A “Troika” (a União Europeia, o FMI e o Banco Central Europeu) sob a direção do governo alemão e dos grandes bancos imperialistas colocou a Grécia contra a parede. Apesar das concessões que o governo do Syriza vem fazendo, tendo apresentado um plano de ajustes que contempla cerca de 90% das exigências dos credores, a Europa do capital e o FMI não se deram por satisfeitos e querem mais. Exigem uma rendição total do povo grego. Não ã chantagem imperialista contra o povo grego. Não ao pagamento dívida e ao plano de austeridade. Reproduzimos abaixo a declaração da Fração Trotskista – Quarta Internacional (FT-QI). Declaração da Fração Trotskista - Quarta Internacional (FT-QI)
NÃO ã chantagem imperialista contra o povo grego
NÃO ao pagamento da dívida e aos planos de austeridade
A “Troika” (a União Europeia, o FMI e o Banco Central Europeu) sob a direção do governo alemão e dos grandes bancos imperialistas colocou a Grécia contra a parede. Apesar das concessões que o governo do Syriza vem fazendo, tendo apresentado um plano de ajustes que contempla cerca de 90% das exigências dos credores, a Europa do capital e o FMI não se deram por satisfeitos e querem mais. Exigem uma rendição total do povo grego e que este aceite se submeter ao pagamento da dívida e a seus programas de austeridade que afundou o país numa miséria sem precedentes, com a cumplicidade dos capitalistas gregos e seus partidos.
Desde as eleições de 25 de janeiro de 2015 que deram o triunfo ao Syriza, a “Troika” desferiu uma artilharia de ameaças e chantagens para impor novas medidas de ajustes e cortes sobre os trabalhadores e o povo da Grécia.
Enquanto a Troika pressionava na mesa de negociação, o BCE ameaçava cortar o financiamento e os “mercados” impulsionavam a fuga de capitais, aumentando o risco de uma bancarrota do sistema bancário.
O governo do Syriza buscou uma negociação impossível com seus credores imperialistas que lhe permitisse suavizar os planos de austeridade, e por sua vez manter a Grécia dentro da União Europeia e da eurozona.
Mas essa ilusão vendida pelo primeiro-ministro de que se podia conseguir um “ajuste negociado” para que a economia grega recupere algo de dinamismo e assim tenha capacidade de pagar as dívidas, se desvaneceu como uma bolha de sabão.
Nestes 5 meses, a política de concessões de Alexis Tsipras e seu governo o levou a abandonar quase todo seu limitado programa eleitoral, cruzando cada uma de suas “linhas vermelhas” e cedendo a cada uma das exigências da Troika. Na segunda-feira, dia 22 de junho, o governo grego fez uma proposta na qual capitulava ã maior pate das exigências dos credores, aceitando recortes nas aposentadorias, aumentos de IVA, alcançar os objetivos de excedente de superávit primário e continuar o programa de privatizações.
O plano de segunda abriu uma importante crise interna no Syriza com seus sócios nacionalistas de direita. Dirigentes da Plataforma de Esquerda do Syriza qualificaram a proposta como um “acordo inaceitável”, um “plano pior que o primeiro resgate” e anunciaram sua decisão de não aprová-lo no parlamento. Tsipras se encontraba na difícil situação de buscar o apoio de deputados do To Potami ou outros partidos da oposição de direita.
Mas a pesar de todas as concessões de Tsipras, a Troika exigiu mais ajustes. Rechaçou a proposta do governo grego e reivindicou cortar ainda mais as pensões, ao mesmo tempo exigia a anulação dos impostos ás sociedades e produtos de luxo. Isto é, descarregar mais a crise sobre o povo trabalhador. Sua intenção é por de joelhos o povo grego, e conseguir uma capitulação completa do Syriza, deixando claro que não está disposta a negociar nada, inclusive com um governo que como o do Tsipras punha em discussão aspectos da política de ajuste.
Ante esse cenário de total prepotência imperialista, Tsipras chamou um referendo chamando o povo grego a aceitar ou rechaçar o ultimato da Troika, enquanto continua defendendo a última proposta grega aos credores que inclui duras medidas antipopulares. Seu objetivo é melhorar a relação de forças nas negociações com o Eurogrupo antes de 30 de junho, data em que Atenas terá que reembolsar 1,6 bilhões de euros ao FMI, em troca de salvar seu futuro político. Mas a resposta da Troika foi una negação a qualquer prolongamento do “plano de ajuda” e a suspensão unilateral das negociações.
Contra a ofensiva imperialista da Troika e da UE, desenvolver a mobilização operária e popular
O presidente da Comissão Europeia, o conservador Jean-Claude Juncker, Angela Merkel, e o FMI junto ã direita da Nova Democracia e os sociais liberais do PASOK, encabeçam uma campanha internacional reacionária pelo SIM, tentanto aterrorizar o povo grego com a ameaça da saída do euro, com as consequentes desvalorização e inflação. O triunfo do SIM implicará uma nova derrota, ao aceitar todas as imposições da troika, uma humilhação total do país com uma austeridade redobrada.
