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Pra onde vai o México?
por : LTS-CC, México

20 Jun 2007 |

Recentemente, Calderón apresentou um plano até o ano de 2030. Frente ao mais "seletivo" dos empresários, apareceu como a garantia da estabilidade dos negócios capitalistas não só durante seu governo, mas também durante os próximos.. 23 anos. O governo do PAN se mostra assim como o representante mais orgânico da "ordem" reacionária que desejam implantar no país os monopólios e grande patrões. Este "plano" busca garantir "reformas profundas", ou seja, um maior ataque sobre as condições de vida e a entrega dos recursos naturais e energéticos ás grandes transnacionais, assim como o fortalecimento das instituições repressivas do estado.

O governo "blindado" de Calderón

Nos últimos meses, o governo implementou um grande desdobramento de tropas, declarando a guerra ao narcotráfico. A campanha publicitária nos meios de comunicação apresenta um tipo de forças armadas que protegem o "cidadão comum". É, por um lado, uma tentativa de disciplinar os grandes cartéis que montaram um exército paralelo e compraram a amplos setores do aparato de segurança do Estado, o que deixa clara a crise das instituições e seus vínculos com o narcotráfico. Por outro lado, a presença do exército nas ruas quer inibir o descontentamento dos trabalhadores, e é um verdadeiro ataque ás liberdades individuais e democráticas, um grande golpe aos que lutam.

Conta para isto com o apoio da classe dominante e o aval das classe médias conservadoras, assim como com a fortaleza que lhe dá o acordo PAN-PRI (Partido da Ação Nacional e Partido Revolucionário Institucional) que, no Congresso, votaram conjuntamento as reformas ao Código Penal. O objetivo central desta política de Calderón é fortalecer o ataque capitalista e colocar na defensiva os trabalhadores e a juventudade combativa.

Uma saída reacionária à luta

Esta campanha não passa de uma resposta reacionária do regime de "alternância" ã mobilização operária e popular que se expressou desde o movimento democrático anti-fraude até as grandes lutas de Sicartsa e Oaxaca. E, se o governo de Vicente Fox não pode frear os protestos, o tenta fazer seu sucessor, apoiando-se num maior protagonismo dos militares e tentando acabar com a imagem de ilegítimo e débil que leva como presidente, ainda que podendo pagar o preço de ficar - de fato - como um provável refém das Forças Armadas. Se Calderón faz isto é porque, depois da entrada da Polícia Federal Preventiva em Oaxaca, a luta dos trabalhadores continuou. Nos dias 1 e 2 de maio se mostrou uma forte tendência ã unidade operária e popular nas ruas. E nas semanas seguintes, a CNTE (Coordenadoria Nacional de Trabalhadores da Educação) e trabalhadores universitários seguiram sua luta; como no 21 de maio que paralizaram a UNAM (Universidade Nacional Autônoma do México) e outras escolas, e no 1° de junho quando milhares de trabalhadores organizados se manifestaram em muitos estados do país.

Estas lutas se dão apesar dos dirigentes da UNT (União Nacional de Trabalhadores) e o SME (Sindicato Mexicano de Eletricistas) não terem convocado a greve nacional, como propôs a CNTE. Estes sindicatos, que se posicionam como opositores, podiam chamar o conjunto do movimento operário a uma grande luta nas ruas, assim como a base dos sindicatos industriais controlados pelo CT-CTM (Congresso de Trabalho - Central de Trabalhadores Mexicanos). Foi a pressão das bases que obrigou a realizar as paralisações, como se viu no 1° de junho e em 21 de maio, o que não evitou que a base combativa questionasse com uma grande rechifla a Augustin Rodriguez (Secretário geral da UNT). Hoje, os trabalhadores da educação mostram o caminho de luta a seguir pelo resto do movimento operário. E como se vê em STUNAM (Sindicato de Trabalhadores da UNAM), começa a surgir uma vanguarda combativa que questiona a sua direção e pode orientar-se até uma política alternativa. Os trabalhadores estão no centro do cenário nacional e de luta contra o governo.

As perspectivas estão abertas: se o movimento operário aprofunda sua luta e põe em prática seus métodos como a greve e a mobilização nas ruas, pode abrir-se uma etapa de maior agudização da luta de classes. Se esta perspectiva não se concretiza, o governo tentará então penetrar sua política repressiva e seus planos (como a reforma trabalhista), para dar lugar a uma situação mais reacionária para os trabalhadores.

