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Argentina | 1° DE MAIO NA PLAZA DE MAYO

“A seiva vital para conquistar a fusão do movimento operário com a esquerda classista são os milhares e milhares de trabalhadores e jovens ativistas...”

08/05/2014

“A seiva vital para conquistar a fusão do movimento operário com a esquerda classista são os milhares e milhares de trabalhadores e jovens ativistas...”

DISCURSO DE NICOlà S DEL CAÑO NO 1° DE MAIO NA PLAZA DE MAYO

Nicolás del Caño - Deputado Nacional PTS Frente de Esquerda

Vídeo no Youtube

Companheiras e companheiros:

Trago a saudação a este ato, em nome da direção nacional do PTS e de toas as organizações da corrente internacional que integramos em mais de 10 países na América Latina e Europa, a todas as organizações aqui presentes.

Este Dia Internacional dos Trabalhadores nasceu como uma jornada de luta pelas 8 horas, tornando realidade essa consigna que diz: a classe operária é uma e sem fronteiras!

Os mártires de Chicago foram condenados em um julgamento armado onde os acusaram, entre outras coisas, da morte de um policial. Como disse Osvaldo Bayer, com os petroleiros de Las Heras querem fazer o mesmo. Não vamos permitir!

Por isso organizamos uma campanha internacional pela absolvição para os petroleiros de Las Heras. E com a mesma força vamos defender a todos os trabalhadores e povos do mundo que lutam, como as dezenas de milhares de operários chineses em greve e os que são brutalmente reprimidos hoje, como no Egito.

Em todos os países, os capitalistas aproveitam a crise para baixar os salários, aumentar o desemprego e a precarização. Enquanto os monopólios planificam onde nos golpeiam, as burocracias sindicais nos entregam em cada país. Que fortes seríamos se nos organizássemos além das fronteiras, com os trabalhadores e a juventude do Brasil, para começar.

Por isso a luta para recuperar os sindicatos na Argentina é inseparável do internacionalismo da classe operária. Desde o PTS realizamos um chamado para construir um movimento por uma internacional da revolução socialista, a Quarta Internacional, e promovemos algo mais básico, mas indispensável, que também queremos propor ás organizações aqui presentes: criar uma rede de solidariedade operária internacional para fortalecer todas as lutas.

Viva a unidade dos explorados de todo o mundo!

Em nosso país, companheiros, fica claro que este governo progressista também é parte dos que querem que a crise seja paga pelos trabalhadores. O kirchnerismo está mostrando que seu destino histórico foi manter a dominação das grandes multinacionais, continuar a entrega dos recursos naturais, voltar a endividar-nos com o sistema financeiro internacional. E agora querem que suas amigas patronais, como Volkswagen, comecem as demissões e suspensões. Já ninguém acredita em suas historinhas progressistas. Assim terminam seu ciclo os chamados nacionais e populares.

Companheiros, Cristina já quase não tem diferenças com Scioli, porque todos são da “Frente para a Vitória”... a vitória DO AJUSTE É O QUE QUEREM!

A eles responderam milhões de trabalhadores que tomaram em suas mãos a paralisação convocada por Moyano e outros setores da burocracia sindical, para dizer NÃO PASSARÃO!

Esse foi o grito do 10 de abril, o mesmo que escutamos na enorme greve docente da província de Buenos Aires e que segue ressoando na heróica greve dos professores de Salta.

VIVA A GREVE DOS PROFESSORES DE SALTA, COMPANHEIROS!

Porque o movimento dos trabalhadores é poderoso, o governo quer legalizar a repressão não somente aos piquetes, mas também ás ocupações ou qualquer manifestação, como dissemos ontem no Congresso aos deputados Kirchneristas.

E como disse o companheiro Altamira, que o peronismo esteja discutindo se um piquete é ou não legítimo, é uma mostra de sua degradação completa.

No Congresso Nacional, conseguimos reunir um amplo arco de forças políticas para conquistar a anulação de todas os processos aos lutadores. E ontem meu companheiro, o deputado Christian Castillo, fez o mesmo na Legislatura Bonaerense.

Temos que nos mobilizar aos milhares quando se discutam no congresso estes projetos para exigir que se aprove nossa Lei contra a criminalização dos protestos.

Não vamos aceitar que nos reprimam nem que nos processem por lutar!

Os Massa, os Macri e o novo projeto de Frente Ampla/UNEM, discutem a insegurança e a corrupção, porque no terreno do ajuste, da superexploração dos trabalhadores, dos direitos das mulheres, da defesa da saúde e a educação públicas, não têm diferenças. Todos se propõem governar para os mesmos interesses.

