FT-CI

México

O movimento nas ruas e a luta contra Peña Nieto

22/11/2014

O movimento nas ruas e a luta contra Peña Nieto

O massacre e as desaparições dos 43 secundaristas de Iguala, Guerrero, tornaram clara a decomposição que corrói o estado mexicano, ao calor da dominação imperialista que se agravo nas últimas duas décadas.

A subordinação aos Estados Unidos, no calor do Tratado de Livre Comercio, ao mesmo tempo em que transformou a economia mexicana em uma plataforma de exportação de acordo com os interesses das transnacionais o que beneficiou a grande burguesia e setores da classe média, apontou o crescimento do negócio do narcotráfico, orientado fundamentalmente para o mercado de psicotrópicos ao norte da fronteira, e a crescente associação e confluência entre os carteis e os distintos níveis do poder político e as instituições do estado. Todo o reacionário do estado capitalista se concentra no acionar mancomunado das instituições estatais, os paramilitares e os narcotraficantes, que atuam como verdadeiras tropas de choque contra os ativistas sociais. Como já se viu com o para-militarismo crescente desde 1994, em 2011 com o assassinato de lutadores sociais e agora contra os secundaristas Ayotzinapa, com o pano de fundo dos femicídios, a trata e as fossas clandestinas. A podridão do capitalismo mexicano - acelerado pela colonização imperialista que suga a seiva da nação e ata com duplas cadeias de exploração e opressão a milhões e milhões de trabalhadores, camponeses e indígenas-, se expressa na barbárie que o movimento nas ruas confronta e denuncia dia a dia.

Um movimento em ascenso, uma profunda “transformação de ares”

Como tem colocado diversos analistas, aqui o movimento adquiriu uma dinâmica ascendente em seu caráter massivo e nacional, mas também em suas demandas e consígnas com o transcurso das semanas. No inicio, dizíamos que se inscrevia em uma tendência da luta de classes no México.

Este movimento catalisou uma profunda crise política que afeta ao projeto chave com que o imperialismo estadunidense e a classe dominante contiveram o descontentamento nos anos prévios: o “regime de Alternância” entre o Partido Revolucionário Institucional (PRI) e o Partido Ação Nacional (PAN), com o suporte pela centro-esquerda do Partido da Revolução Democrática (PRD).

A hegemonia dos partidos tradicionais sobre os oprimidos e explorados é posta em questão por setores da população; o repúdio generalizado expresso no “Fora Peña Nieto” e no “Foi o Estado”, sintetiza a ideia de que não foi um ator isolado, um alcaide ou governador, mas sim o estado de conjunto.

Nesse contexto, as mobilizações massivas se combinam com ações radicais desenvolvidas por setores da juventude e do magistério em distintos estados e cidades, como Guerrero, Oaxaca, Veracruz, Ciudad Juárez, entre outros.

O México já não será o mesmo, existe um antes e um depois do massacre e as desaparições de Iguala. Ante isto os empresários exigem do governo frear “os violentos”, motivo pelo qual Peña Nieto ao regressar da China exige “ordem” e “civilidade”, ameaçando- em meio a ações de provocação-com lançar a repressão sobre setores em luta. Frente a isso se requer uma perspectiva política a altura do inimigo para vencer.

Uma Greve Geral Política para derrubar Peña Nieto

O movimento atual, para fazer real a demanda de Fora Peña Nieto e os partidos desta democracia assassina, deve conseguir a maior massividade e extensão nacional. É necessário aprofundar a mobilização nas ruas e que a mesma assuma a perspectiva de lutar até o fim para deitar abaixo suas instituições. Nesse sentido, a postura de López Obrador e outros intelectuais próximos ao Movimento Regeneração Nacionais (Morena), que pedem a renúncia de Peña Nieto e a convocação de eleições antecipadas deixam a sorte do movimento nas mãos das mesmas instituições responsáveis pela desaparição e o massacre dos secundaristas. Por outro lado, supõe que as mesmas podem reformar-se, democratizar-se e convocar eleições limpas... fazendo tábula rasa da derrota dos movimentos contra a fraude nas últimas duas questionadíssimas eleições presidenciais. É -como colocamos previamente- uma enganação que será utilizada pela classe dominante para conter o movimento, limitando-o a uma troca do pessoal político no estado: mudar algo para que nada mude.

Frente a isso, é necessário preparar o caminho para uma grande Greve Geral Política que ponha contra as cordas o governo de Peña Nieto e o derrote nas ruas. Para tirar a EPN e os partidos do congresso, é fundamental que os trabalhadores e suas organizações entrem cena, a frente de uma grande aliança operária, camponesa e popular, retomando a agenda posta em jogo pela mobilização de centenas de milhares no último mês e meio.

