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França: mais de um milhão de trabalhadores se mobilizam
14 Oct 2005 |

França: mais de um mihão de trabalhadores se mobilizam

Grande Jornada de Luta

Por: Lucas Pizzutti

Fonte: La Verdad Obrera n° 173

A terceira mobilização operária neste ano é feita a somente 4 meses da mudança de Primeiro Ministro. Dominique de Villepin havia assumido como defensor do "modelo social" após o triunfo do NÃO ã Constituição Européia.

No dia 04 de outubro mais de um milhão de trabalhadores se mobilizaram em toda França, manifestando-se pelo "emprego e salário", e mais em geral, contra a política econômica do governo da direita. Levando em consideração que o primeiro ministro Dominique de Villepin se vangloria de defender um "modelo social francês", os trabalhadores parecem não pensar que isto signifique que ele lhes defende.

Enquanto as manifestações transbordavam em toda França, o presidente Chirac acusou a Comissão da União Européia de "não defender os interesses dos que têm problemas sociais". Os operários e empregados nas ruas faziam ouvir com canções e cartazes que Chirac também não os defende, mas que aplica planos de precarização das condições do trabalho e ajuda os patrões a despedir mais facilmente. A maior manifestação foi a parisiense, da qual participaram cerca de 100.000 trabalhadores, e ocorreram destacadas mobilizações como a de Marselha, que teve várias dezenas de milhares de manifestantes.

Mesmo que a maior parte dos manifestantes provenha do setor público (ao qual também pertencem os ferroviários, motoristas de ônibus, trabalhadores portuários e marinheiros, entre outros) havia grandes delegações do setor privado, particularmente os setores que estão em luta como Hewlett Packard, British Airways, Peugeot-Citroen, etc.

A "jornada de luta" não foi uma convocatória a uma paralisação geral (as centrais sindicais negaram-se a convocá-la), mas mesmo assim um alto número de trabalhadores parou suas atividades. As centrais dos trabalhadores do Estado, que de fato haviam convocado a greves, tiveram alta adesão, particularmente no setor de transporte, onde aproximadamente 50% dos trabalhadores pararam, como na cidade de Lyon, onde não houve transporte.

A principal luta que vem se desenvolvendo neste momento é a luta contra a privatização da empresa SNCM, de transporte marítimo entre Córsega e Marselha. A privatização não só implicaria no desligamento de centenas de trabalhadores, como além disto é escandalosa em termos econômicos: vende-se a empresa por menos do que vale um só dos barcos. Tudo isto se realizava ante o silêncio cúmplice dos sindicatos (a CGT tem grande influência nos portos), mas as assembléias fizeram estourar o conflito.

Os trabalhadores franceses deram a enésima mostra de que há uma saturação generalizada com a política econômica de Chirac e de Villepin. Esta foi a terceira manifestação operária em nível nacional no ano, e a maior delas. Tanto o governo como a "oposição" socialista se viram desautorizados no dia 29 de maio com o voto NÃO ao Tratado Constitucional Europeu (a qual eles haviam apoiado e promovido), com isto não há hoje uma "oposição" legitimada que possa canalizar este importante movimento de luta.

Também seria contraproducente uma união dos trabalhadores com burgueses oportunistas, como o "socialista" Fabius, ou com os ex-ministros do PCF, como M G Buffet, que demonstraram amplamente durante do governo do "socialista" Jospin, que seus interesses são antagônicos aos da classe trabalhadora. Os trabalhadores demonstraram nas ruas que podem ter um papel independente e decisivo na cena política francesa: é hora de iniciar a luta por um grande partido revolucionário, trotskista, independente da burocracia sindical e dos funcionários "socialistas" e "comunistas".

Importante conflito dos trabalhadores portuários

Os barcos da Société Nationale Corse-Méditerranée (SNCM) se encontram paralisados há mais de uma semana. O ponto mais avançado desta luta foi quando na quarta-feira passada os trabalhadores da SNCM pertencentes ao Sindicato de Trabalhadores Corsos (STC), seqüestraram o barco de passageiros Pascal Paoli e quiseram levá-lo de Marselha a Córsega. Só a intervenção do GIGN, um grupo de comandos do exército, pode detê-los com uma ação espetacular com helicópteros em alto mar, mostrando os músculos repressivos do Estado frente a ação decidida dos trabalhadores.

Estas ações geraram paralisações de solidariedade nos portos de Marselha e Bastia (Córsega), com fortes enfrentamentos com a polícia. O dirigente da CGT Portuários (Israle) falava aos meios de comunicação comunicando as "decisões da assembléia", para não falar em nome de sua organização sindical nacional, que não apoiava as ações radicalizadas dos trabalhadores. Os burocratas do STC, além da ação espetacular do Pascal Paoli, também são inimigos da organização dos trabalhadores desde a base.

Eles distorcem o problema nacional de Córsega, promovendo a divisão entre trabalhadores corsos e franceses, e incitando o racismo aos imigrantes árabes na ilha. Até o dia de hoje seguem em greve os portos de Marselha e Córsega (com um enorme apoio popular), com isto a ilha estaria chegando ao desabastecimento. Levando em consideração as direções sindicais reacionárias, os portuários do Mediterrâneo francês estão dando um grande exemplo de combatividade.

 

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