nada tivesse acontecido, impondo ao povo que escolha entre as falsas opções de sempre. Só que as energias populares que se levantaram em junho não estão perdidas. Naquelas enormes manifestações, ficou provado o quanto o povo sabe que a vida no Brasil não é esse conto de fadas que apresentam agora no horário eleitoral. De lá pra cá, os setores mais explorados e mais conscientes da classe trabalhadora apareceram na cena para anunciar que nada será como antes.

Faz muita falta que essas lutas ganhem sua expressão política, e também eleitoral. A verdade é que as lideranças operárias e populares, que despontam nas greves, nas ocupações, nos pequenos e grandes combates do dia a dia, encontram uma verdadeira muralha jurídica e institucional, para poderem se colocar como representantes políticos do povo trabalhador. É um sistema feito para que só aqueles que agradam os “de cima” possam fazer política.

Os pequenos partidos de esquerda, como o PSOL e o PSTU (e também o PCO ou PCB), não se colocam de fato a serviço de dar voz aos trabalhadores. Nas eleições, não dão expressão politica ás lutas dos trabalhadores. E nas lutas, não colocam as demandas políticas de todo o povo. Uma separação que não ajuda nem de um lado e nem do outro, e precisa ser superada para que a classe trabalhadora possa mostrar toda a sua força.

No plano político, nenhuma das organizações que romperam pela esquerda com o PT foi capaz de se constituir como uma real alternativa. Não por excesso de radicalismo. Mas por falta de coerência. Chamamos a discutir a criação de uma nova organização partidária de trabalhadores revolucionários. Uma organização que leve as lições das lutas mais avançadas para todos os trabalhadores do país e que se constitua como alternativa para as centenas de milhar s de jovens e trabalhadores que depois das manifestações de junho e da onda de greves acham que é possível construir um outro futuro.

Claudionor Brandão:

“A nossa greve aqui na USP, na Unesp e na Unicamp, teve que resistir por mais de cem dias para chegar ã vitória. Tivemos que quebrar a intransigência dos reitores e do governador Geraldo Alckmin, enfrentando o corte dos salários, e até a repressão da PM. Derrotamos o 0% depois de cem dias, arrancando 5,2% ao final.

Mas o que mais nos enche de orgulho é que nessa greve os trabalhadores tomaram em suas mãos a defesa da Educação e da Saúde, a serviço do povo e não dos lucros dos grandes empresários. Fizemos de tudo para transformar a luta contra a desvinculação do H.U. em uma verdadeira causa popular, ao mesmo tempo em que defendemos um sistema único de saúde 100% estatal, sem a ingerência de empresas privadas, e controlado pelos profissionais da saúde em aliança com a população.

É isso que significa nossa bandeira de “Estatização sob controle operário”: não basta que os serviços sejam garantidos pelo Estado, são os trabalhadores e usuários, que conhecem no dia a dia as necessidades da população, e não têm interesse de lucro, que podem controlar e garantir uma boa qualidade nos serviços.

É preciso construir novas alternativas sindicais e políticas para os trabalhadores e a juventude. Os garis do RJ lançaram o grito “Não tem arrego!”. Passaram por cima do “sindicato” mafioso, ganharam o apoio do povo para a sua causa e mostraram que é possível vencer, em pleno carnaval carioca.

Na USP, contávamos com ferramentas de organização prévias. Com um sindicato democrático, que se apoia em assembleias e reuniões por setor. Construímos um Comando de Greve com representantes eleitos nos locais de trabalho, que junto com a diretoria eleita, foi uma direção democrática e poderosa para a greve. A partir desses exemplos chamamos a construção do movimento Nossa Classe para fortalecer a organização dos trabalhadores, pela retomada dos sindicatos e em defesa das demandas populares. Além da USP, estamos presentes em várias categorias, como metroviários, professores, operários da indústria, bancários e outras.”

Marcelo Pablito:

“Nessas eleições chamamos a não votar em nenhum dos três candidatos que vão continuar governando o país para os empresários ricos de sempre. Também rejeitamos qualquer ilusão no PSOL de Luciana Genro, que repete todos os erros do PT, ao conciliar com os patrões. Como forma de protesto contra o atual sistema político, pela necessidade de uma organização independente dos trabalhadores, chamamos a votar no Zé Maria do PSTU.

É um absurdo que toda a casta de políticos, juízes e outros funcionários de alto escalào ganhem salários de luxo, enquanto a maioria dos empregos criados nos últimos dez anos paga menos de dois salários-mínimos. Basta de privilégios: que todos os políticos ganhem o mesmo que um professor, e que seus cargos sejam revogáveis por quem os elegeu.”

Diana Assunção:

“As escolas públicas de todo o país sofrem sem investimentos. Os professores são mal pagos e não têm tempo nem estímulo para se aperfeiçoar. A educação superior é um grande balcão de negócios e as poucas universidades públicas são administradas por burocracias acadêmicas vinculadas a interesses privados. Defendemos mais verbas para toda a educação pública e nenhum dinheiro pros tubarões do ensino. Por uma educação pública em todos os níveis, com a estatização das universidades particulares, controlada pelos estudantes, professores e demais trabalhadores. Precisamos de um novo modelo de universidade, que coloque todo seu conhecimento a serviço das principais necessidades dos trabalhadores e do povo pobre, coisa que de nenhuma forma irá sair das mãos dos representantes da classe dominante.”

Marilia Rocha:

“Chamamos os trabalhadores dos transportes a seguir o exemplo da USP e assumirmos para nós a luta pela estatização dos transportes sob controle dos trabalhadores e usuários, que é a única forma de acabar com o sufoco que sofre a população.”

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