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A guerra sem fim dos Estados Unidos
por : Claudia Cinatti

17 Aug 2014 | Enquanto o presidente Obama goza de suas férias, aviões e drones americanos novamente jogam toneladas de bombas sobre o Iraque. Esta nova aventura militar dos Estados Unidos começou na sexta-feira, dia 8 de agosto, e tem como objetivo frear o avanço do chamado Estado Islà¢mico de Iraque e do Levante, ou o próprio Estado Islà¢mico, que desde junho (...)
A guerra sem fim dos Estados Unidos

Enquanto o presidente Obama goza de suas férias, aviões e drones americanos novamente jogam toneladas de bombas sobre o Iraque. Esta nova aventura militar dos Estados Unidos começou na sexta-feira, dia 8 de agosto, e tem como objetivo frear o avanço do chamado Estado Islà¢mico de Iraque e do Levante, ou o próprio Estado Islà¢mico, que desde junho tomou cerca de um terço do território sírio e um quarto do território iraquiano.

Segundo Obama, o que motiva os bombardeios é proteger setores cristãos e de minoria yazídi (um setor da população que pratica outra religião), selvagemente perseguidos pelo EILL, este novo “Frankenstein” surgido do descolamento de um setor da Al Qaeda, durante a ocupação militar dos Estados Unidos no Iraque. À luz do apoio dos Estados Unidos ao massacre de Israel em Gaza, nunca antes soou tão hipócrita a alegação de “justificativa humanitária” para esse novo ataque imperialista, a menos de 3 anos de retirada das tropas norte americanas, que pôs fim no a um dos seus piores pesadelos militares no pós-Vietnam.

O colapso do precário sistema governamental que os Estados Unidos deixaram no Iraque pode levar a divisão do país entre kurdos, sunitas e chiitas, e intensificar os enfrentamentos religiosos e étnicos de repercussões regionais, como se apresenta na reacionária guerra civil na Síria e na desintegração da Líbia.

Desde a primeira Guerra do Golfo em 1991, os Estados Unidos mantém um estado de guerra quase contínuo no Iraque. Essa política militarista deu um salto com a “guerra contra o terrorismo” de Bush e dos neoconservadores com a qual o imperialismo ianque buscava “redesenhar o mapa do Oriente Médio” e conseguir outro século de dominação norteamericana. Esta guerra imperialista sem fim continua sob o governo Obama.

Guerra e crise política

A situação no Iraque é extremamente instável. A guerra e a seguinte ocupação militar norteamericana no Iraque, que se estendeu de 2003 até 2011, não produziu somente milhares de civis mortos e uma grande destruição, se não que agravou os conflitos entre a maioria xiita, que havia sido oprimida pelo regime de Sadam Hussein assim como os kurdos, e a minoria sunita que havia monopolizado por décadas o poder do Estado. Desta maneira, com uma clara política de “divide e reinarás”, os Estados Unidos, em aliança com os setores reacionários xiitas, e a aprovação do Irã, conseguiu desarticular a resistência inicial nacional ã ocupação, que unia setores radicalizados xiitas e sunitas, e desviar o processo para uma sangrenta guerra civil.

Com a queda de Sadam Hussein e a proibição do partido Baath (um partido de origem nacionalista e que era o principal pilar político do regime ditatorial de Hussein), os xiitas e kurdos aproveitaram a invasão norteamericana para ficar com o controle do Estado e assim beneficiar-se da exploração das enormes riquezas petroleiras do país. Estados Unidos tentou um precário equilíbrio de poder entre sunitas, xiitas e kurdos. Mas esta engenharia durou pouco tempo, tão logo haviam retirado-se os soltados norteamericanos, os antigos aliados se transformaram em inimigos. Em 2011, o primeiro ministro al Maliki, pertencente a um partido xiita conservador, começou uma brutal repressão contra os sunitas, que inspirados pela Primavera Árabe, saíram em mobilização massiva contra as condições de opressão ás quais eram submetidos pelo governo central.

Sobre este enorme ressentimento da minoria sunita cresceu uma força completamente reacionária, o chamado Exército Islà¢mico, que terminou em suspense com o precário governo iraquiano, fez as forças armadas fugirem e ganharam o controle das zonas petrolíferas, além de armamento sofisticado fornecido pelos Estados Unidos.

Neste marco de crise, o governo Obama usou o pretexto da perseguição por parte do El contra os yazidis, as novas vítimas da guerra civil gerada pela ocupação norteamericana, para lançar um novo ataque militar e por sua vez, destituir o primeiro ministro al Maliki, que se transformou em um obstáculo nos seus planos para estabilizar o país, dominado por forças reacionárias relacionadas aos seus interesses.

A situação no Iraque é um sinal de que o poderio norteamericano está em decadência. Depois das desastrosas guerras de Bush, a política de Obama é limitar a ação militar a bombardeios aéreos e auxiliar forças locais, como as milícias kurdas, cujos próprios interesses coincidem com os interesses norteamericanos. Ainda assim, a dinâmica do conflito está aberta e a mídia norteamericana já fala de uma operação que pode durar meses. Frente ã crescente incapacidade de impor sua vontade no Oriente Médio, os Estados Unidos se vê obrigado a se apoiar em alianças contraditórias com potenciais rivais, como a Arábia Saudita e o Irã, para tentar estabilizar a situação.

A derrota da primeira etapa da “Primavera Árabe”, com o golpe de Estado no Egito e as guerras civis como na Síria, foi sem dúvida um retrocesso importante para os trabalhadores e as massas populares da região.

Contudo, a persistência da resistência nacional palestina e o enorme repúdio internacional ã ação criminal de Israel na Faixa de Gaza, são indícios de que uma nova guerra imperialista, longe de estabilizar, acenda de novo a faísca do protesto.

 

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