A classe operária mexicana sofreu importantes golpes - como a liquidação de Luz e Força do Centro no ano de 2009–, com direções traidoras e entreguistas como o peleguismo oficialista da Confederação dos Trabalhadores do México (CTM) que deixaram passar os planos escravizadores de precarização laboral. Mas também vem de dar duras batalhas, como mostrou o magistério em 2013. Hoje setores deste mesmo magistério se mobilização e radicalização. A crise atual pode ser a fissura por onde emerjam novos setores de trabalhadores, contagiados pelo papel da juventude nas mobilizações atuais. Para isso é necessário unificar o descontentamento contra o governo e os partidos do congresso.

Ações como a paralisação de 20/11, convocada também pelo Sindicato dos Telefonistas, pode ser um passo adiante, com a condição de que a participação das organizações operárias não seja testemunhal – como as nada efetivas “paralisações cívicas” com as quais se acostumaram as direções sindicais opositoras durante os anos prévios–. A participação destacada dos trabalhadores daria ã mobilização a força que requer, e abriria as portas para um verdadeiro processo revolucionário onde a Greve Geral Política seria o golpe decisivo para a caída do governo de Peña Nieto.

Governo provisório e Assembleia Constituinte

Essa é a via para resolver as demandas e reivindicações atuais: uma Greve Geral que imponha um governo provisório das organizações operárias, camponesas, populares em luta. Recentemente, Guillermo Almeyra criticou a perspectiva de quem sustenta uma saída de “eleições antecipadas”, como o “Morena” e López Obrador, colocando corretamente “organizadas pelos agentes da chamada Justiça Eleitoral, que deu o triunfo ao fraudulento Calderón e ao fraudulento Peña Nieto? ou pelo Congresso PRI-PAN-PRD e consortes, que deve ser varrido?”. Almeyra coloca que a mobilização “poderia impor, como na Bolívia, a expulsão do presidente assassino e um governo provisório que organize eleições gerais limpas para uma Assembleia Constituinte com os meios de comunicação sobre controle popular e distribuição justa dos espaços e tempos.”

Ainda que concordemos com Almeyra em sua crítica a AMLO e a proposta de lutar por uma Assembleia Constituinte, a menção ao exemplo da Bolívia ensina que pensamos em chaves distintas. Isso se dá porque na Bolívia, o processo da luta de classes - que conduziu a renúncia de Sánchez de Losada primeiro e de Carlos Mesa depois-, foi desviado para o processo eleitoral que levou Evo Morales a presidência. O resultado: não se quebrou a institucionalidade burguesa e não se realizaram as tarefas estruturais profundas que motorizaram a irrupção das massas operárias, camponesas e indígenas desde inícios dos anos 2000.

Por isso, uma greve geral política que derrube o governo de Peña Nieto, para não dilapidar a energia social posta em movimento, deve impor um governo das organizações em luta, encabeçado pela classe operária que confronte radicalmente o velho regime e o estado capitalista.

Sua primeira medida, nesse sentido, deveria ser convocar uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que discuta e resolva – sem ingerência dos que afundaram o país - as demandas e as reivindicações das grandes maiorias: como o fim da repressão e a militarização, o fim do tráfico e dos femicídios, a legalização das drogas para atacar o negócio do narcotráfico, a expropriação dos grandes chefes das drogas e da lavagem de dinheiro e o conjunto das medidas necessárias para acabar com o flagelo reacionário dos cartéis que atuam em conluio com as forças repressivas e os políticos do regime, o que inclui impulsionar a autodefesa, organizada pela organizações operárias e populares contra os responsáveis por mais de 200,000 mortos e dezenas de milhares de desaparecidos.

E, junto a isso, uma Assembleia Constituinte deveria discutir e resolver sobre a demanda de terra para os camponeses e a autodeterminação para os povos indígenas, as demandas da juventude estudantil e da mulher trabalhadora. Assim como enfrentar o saque e a entrega ao imperialismo que converteram o México em uma estrela a mais da bandeira norte-americana, o que passa em primeiro lugar pela ruptura dos pactos que nos atam ao imperialismo norte-americano (como o TLC, e outros tratados), assim como levar adiante um programa operário de emergência ante a vassalagem dos capitalistas. Para discutir livremente, esta Assembleia requer estar baseada no colocar abaixo as instituições da alternância, e ser independente dos partidos desta democracia assassina.

Para isso, será necessária a mobilização revolucionária dos trabalhadores e do povo e o desenvolvimento de seus organismos de democracia direta, que não só deverão enfrentar a resistência das forças do estado capitalista, mas também dos que atuam na verdade como suas tropas de choque: os sicários do narcotráfico.

Uma Assembleia Constituinte sem nenhuma restrição e com aceso igualitário aos meios de comunicação para as organizações operárias, camponesas, populares e de esquerda, com representantes eleitos por sufrágio universal a cada 50,000 habitantes, que sejam revogáveis e que recebam o mesmo que um professor, onde votem todos os maiores de 16 anos, na qual a agenda de discussão não seja os interesses da classe dominante e seus partidos, mas sim as demandas das grandes maiorias e de suas organizações.

