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Nos unamos em defesa da luta em Kraft-Terrabusi
por : Manolo Romano , Ruth Werner

19 Sep 2009 | A heróica luta de Terrabusi entra num momento decisivo. A partir dos pronunciamentos dos principais organismos de direitos humanos, de deputados, personalidades da cultura, até as ações solidárias de centros e federações estudantis, o movimento militante de mulheres e organizações operárias em todo o país devem exigir dos sindicatos da CTA e CGT a (...)

Com as concessões do governo de Cristina Kirchner para obter a maioria no Congresso para sancionar a Lei de Mídia postergando a entrada das empresas telefônicas, os Kirchner ganham uma batalha contra o Grupo Clarín e a oposição. Mas apesar de seguirem abertas as tensões entre os de cima, se unem contra os trabalhadores. Enquanto deputados governistas e opositores discutem na TV sobre a “liberdade de expressão”, as corporações patronais lançaram uma campanha pública através dos meios contra os direitos da classe trabalhadora a se defender com greves das demissões e dos ataques à liberdade sindical. A luta que já tem um mês é levada adiante por 2600 operários e operárias da Terrabusi, e ganha mostras de solidariedade em amplos setores da população, uma cruzada midiática tenta condená-los e preparar o clima para derrotá-los com a repressão.

Comunidade de interesses

O Grupo Clarín vem emitindo sistematicamente em seu jornal argentino um comunicado da COPAL (Coordenadora das indústrias de Produtos Alimentícios) que pede o desalojamento dos operários da Terrabusi, com a assinatura de seu presidente, Jorge Zorreguieta, que foi secretário da Agricultura do governo militar de Videla. A linguagem da corporação patronal, dominada por monopólios estrangeiros se refere ao legítimo direito a greve e liberdade sindical como “comportamentos ilegais, que violam o estado de direito e constituem um prejuízo aos próprios trabalhadores, as empresas e a sociedade de conjunto”. Pelo bem de todos, a COPAL pede “cessar o estado de ocupação ilegítimo para que possa se restabelecer o trabalho e a produção na fábrica em questão”. Isto é, a repressão pura e simples contra os operários e operárias que estão defendendo 160 companheiros demitidos, incluindo parte da comissão de delegados, com o objetivo de acabar com a organização sindical que coloca limites ã voracidade patronal. O governo está deixando as mãos livres, através do Ministério do Trabalho, que lhes permite a violação, mediante o lockout patronal, e da própria determinação judicial que exigia a reinstalação temporária dos postos de trabalho, desrespeitada pela patronal. De acordo com esta linha, o governo local enviou ã sede da multinacional um grande números de policiais, que militarizou a fábrica do bairro de Pacheco, depois de ter reprimido os trabalhadores em 7 de setembro, e é uma ameaça permanente contra os direitos elementares dos trabalhadores.

Porém, o “empresariado nacional” argentino saiu a defender o monopólio estrangeiro e condenou em um comunicado: “A metodologia abertamente ilegal adotada por um grupo de operários (...) afetam a segurança jurídica e o clima necessário para o investimento”. O que chamam “grupo” com “métodos ilegais” é a imensa maioria de uma fábrica de 2600 trabalhadores que unanimemente foram capazes de parar a fábrica durante todo o mês, de uma das patronais mais poderosas do mundo.
A difusão que os meios deram ã campanha para instalar um clima que prepare o desalojamento violento não é de estranhar. É pura solidariedade de classe da grande mídia, vanguarda nos ataques aos direitos sindicais, começando pelo Clarín, que em seus jornais, rádios e TV proíbem a organização sindical, e expulsam aqueles trabalhadores que se atreveram a impulsionar comissões internas de imprensa em suas empresas.
Está em curso, com a preparação da repressão na fábrica de Pacheco, uma ofensiva contra o novo movimento operário e suas organizações de base combativas. Neste clima a empresa Metrovías de Roggio, como Kraft, pediu que o Ministério do Trabalho declare ilegal as ações do Corpo de Delegados do Metrô pelo reconhecimento de seu sindicato independente da burocracia da UTA, que voltou a demonstrar com uma paralisação total das linhas durante 3 horas quem é a verdadeira representação dos trabalhadores.

“Querem liberdade sindical?”

“Querem liberdade sindical? Aí a tem”, disse Hugo Moyano, o chefe da CGT, que alerta que “se o governo e a Justiça continuam legalizando (como a Corte Suprema fez) a formação de grêmios afiliados ou não ã Central de Trabalhadores Argentinos (CTA), e independentes da CGT, se darão mais casos como o de Kraft”. É reveladora a coincidência com os jornais que gastaram rios de tinta contra Moyano.Infobae, um jornal de direita, denuncia que “Os conflitos trabalhistas no metrô,na empresa alimentícia Kraft (ex Terrabusi) respondem a uma mesma matriz: sindicatos que não conseguem controlar as comissões internas, delegados de base hiperpolitizados e uma fraca intervenção do governo nacional que não consegue controlar esta base”. Outro inimigo declarado de toda organização sindical, o neoliberal Âmbito Financeiro, dedica uma extensa análise ã “onda de rebeldia dos trabalhadores que transborda as direções sindicais ‘naturais’”.

Ante esta “preocupação” Moyano se apresenta como garantia de “paz social”. A burocracia da CGT que começou denunciando que “para estas empresas estrangeiras o melhor sindicato é o sindicato que não existe”, agora descobriu que pode prestar novos serviços atacando os dirigentes eleitos pelos trabalhadores, enquanto que os homens do sindicato de alimentação passaram a atuar diretamente como fura-greves tentando por em funcionamento setores da fábrica junto aos chefes. E a CTA, o que faz?
Ante esta ofensiva patronal a CTA tem “planificada” uma marcha para fim de mês ao Ministério do Trabalho para reivindicar “liberdade sindical”. Enquanto foram os deputados próximos ã CTA, como Macaluse, Fabio Basteiro e Claudio Lozano, os que denunciaram nos meios e no Congresso a repressão a Kraft, a central não a tomou, como organização operária, uma só medida de ação solidária com a greve em uma das maiores fábricas do país. A CTA aparece a cada vez mais ante seus próprios afiliados como alheia ás lutas e ã vida real do movimento operário. Já seu dirigente nas fábricas de Pneus, Pedro Wasiejsko, deixou passar em seu momento, o ataque aos delegados da fábrica FATE e as demissões dos melhores ativistas da greve por salário de 2007. Os defensores da “liberdade sindical” se negam atualmente a reconhecer o triunfo da oposição classista e de esquerda no sindicato docente de La Plata.

Mobilização urgente

A heróica luta de Terrabusi entra num momento decisivo. A partir dos pronunciamentos dos principais organismos de direitos humanos, de deputados, personalidades da cultura, até as ações solidárias de centros e federações estudantis, o movimento militante de mulheres e organizações operárias em todo o país devem exigir dos sindicatos da CTA e CGT a convocação imediata a uma paralisação e mobilização para evitar o desalojamento e a repressão aos grevistas e conseguira reincorporação de todos os demitidos como o pedem em mais de um mês de luta.

 

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