FT-CI

Polêmica

Duas caras do oportunismo na Venezuela

04/12/2007 LVO 262

Houve dois tipos de expressões na esquerda que atentaram contra uma posição operária independente no recente referendo da Venezuela.

A primeira foi, obviamente, a de quem se identifica com o projeto socialista, como é o caso do MST argentino de Vilma Ripoll. Esta auto-denominada “nova esquerda” que faz parte do Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV) liderado por Chávez e os “empresários socialistas”, agora, após a derrota, se preocupam por esclarecer que, na realidade, eles haviam chamado um “Sim crítico”. Um oportunismo em dose dupla.

De outro lado, também atentou contra uma posição de independência de classe o chamado de alguns setores da esquerda a votar pelo NÃO, confundindo suas bandeiras com a direita pró norte-americana. Tal é o caso da corrente liderada pelo PSTU do Brasil (e, a julgar por seu balanço após a vitória do NÃO, também pelo Partido Obrero da Argentina).

O PSTU critica a corrente irmã do PTS no Brasil: “a Liga Estratégia Revolucionária (LER), que defendeu o voto nulo. (...) Agora parece fazer o balanço do resultado do referendo, essa corrente tem um sério problema: Foi positivo ou negativo para o desenvolvimento da luta de classes a derrota de Chávez?” E fecham com duvidoso senso de humor: “Para ser coerentes teriam que decidir que não foi nem positivo nem negativo, ou abster-se desta discussão” [1].

Um sério problema tem o PSTU com a realidade. Em primeiro lugar porque - como qualquer analista mais ou menos coerente reconhece - a derrota da tentativa de Chaves de reforçar o bonapartismo e controle sobre as organizações de massa, se deve a que mais de 3 milhões de ex-votantes do oficialismo não o fizeram nem pelo Sim e nem pelo Não, mas que majoritariamente se abstiveram e uma minoria (cerca de 200 mil) anulou o voto mais ativamente. A direita pró-ianque - que a todo vapor comandou o NÃO - praticamente não cresceu no caudal eleitoral desde as últimas eleições presidenciais. Mas o erro é mais grave porque, com o triunfo do Não, está aberta a possibilidade de que - se os setores dos trabalhadores e do povo que começaram um ‘momento de ruptura’ com o nacionalismo burguês não consolidam uma posição independente de classe -, a situação termine em um giro ã direita (isto é: contra a luta de classes) pela via de pactos e acordos do chavismo com a reação pró-imperialistas que se uniram contra as lutas operárias. E esta posição independente dos trabalhadores (um movimento em direção a um partido próprio) não se pode conquistar senão as custa de se separar incisivamente tanto do chavismo com dos setores burgueses reacionários vestidos com roupagem democrática. O contrário ao que faz o PSTU do Brasil que, lamentavelmente, cometeu um erro colossal. Certamente, não é uma questão somente “tática”, mas a expressão tática de uma “estratégia” que tratam de chamar de “a revolução democrática”: um estranho tipo de revolução “anti-autoritária” que coloca como aliados setores burgueses abertamente direitistas e agentes do imperialismo com os quais foi, segundo o PSTU, “progressivo” coincidir contra o bonapartismo de Chávez. Chegaram a colocar no mesmo plano o movimento estudantil, impulsionado pela reação, com a luta dos trabalhadores da Sanitários Maracay; isto é igualando aqueles que marcham em defesa da propriedade privada com aqueles que querem aboli-la, como se fossem expressão de um mesmo “descontentamento social” [2].

Com esta mesma lógica anti-classista (de não separar inimigos e aliados em base a delimitações de classe), o PSTU aplaudiu a unificação da Alemanha sob direção imperialista (não uma unificação operária e socialista, como reivindicamos os trotskistas), colocando-se em uma frente democrática “contra a burocracia stalinista”.
Lamentavelmente, o Partido Obrero também - que igualmente ao PSTU se pronunciam pela independência do “nacionalismo burguês” - fez isso desde um ânulo democratizante. Em primeira instância o PO chamou, indistintamente, ao “Não ou Abstenção” (Altamira, em Prensa Obrera do dia 08/11); após o resultado do referendo colocam: “O povo da Venezuela votou, com o Não, contra uma tentativa de consolidar um regime de poder pessoal, o qual constitui uma ameaça para a liberdade de organização e a independência da classe operária e de suas organizações” (Altamira, comunicado do dia 03/12). É possível identificar a direita esquálida (gorila) com a independência operária?

A corrente irmã do PTS na Venezuela, a Juventud de Izquierda Revolucionária, junto a Orlando Chirino [3], dirigente da C-Cura, a tendência classista da União Nacional de Trabalhadores, e o Movimento pela Construção de um Partido de Trabalhadores, chamamos a votar nulo como uma posição elementar de independência de classe.
No início de 2007, as organizações que formamos a Fração Trotskista na Venezuela, Brasil, México, Chile, Argentina e Europa propusemos, tanto ao PSTU como ao PO, uma campanha internacional unitária pela completa nacionalização do petróleo na Venezuela sob administração operária e o chamado a constituir, com total independência de classe do PSUV, um partido operário independente baseado nas organizações sindicais que mantenham sua autonomia do Estado. Acreditamos que se a tívessemos concretozado, a esquerda classista e socialista estaria hoje em melhores condições para confrontar a atual situação.