Podemos vê-lo, por exemplo, na atuação da Frente Ampla/UNEM na UBA, comandados pelos bate-paus da Franja Morada, armando um bloco com o peronismo, o PRO, e o MNR de Binner e Livres do Sul, para boicotar ã FUBA e devender como vice-reitor a Richarte, um ex chefe da SIDE (serviço de inteligência do Estado) e atual advogado defensor de Boudou (vice-presidente de CFK). Querem uma universidade a serviço das grandes empresas, porque esses são os interesses que defendem quando governam.

O novo, companheiros, não é que a grande burguesia argentina prepare suas alternativas de substituição ao decadente kirchnerismo. O novo é que há milhões de trabalhadores que pararam, muitos contra seus próprios dirigentes sindicais oficialistas, e há milhares e milhares que vão além e fazem piquetes como o da Panamericana, da Ponte Pueyrredón, ou os docentes que organizaram suas próprias ações durante suas greves.

Trabalhadores que recuperam seus sindicatos, como os SUTEBAS opositores, a União Ferroviária de Haedo, ou funcionários municipais de Jujuy, que com Perro Santillán ã cabeça, resistem aos ataques e perseguições do governo.

E o novo também, é que se fortalece na cena política nacional uma coalizão da esquerda operária e socialista, a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, que recebemos o apoio de um milhão e trezentos mil trabalhadores e jovens que nos deram seu voto. Aqui está presente a Frente de Esquerda, impulsionando este ato e vamos defendê-lo!

Para estar ã altura do ajuste que estão aplicando, a classe trabalhadora necessita superar a experiência histórica do peronismo. E isto será conseguido com grandes ações histórica independentes. A isto apontam, a greve geral de junho de 75 contra o “rodrigaço”, e as coordenadoras inter-fabris. Mas faltou uma ferramenta central para o triunfo dos trabalhadores e evitar o golpe genocida: um partido que conquiste dezenas de milhares de militantes nas fábricas e empresas, universidades e bairros com um programa e uma estratégia de luta para terminar com essa sociedade de exploração e opressão. É a tarefa histórica que temos adiante.

Como disseram já os companheiros, os que estamos nesta Praça exigimos uma paralisação nacional ativa de 36 horas e um plano de luta. O exigimos ás centrais operárias que convocaram ao 10A e os denunciamos quando nos querem levar a uma marcha com as bandeiras da direita como a do 14 de maio. Porque Moyano e Barrionuevo trabalham para Scioli, Massa ou algum candidato peronista que lhes garanta seus privilégios. Nós nos dirigimos ás centenas de milhares de trabalhadores que nos estão escutando com mais atenção e não só aos que nos votaram, No 10 A paramos juntos, mas fizemos nossos piquetes, vencemos a tentativa de repressão da Gendarmería (espécie de tropa de choque) e mostramos uma alternativa independente e de luta.

A seiva vital para conquistar a fusão do movimento operário com a esquerda classista são os milhares e milhares de trabalhadores e jovens ativistas que vão se convertendo em militantes operários ou estudantis. São os milhares e milhares que superam de longe os que estamos hoje nesta praça, que somos o setor mais consciente. Pra eles, desde o PTS, promovemos encontros dos setores combativos e anti-burocráticos, como o que fizemos em março em Atlanta, onde os que somos classistas e reivindicamos a luta por um governo dos trabalhadores façamos uma experiência comum e possamos começar a mobilizar milhares de trabalhadores nas ruas, muitos mais do que os que fizemos os piquetes do 10A. Encontros como o de Atlanta e o que se realizará na zona norte da Grande Buenos Aires são o caminho para impor um congresso de delegados de base de todo o movimento operário.

Se crescermos em votos mas não conquistarmos isto, seremos impotentes para enfrentar ás patronais, a burocracia e o Estado.

Mostramos assim, em cada luta e em cada organização, que nos propomos levar ã ação o programa político que levantamos nas eleições. Neste sentido me enche de orgulho poder contar-lhes a boa recepção que tivemos na assembléia dos docentes de Salta, quando viajei na semana passada para apoiar sua luta e aportar 5 mil pesos a seu fundo de greve, quando lhes colocamos aos trabalhadores que nós fazíamos realidade com nosso próprio mandato a demanda que levantamos desde a campanha eleitoral: que os legisladores e funcionários políticos ganhem o salário de um trabalhador, de uma professora.

Nosso programa ataca a entrega ás grandes multinacionais e os lucros fabulosos dos capitalistas, para responder aos problemas elementares como a habitação, a saúde e a educação, deixando de pagar a dívida externa e com impostos progressivos ás grandes fortunas.

O conjunto do programa da FIT aponta a terminar com este regime político ao serviço dos capitalistas, e ã necessidade de um governo dos trabalhadores.

Viva o 1o de maio!

Viva a luta da classe operária contra a exploração e a opressão!

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