Se depois das lutas que percorreram o país no último ano, Calderón tem força para aplicar sua política, é devido a como atuaram as direções do movimento operário e popular. Os dirigentes sindicais opositores se negaram a coordenar as lutas até a greve geral e, ainda que tenham realizado ações conjuntas e de solidariedade com a CNTE, sindicatos como o SME não tornaram realidade sua promessa de cortar a eletricidade (bajar el swich). No caso de López Obrador e o PRD (Partido da Revolução Democrática), quando estavam no topo das mobilizações contra a fraude, evitaram que estas se radicalizassem, freando-as e chamando a confiar na ação pacífica do "governo legítimo" (de López Obrador) e seus parlamentares. Não ã toa Lopez Obrador e o PRD defendem que a oposição deve fazer-se principalmente pela via institucional.

Mas já vimos o resultado de conduzir a luta antifraude por essa via: hoje Calderón não só governa como já está lançando seu ataque. Frente a isto, não podemos esperar freá-lo confiando na ação do Congresso da União (Parlamento) e numa justiça que está claramente a serviço dos interesses capitalistas. Ainda que as contradições no regime (com o PRD e com setores do PRI) compliquem a política reacionária de Calderón, os trabalhadores, devemos confiar somente em nossas forças.

Preparar a greve nacional

É necessária uma grande luta nas ruas, com um plano de mobilização e ação, e um programa que unifique o conjunto das demandas democráticas com as reivindicações mais sentidas pelo movimento operário e popular. Os sindicatos - junto aos organismos de Direitos Humanos - devem encabeçar a mobilização. Com milhões nas ruas para lutar consequentemente pela liberdade de todos os presos políticos da Atenco, Oaxaca e de todo o país e contra a militarização e pela dissolução da PFP e dos corpos repressivos do estado.

O SME, UNT, a CNTE, tem a responsabilidade de chamar uma greve nacional contra a repressão, para deixar para trás a lei do ISSSTE (Instituto de Seguridade Social) e a anunciada reforma trabalhista que busca escravizar os trabalhadores. É preciso rodear de solidariedade as lutas e mobilizações que se estão realizando, como o plantão dos companheiros da CNTE no ISSSTE, e o que se anuncia em Oaxaca para o dia 18 de junho. Para avançar neste caminho, os trabalhadores combativos e democráticos temos que organizar assembléias de base nos lugares e centros de trabalho para votar as direções sindicais a convocatória efetiva desta paralisação. Devemos coordenadar e transformar o Conselho Nacional de Greve (que até agora é um orgão de decisão das direções sindicais) em um organismo mais amplo e para a luta, baseado em delegados rotativos e revogáveis votados em assembléias de base, que assistam ao CNH com mandato de seus centros de trabalho.

Este CNH poderia discutir uma pauta de reivindicações única, que responda ás demandas dos oprimidos e explorados do país, por exemplo dos camponeses e indígenas pobres que vivem a miséria das transnacionais e repressão das guardas no campo, que lute pelo não pagamento da dívida externa para garantir os recursos para a educação e a saúde. Para reverter o ataque ã seguridade social e ás pensões e lutar pelo aumento salarial de emergência e escala móvel de salários de acordo com a inflação. Pela divisão das horas de trabalho (com igual remuneração) entre empregados e desempregados. Com a mobilização e a greve nacional podemos deixar para trás o ataque dos capitalistas e a repressão de seu regime de alternância.

 2006: um ano de lutas operárias e populares

Sicartsa: Em 2 de abril os metalúrgicos de Sicartsa (parte do sindicato mineiro) se declararam em greve e ocuparam a planta de Michoacán. Depois de quase 20 dias, o governo nacional, com o aval do governo local nas mãos do PRD, tentou desaloja-los violentamente, deixando dois trabalhadores mortos. Isto desata a resistência heróica dos trabalhadores, junto a importantes setores operários e populares da cidade.

Atenco: Em maio, as polícias municipal, estatal e federal, lançaram uma brutal repressão que custou a vida de um garoto de 14 anos e 207 detidos. Se denunciaram golpes, abusos e violações ás mulheres. Houve dezenas de desaparecidos, e a PFP tomou o controle de toda a população.

Oaxaca: Durante quase seis meses a cidade de Oaxaca esteve ocupada pelo plantão de professores da Seção 22 do sindicato dos professores em greve. Esta luta (e a dura repressão do governo) gerou simpatia entre os trabalhadores e o povo pobre, protagonizando enormes manifestações. Se conformou a Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO), se colocaram de pé barricadas, se tomaram as rádios e o canal de TV da cidade. O povo se rebelou contra o odiado governador Ulisses Ruiz.

 

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