O governo grego chama a votar NÃO ao plano apresentado pela troika no dia 25 de junho, mas segue buscando uma negociação e aceitaria um plano de “austeridade moderada” como já fez na semana pasada. Por isso muitos veem que o referendo é uma armadilha para legitimar o governo nas negociações.
Mas enquanto o governo de Tsipras tratará de usar o referendo para manobrar com os líderes europeus e manter a política de ajuste em troca do resgate, os trabalhadores, jovens, setores pauperizados expressarão seu repúdio ã troika e sua negativa de pagar com a fome o resgate dos banqueiros e capitalistas.
O rechaço ã troika se expressará de diversas maneiras, tanto naqueles que votarão NÃO como nos que não veem que o referendo seja alguma saída. Mas a chave para derrotar a troika é organizar o enorme repúdio popular contra as imposições imperialistas da UE e transformá-lo em uma grande mobilização operária e popular.
O governo grego especula que a “Troika” finalmente cederá algo, já que a saída da Grécia do euro poderia desatar uma crise no conjunto da eurozona e por em risco a unidade europeia. Mas se isso não funciona, tem um setor que defende como “plano B” o restabelecimento do dracma, a moeda nacional. Tampouco se pode descartar uma variação que implique um default mas sem a saída da Grécia do euro, mantendo o controle de capitais de forma duradoura e estabelecendo uma moeda paralela.
A perspectiva de mais planos de austeridade para pagar uma dívida asfixiante e salvar a eurozona é insustentável para os trabalhadores e o povo grego. Mas também o é uma saída da zona do euro sem tomar medidas elementares contra o ataque seguro do capital, com a consequente desvalorização e inflação que teria consequências catastróficas para a classe trabalhadora e os setores populares na Grécia, como aconteceu com a Argentina depois do default de 2001-2002, o “corralito” bancário [controle de capitais] e o fim da convertibilidade entre peso e o dólar, que implicou uma brutal desvalorização que recaiu sobre os assalariados. No caso da Grécia as consequências poderiam inclusive ser piores, porque não há outra moeda circulante e nem condições econômicas que permitiram em seu momento a rápida recuperação da Argentina.
É necessário romper definitivamente as negociações com a Troika e começar a impor um plano de emergência que comece pelo não pagamento da dívida, o cancelamento de todas as privatizações, a anulação de todos os impostos indiretos ã população impondo impostos ao capital e aos ricos, para recuperar o que foi perdido dos salários e das pensões, a reincorporação de todos os trabalhadores demitidos e o fim da austeridade.
Frente ã fuga massiva de capitais que se intensifico unas últimas semanas, o fechamento bancário imposto por Tsipras, que prejudica fundamentalmente os pequenos poupadores enquanto que os grandes capitais e a grande burguesía grega já retiraram da Grécia grande parte de seus capitais, é necessário impor uma medida defensiva em interesse dos trabalhadores e do povo, que incluam a nacionalização de todo o sistema bancário, assim como a expropriação de todos os bens e ativos dos grandes grupos capitais gregos e estrangeiros, como os magnatas da marinha mercante, os mais fortes do mundo. Junto a isso os trabalhadores devem impor o controle operário nas principais empresas e indústrias. Esse programa para que a crise seja paga pelos capitalistas colocará a luta pelo governo operário.
Contra a Europa do capital e contra a demagogia da extrema-direita que usa a crise grega para defender seu reacionário programa nacionalista, lutamos pela unidade da classe operária de todo o continente que culmine nos Estados Unidos Socialistas da Europa.
Solidariedade internacional com os trabalhadores e o povo grego
O povo grego não poderá ganhar sozinho essa queda de braço. É necessário organizar a mais ampla campanha de solidariedade internacional com os trabalhadores gregos. Os sindicatos europeus têm que romper sua colaboração com os partidos e governos imperialistas, e chamar a mobilização nos diversos países em apoio ao povo grego. As forças da esquerda na Europa, como Podemos, que governam em coalizões em cidades como Madri e Barcelona têm que colocar todo seu poder de convocatória para impulsionar uma grande mobilização de massas, enchendo as praças e as ruas em apoio ao povo grego e exigindo em primeiro lugar o cancelamento unilateral da dívida de seus próprios países imperialistas.
Não apoiamos políticamente o governo do Syriza e alertamos que sua campanha pelo NÃO pretende uma melhor posição nas negociações, mantendo as enormes concessões que já fez nesses 5 meses. Nossa solidariedade é com os trabalhadores e o povo grego que demonstraram uma enorme vontade de luta com mais de 30 greves e paralisações gerais, contra a austeridade da Troika e dos governos capitalistas do Pasok-Nova Democracia que aplicaram as diretrizes dos memorandos, e que começaram a sair nas ruas contra essa nova chantagem.
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