Traduzido por: Clarissa Lemos

  • TAGS
  • NOTAS
    ADICIONALES
  • [1Por que Chávez foi derrotado (Comunicado PSTU, 4 de dezembro)

    [3Ainda que nas eleições presidenciais passadas, Orlando Chirino foi parte da campanha pelo “os 10 milhões de votos” para Chávez, desta vez se diferenciou com una postura independente.

Notas relacionadas

No hay comentarios a esta nota

Jornais

  • PTS (Argentina)

  • Actualidad Nacional

    MTS (México)

  • EDITORIAL

    LTS (Venezuela)

  • DOSSIER : Leur démocratie et la nôtre

    CCR NPA (Francia)

  • ContraCorriente Nro42 Suplemento Especial

    Clase contra Clase (Estado Español)

  • Movimento Operário

    MRT (Brasil)

  • LOR-CI (Bolivia) Bolivia Liga Obrera Revolucionaria - Cuarta Internacional Palabra Obrera Abril-Mayo Año 2014 

Ante la entrega de nuestros sindicatos al gobierno

1° de Mayo

Reagrupar y defender la independencia política de los trabajadores Abril-Mayo de 2014 Por derecha y por izquierda

La proimperialista Ley Minera del MAS en la picota

    LOR-CI (Bolivia)

  • PTR (Chile) chile Partido de Trabajadores Revolucionarios Clase contra Clase 

En las recientes elecciones presidenciales, Bachelet alcanzó el 47% de los votos, y Matthei el 25%: deberán pasar a segunda vuelta. La participación electoral fue de solo el 50%. La votación de Bachelet, representa apenas el 22% del total de votantes. 

¿Pero se podrá avanzar en las reformas (cosméticas) anunciadas en su programa? Y en caso de poder hacerlo, ¿serán tales como se esperan en “la calle”? Editorial El Gobierno, el Parlamento y la calle

    PTR (Chile)

  • RIO (Alemania) RIO (Alemania) Revolutionäre Internationalistische Organisation Klasse gegen Klasse 

Nieder mit der EU des Kapitals!

Die Europäische Union präsentiert sich als Vereinigung Europas. Doch diese imperialistische Allianz hilft dem deutschen Kapital, andere Teile Europas und der Welt zu unterwerfen. MarxistInnen kämpfen für die Vereinigten Sozialistischen Staaten von Europa! 

Widerstand im Spanischen Staat 

Am 15. Mai 2011 begannen Jugendliche im Spanischen Staat, öffentliche Plätze zu besetzen. Drei Jahre später, am 22. März 2014, demonstrierten Hunderttausende in Madrid. Was hat sich in diesen drei Jahren verändert? Editorial Nieder mit der EU des Kapitals!

    RIO (Alemania)

  • Liga de la Revolución Socialista (LRS - Costa Rica) Costa Rica LRS En Clave Revolucionaria Noviembre Año 2013 N° 25 

Los cuatro años de gobierno de Laura Chinchilla han estado marcados por la retórica “nacionalista” en relación a Nicaragua: en la primera parte de su mandato prácticamente todo su “plan de gobierno” se centró en la “defensa” de la llamada Isla Calero, para posteriormente, en la etapa final de su administración, centrar su discurso en la “defensa” del conjunto de la provincia de Guanacaste que reclama el gobierno de Daniel Ortega como propia. Solo los abundantes escándalos de corrupción, relacionados con la Autopista San José-Caldera, los casos de ministros que no pagaban impuestos, así como el robo a mansalva durante los trabajos de construcción de la Trocha Fronteriza 1856 le pusieron límite a la retórica del equipo de gobierno, que claramente apostó a rivalizar con el vecino país del norte para encubrir sus negocios al amparo del Estado. martes, 19 de noviembre de 2013 Chovinismo y militarismo en Costa Rica bajo el paraguas del conflicto fronterizo con Nicaragua

    Liga de la Revolución Socialista (LRS - Costa Rica)

  • Grupo de la FT-CI (Uruguay) Uruguay Grupo de la FT-CI Estrategia Revolucionaria 

El año que termina estuvo signado por la mayor conflictividad laboral en más de 15 años. Si bien finalmente la mayoría de los grupos en la negociación salarial parecen llegar a un acuerdo (aún falta cerrar metalúrgicos y otros menos importantes), los mismos son un buen final para el gobierno, ya que, gracias a sus maniobras (y las de la burocracia sindical) pudieron encausar la discusión dentro de los marcos del tope salarial estipulado por el Poder Ejecutivo, utilizando la movilización controlada en los marcos salariales como factor de presión ante las patronales más duras que pujaban por el “0%” de aumento. Entre la lucha de clases, la represión, y las discusiones de los de arriba Construyamos una alternativa revolucionaria para los trabajadores y la juventud

    Grupo de la FT-CI (Uruguay)