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Greve Histórica dos mineiros em La Escondida
por : Pablo Torres

03 Aug 2011 | A greve por tempo indeterminado dos mineiros da maior mina privada de cobre do mundo, La Escondida (do grupo anglo-australiano BHP Billiton), cumpre seu 6° dia.

A greve por tempo indeterminado dos mineiros da maior mina privada de cobre do mundo, La Escondida (do grupo anglo-australiano BHP Billiton), cumpre seu 6° dia. O que se iniciou como uma paralisação de 24h contra a redução unilateral de benefícios tornou-se uma greve por tempo indeterminado, exigindo uma indenização de bônus compensatório, renegociação das condições de trabalho e que cessem os abusos e as práticas anti-sindicais da empresa. A paralisação é de 100% e a mineradora já perdeu cerca de 180 milhões de dólares. Houve manifestações e bloqueios de estradas. A expectativa é se juntar a 9000 subcontratados da mineração privada que exigem 50% do vínculo que exigem os mineiros da planta.

Houve também reuniões de coordenação com a Federação de Trabalhadores do Cobre (FTC) da estatal Codelco, que a 11 de julho protagonizaram uma paralisação contra as tentativas encobertas de privatização e com a Federação Mineira que agrupa os trabalhadores de fábrica das minas privadas. Da mesma forma anunciaram que tudo faz parte de um processo maior de luta pela renacionalização do cobre.

Na quinta–feira 28, se iniciam as negociações entre a Confederação de Trabalhadores do Cobre (CTC) que reúne os trabalhadores subcontratados da estatal Codelco e das empresas empreiteiras na procura de um melhor cumprimento do acordo de 2007 e não se descarta que podem se iniciar mobilizações.

Estamos em tempos de lucros milionários para as mineradoras, com os preços do cobre numa alta histórica, que empurra a novas lutas e incendeia a preocupação dos empresários, e La Escondida atua como um “caso testemunho”.

A Multinacional mostra sua intransigência

Os dirigentes sindicais pediram a mediação do Ministério do Trabalho que tem procurado buscar aproximação entre a empresa e o sindicato. Mas a empresa não aceitou nenhuma mediação, qualificou a greve de “ilegal” e não descarta sanções e demissões (a lei permite que a empresa possa despedir trabalhadores se se ausentam por dois dias sem justificação). Na terça-feira, se negaram a participar de uma reunião, para não legitimar uma negociação que segundo a empresa não corresponde porque o bônus era uma oferta unilateral e não há negociação coletiva em curso. Os dirigentes sindicais disseram que isso corresponde a uma negociação “não regulamentada” e anunciaram ações judiciais contra a empresa. O governo, embora tenha dito que não se envolverá no processo, desde o primeiro dia desde o Seremi de Mineração da região de Antofagasta, declarou que a greve era “ilegal” somando-se ao discurso da empresa.

As direções sindicais: métodos burocráticos e corporativos

As direções sindicais (da Concertación, do PC e sindicalistas independentes próximos a eles) lidaram com a paralisação com métodos burocráticos e corporativos: decidem tudo em reuniões fechadas, sem uma decisão da base, e não buscaram unidade com os subcontratados (terceirizados). No marco da enorme luta por a educação em curso (e na mesma região há ocupações e greves estudantis), estas direções mantêm cada luta isolada da outra, evitando uma coordenação. E disso se aproveitam os empresários e o governo para golpear a cada setor dividido, como fizeram em duas greves de terceirizados de La Escondida e da Codelco nestes dois meses, que terminaram em derrotas, como fazem agora com a luta estudantil. Por isso, desde o PTR viemos apoiando e participando nesta greve, lutando em seu interior para que se coloque de pé um comitê de greve desde as bases com delegados e assembléias que permita unificar as forças dos contratados e dos terceirizados, e unificar esta luta em um comitê de luta com os estudantes e professores, questão estratégica para vencer.

Continua a luta pela educação e emergem novos “focos de conflito”

As mobilizações pela educação, que embora tenham refluído e o governo tenha conseguido recuperar a iniciativa, continuam. Há dezenas de escolas e faculdades que se mantiveram ocupadas e paralisadas, há 36 estudantes em greve de fome. Na semana passada houve protestos de moradores afetados pelo terremoto no ano passado, reprimidos e o governo conseguiu desmobilizá-las com mais subsídios e comprometendo-se a apurar a reconstrução. Na manhã de quarta-feira, um protesto espontâneo de centenas de trabalhadores cortou o trânsito reclamando contra a espera de mais de duas horas em uma excursão do Transantiago, na comunidade de Providência. Os Mapuche da comunidade Temucuicui no sul do país, se enfrentaram com a polícia e anunciaram novos protestos para recuperar as terras despojadas. Estes vários conflitos que começam a surgir são novos episódios que marcam uma crise de regime, de governo, dos partidos patronais e mostram o mal-estar social.

28 / 07/ 2011

 

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