Nessa Assembleia, os socialistas do MTS colocaríamos que a única forma de dar uma saída íntegra e efetiva para o conjunto das reivindicações dos explorados e oprimidos é expropriar os capitalistas, os latifundiários e as transnacionais imperialistas e acabar com as bases deste sistema de exploração, opressão e barbárie.

Notas relacionadas

No hay comentarios a esta nota

Periodicos

  • PTS (Argentina)

  • Actualidad Nacional

    MTS (México)

  • EDITORIAL

    LTS (Venezuela)

  • DOSSIER : Leur démocratie et la nôtre

    CCR NPA (Francia)

  • ContraCorriente Nro42 Suplemento Especial

    Clase contra Clase (Estado Español)

  • Movimento Operário

    MRT (Brasil)

  • LOR-CI (Bolivia) Bolivia Liga Obrera Revolucionaria - Cuarta Internacional Palabra Obrera Abril-Mayo Año 2014 

Ante la entrega de nuestros sindicatos al gobierno

1° de Mayo

Reagrupar y defender la independencia política de los trabajadores Abril-Mayo de 2014 Por derecha y por izquierda

La proimperialista Ley Minera del MAS en la picota

    LOR-CI (Bolivia)

  • PTR (Chile) chile Partido de Trabajadores Revolucionarios Clase contra Clase 

En las recientes elecciones presidenciales, Bachelet alcanzó el 47% de los votos, y Matthei el 25%: deberán pasar a segunda vuelta. La participación electoral fue de solo el 50%. La votación de Bachelet, representa apenas el 22% del total de votantes. 

¿Pero se podrá avanzar en las reformas (cosméticas) anunciadas en su programa? Y en caso de poder hacerlo, ¿serán tales como se esperan en “la calle”? Editorial El Gobierno, el Parlamento y la calle

    PTR (Chile)

  • RIO (Alemania) RIO (Alemania) Revolutionäre Internationalistische Organisation Klasse gegen Klasse 

Nieder mit der EU des Kapitals!

Die Europäische Union präsentiert sich als Vereinigung Europas. Doch diese imperialistische Allianz hilft dem deutschen Kapital, andere Teile Europas und der Welt zu unterwerfen. MarxistInnen kämpfen für die Vereinigten Sozialistischen Staaten von Europa! 

Widerstand im Spanischen Staat 

Am 15. Mai 2011 begannen Jugendliche im Spanischen Staat, öffentliche Plätze zu besetzen. Drei Jahre später, am 22. März 2014, demonstrierten Hunderttausende in Madrid. Was hat sich in diesen drei Jahren verändert? Editorial Nieder mit der EU des Kapitals!

    RIO (Alemania)

  • Liga de la Revolución Socialista (LRS - Costa Rica) Costa Rica LRS En Clave Revolucionaria Noviembre Año 2013 N° 25 

Los cuatro años de gobierno de Laura Chinchilla han estado marcados por la retórica “nacionalista” en relación a Nicaragua: en la primera parte de su mandato prácticamente todo su “plan de gobierno” se centró en la “defensa” de la llamada Isla Calero, para posteriormente, en la etapa final de su administración, centrar su discurso en la “defensa” del conjunto de la provincia de Guanacaste que reclama el gobierno de Daniel Ortega como propia. Solo los abundantes escándalos de corrupción, relacionados con la Autopista San José-Caldera, los casos de ministros que no pagaban impuestos, así como el robo a mansalva durante los trabajos de construcción de la Trocha Fronteriza 1856 le pusieron límite a la retórica del equipo de gobierno, que claramente apostó a rivalizar con el vecino país del norte para encubrir sus negocios al amparo del Estado. martes, 19 de noviembre de 2013 Chovinismo y militarismo en Costa Rica bajo el paraguas del conflicto fronterizo con Nicaragua

    Liga de la Revolución Socialista (LRS - Costa Rica)

  • Grupo de la FT-CI (Uruguay) Uruguay Grupo de la FT-CI Estrategia Revolucionaria 

El año que termina estuvo signado por la mayor conflictividad laboral en más de 15 años. Si bien finalmente la mayoría de los grupos en la negociación salarial parecen llegar a un acuerdo (aún falta cerrar metalúrgicos y otros menos importantes), los mismos son un buen final para el gobierno, ya que, gracias a sus maniobras (y las de la burocracia sindical) pudieron encausar la discusión dentro de los marcos del tope salarial estipulado por el Poder Ejecutivo, utilizando la movilización controlada en los marcos salariales como factor de presión ante las patronales más duras que pujaban por el “0%” de aumento. Entre la lucha de clases, la represión, y las discusiones de los de arriba Construyamos una alternativa revolucionaria para los trabajadores y la juventud

    Grupo de la FT-CI (Uruguay)