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Frente ã provocação burguesa “autonomista” impulsionar a mais ampla mobilização operária, camponesa e popular
23 Jan 2007 |

O anúncio do prefeito de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, ex socio do massacrador Goni de convocar unilateralmente a um novo referendo departamental pela autonomia, se converteu em uma clara provocação contra os movimentos sociais, reabrindo a crise nacional com foco em Cochabamba que havia ficado em estado latente.

O incêndio da prefeitura, a brutal repressão, a ameaça de amotinamento da policia, que fez retroceder o goveno na destituição do comandante departamental, e a crescente polarização política que se manifesta nos bloqueios de caminhos e mobilizações de camponeses, junto as reacionárias mobilizações do comitê civil de Cochabamba e seu chamado a uma paralisação civil por tempo indeterminado ameaçam estender a nível nacional estes enfrentamentos. Esta crise tem como pano de fundo a paralisação que colocou a Constituinte ã beira do fracasso, tal como insinuaram Evo Morales e Roman Loayza, apesar de suas desesperadas tentativas de chegar a algum tipo de consenso com os representantes dos partidos tradicionais, o que poderia levar, como reconheceu o senador do PODEMOS Carlos Borth, a um estado de movimento sociais de consequências imprevisíveis.

O fracasso da política de “consensos”

Como foi que os partidos tradicionais que estavam destruídos e que não tinham nenhum apoio social, depois dos levantes de outubro e junho tenham chegado a tanto?

O MAS facilitou o encorajamento da direita com sua política de conciliação permanente. Primeiro, pactuando o referendo autonômico em 2005, que tentava desvirtuar a mobilização operária, camponesa e popular de junho, e que dava garantias ã classe dominante, e em particular ã burguesia crucenha, para que pudesse avançar com um instrumento político-legal, seu projeto autonomista, que hoje utiliza para passar ã ofensiva.

Posteriormente, o governo pactuou uma lei de convocatória ã assembléia constituinte que garantia a sobrevivência dos partidos tradicionais, que excluía a participação de importantes setores dos trabalhadores, camponeses e povos originários, e finalmente outorgava ã burgusesia um candidato com os dois terços para aprovar o texto da Constituição. Estas concessões políticas vieram acompanhadas de medidas econômicas que sob um discurso nacionalista, garantiam a propriedade e os interesses fundamentais das transnacionais e dos grandes proprietários, como os contratos petroleiros ou a modificação da Lei INRA que preserva a grande propriedade rural e posterga as demandas camponesas de uma real e imediata reforma agrária.

Ao mesmo tempo que outorgava concessões e garantias ã burguesia, aos Cívicos e aos partidos tradicionais, o MAS recriava ilusões no movimento campones e setores populares com algumas ínfimas concessões formais e retórica antiimperialista, descolonizadora e democrática, buscando conter o movimento de massas. Foi neste marco que reprimiu setores da vanguarda, como o movimento sem-terra em Oruro e os cocaleiros de Vandiola e impulsionou em Huanuni, através dos cooperativistas, uma selvagem ofensiva contra os mineiros assalariados que foi derrotadas por estes últimos, defendendo assim a nacionalização da empresa.

O conjunto da política aplicada pelo governo de Evo Morales, tentando buscar um pacto com a burguesia e desmobilizar as massas tem levado a esta situação, na qual a reação burguesa e pró-imperialista levanta a cabeça a passa ã ofensiva. Lamentavelmente, a COB e a maioria das direções sindicais vem apoiando a política de conciliação do MAS, se negando a impulsionar a intervenção independente dos trabalhadores e do povo, com seus próprios métodos de ação presente na crise política.

Entretanto, somente a mobilização geral dos trabalhadores, camponeses, povos locais e setores populares, sem depositar nenhuma confiança no governo e seus permanentes chamados ã tranquilização para negociar com os cívicos, prefeitos e os partidos de direita, pode derrotar essa ofensiva reacionária.

Acabar com a ofensiva reacionária estendendo ã mobilização!

Abaixo Reyes Villa! Viva a mobilização dos camponeses, trabalhadores e do povo pobre cochabambino contra suas manobras e ataques ao serviço da reação! Frente ás tentativas de generalizar a ofensiva reacionária, anunciada com a reunião de todos os prefeitos e Cívicos autonomistas, para preparar reuniões e paralizações civis, é necessário estender esta mobilização ao oriente e ocidente da nação, enfrentando as provocações dos comitês civis e dos prefeitos. É preciso recuperar a experiência de auto-organização democrática para a luta que permitiu vencer a guerra da água em 2000, colocando em pé uma verdadeira coordenadoria ou assembléia operária e popular departamental, com delegados de base e com mandato de suas assembléias de todos os setores cocaleros, fabris, estudantes, juntas vecinais, etc., para preparar a greve geral política no departamento, com mobilização e bloqueio de caminhos, começando por derrotar Reyes Villa, impor o conjunto das demandas do povo cochabambino, e iniciar a contraofensiva operária, camponesa e popular a nível nacional.
Para enfrentar as provocações policiais, dos comitês civis e dos prefeitos, será necessário impulsionar a formação de comitês de autodefesa que garantam a segurança dos trabalhadores e do povo mobilizado.

Os socialistas revolucionários não acreditamos que a atual Constituinte possa responder ás expectativas populares nem resolver nenhum dos grandes problemas nacionais, mas chamamos aos trabalhadores e camponeses a defender com ação seus direitos democráticos elementares contra a conspiração dos cívicos, partidos tradicionais e prefeitos, assim como impor suas legítimas e impostergáveis demandas: nacionalização dos recursos naturais e empresas capitalizadas, terra e território, trabalho e salário digno, saúde e educação, etc.

Neste caminho, é urgente impor que a COB, CODes e CORes, que até agora apoiando o governo têm se negado a impulsionar a intervenção independente dos trabalhadores e do povo, rompam com a política de conciliação masista, e convoquem imediatamente um grande encontro camponês, operário e popular com delegados revogáveis e eleitos em assembléia para discutir como acabar com a ofensiva burguesa e impor o conjunto das demandas operárias e populares.

LOR-CI
10-01-2007

 

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