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Por que defendemos o voto crítico em Zé Maria?
por : LER-QI, Brasil

08 Sep 2014 | A principal expressão do descontentamento de junho de 2013 nessas eleições está na falta de entusiasmo de qualquer trabalhador ou jovem em relação ã possibilidade de que seu voto possa mudar algo verdadeiramente. Já antes da morte de Eduardo Campos o voto na Dilma tinha uma significativa carga de “mal menor” contra o PSDB. Mesmo com Marina, ainda que (...)
Por que defendemos o voto crítico em Zé Maria?

A principal expressão do descontentamento de junho de 2013 nessas eleições está na falta de entusiasmo de qualquer trabalhador ou jovem em relação ã possibilidade de que seu voto possa mudar algo verdadeiramente. Já antes da morte de Eduardo Campos o voto na Dilma tinha uma significativa carga de “mal menor” contra o PSDB. Mesmo com Marina, ainda que aparente algo “novo”, também tem uma carga de “mal menor frente ao que está aí”, que fica ainda mais forte na medida em que a nova candidata adota um discurso cada vez mais ã direita e mais conservador.

Frente a essa realidade, nenhum dos candidatos que se reivindicam de esquerda se coloca ã altura do profundo questionamento ao status quo que se expressou em junho e na onda de greves e profundas lutas operárias que vem atravessando o país nos últimos anos. O PSOL e o PCB trilham o mesmo caminho do PT de conciliação entre trabalhadores e patrões.

Esse é um cenário em que muitos trabalhadores e jovens que não querem mais dar seu voto para legitimar os partidos que dominam o país, nem mesmo como “mal menor”, veem que não há alternativa “de esquerda” e pensam em votar nulo como forma de protesto.

Compreendemos esse sentimento, em especial naqueles trabalhadores que já tiveram experiências concretas com os partidos que se reivindicam de esquerda ã frente de seus sindicatos, desaproveitando a disposição de luta das bases e conduzindo as lutas a derrotas.

Entretanto, consideramos que é fundamental travar uma batalha para que os trabalhadores e a juventude não votem nos partidos capitalistas como “mal menor”, que é o que as pesquisas indicam ser a enorme maioria que vê no seu voto uma via de interferir de alguma forma nos rumos do país. Mas também que essa decisão não signifique passar a votar em partidos que defendem a conciliação entre trabalhadores e patrões.

Entendemos que a melhor forma de fazer isso hoje é defendendo o voto num partido que expresse a independência de classe. Cada trabalhador ou jovem que deixar de votar num partido capitalista ou de conciliação para votar em defesa da independência de classe se coloca como parte da tarefa de construir uma vanguarda classista e revolucionária.

A candidatura que pode melhor expressar esse voto hoje é a de Zé Maria do PSTU, já que é o candidato operário mais conhecido nessas eleições. Rui Costa Pimenta do PCO também é uma candidatura operária. Entretanto, as posições que o PCO vem expressando de defesa dos petistas do mensalào como supostos “perseguidos políticos” e logo em seguida de defesa da Copa do Mundo e da Fifa contra todo o questionamento a esses eventos que imbuíram amplos setores da classe trabalhadora impedem que seja uma expressão de independência política dos trabalhadores.

Por que o voto é crítico?

O voto em Zé Maria é crítico porque não é um voto na política levantada por esse partido. Como temos denunciado em vários artigos, a política do PSTU de coligar-se com o PSOL e o PCB e elogiar esses partidos como “socialistas” que fortalecem as lutas dos trabalhadores para tentar eleger algum parlamentar é o mais desavergonhado oportunismo eleitoral, contribuindo para fortalecer os reformistas e conciliadores e não os classistas e revolucionários. Isso se dá ao mesmo tempo em que o PSTU nem mesmo colocou seu horário gratuito de TV a serviço de dar voz ã difícil (e longa) greve das universidades estaduais paulistas. Mas, mais de conjunto, o PSTU não é capaz de construir uma militância combativa e não corporativa nos sindicatos e oposições sindicais que dirige de modo a que sua campanha possa ser uma expressão política de um processo crescente de militância operária nos locais de trabalho.

Este partido se nega sistematicamente a colocar sua legalidade e peso sindical a serviço da recomposição de uma vanguarda classista e revolucionária, abrindo sua legenda para as principais referências operárias e da juventude que estão ã frente das principais lutas e processos. Ao contrário do PSOL e do PCO, negou nosso pedido de concessão democrática da legenda para que pudéssemos lançar as candidaturas de Pablito, Diana Assunção e Marília Rocha, jogando no lixo essa tradição do movimento operário; da mesma forma como se negou a constituir uma frente classista e revolucionária a partir da CSP-Conlutas.

Zé Maria é candidato a presidente sem coligação nacional com o PSOL ou o PCB. Poderia ser uma candidatura a serviço de uma frente classista. Mas na verdade esta candidatura independente é acompanhada de coligações estaduais com o PSOL e o PCB. Ou seja, expressa apenas que os “interesses eleitorais” não combinavam com os de seus aliados.

Apesar da política oportunista do PSTU, a candidatura da Zé Maria e da sua legenda nos estados em que não estão coligados com o PSOL ou o PCB são uma expressão da independência de classe. Por isso, sem assumir qualquer compromisso com as posições políticas do PSTU, propomos ã vanguarda votar criticamente em Zé Maria para presidente e nos candidatos do PSTU onde estes não estão coligados ao PSOL ou ao PCB. Nos estados em que o PSTU estiver em coligações oportunistas e de conciliação de classes com o PSOL e o PCB, propomos votar nulo para governador, senador e deputado.

Ao propor o voto crítico no PSTU, ao mesmo tempo em que vemos nisso uma forma de defesa da independência da classe trabalhadora e relação aos patrões frente ao debate eleitoral, queremos abrir os debate com trabalhadores e jovens sobre a necessidade do construir uma nova organização revolucionária que possa se constituir como uma alternativa ã falência da esquerda brasileira.

O exemplo da Frente de Esquerda dos Trabalhadores na Argentina

Os companheiros do Partido dos Trabalhadores socialistas na Argentina (organização irmã da LER-QI), como parte de uma frente com o Partido Operário e a Esquerda Socialista, colocaram de pé uma campanha eleitoral em 2010 que foi a expressão de uma nova militância operária nas fábricas das principais concentrações operárias do país em base a um programa claramente independente dos patrões.

Hoje, os deputados eleitos por essa campanha são perseguidos pelo Estado por estarem junto aos trabalhadores em todas as suas lutas: suas greves, marchas, acampamentos em porta de fábrica e piquetes, etc., enfrentando a repressão policial junto com eles. As leis que propõem no parlamento são profundamente debatidas pelos trabalhadores e se constituem como um complemento ás lutas no chão da fábrica. Esse deve ser um exemplo a ser seguido para construir uma alternativa revolucionária no Brasil.

 

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