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Ferroviários: Não há passo para trás!”
por : Marcelo Torres

19 Nov 2007 |

O que no início parecia ser uma inofensiva reivindicação por um convênio coletivo próprio se converteu na “maior greve ferroviária da história”, tanto pela duração do conflito, como por sua massificação e radicalidade das exigências operárias [1]. Em outras palavras, o pior pesadelo dos últimos tempos para a burguesia alemã, acostumada a negociar com direções sindicais servis aos interesses da patronal. Frente ã negativa da patronal a atender as reivindicações dos trabalhadores, os maquinistas através de seu sindicato GDL, que conta com cerca de 17.000 membros ativos [2], dos quais até o dia de hoje 3.070 se somaram á greve, tem ido lentamente radicalizando suas exigências e sua ação, como demonstra os graves problemas que está causando o cessar das atividades sobretudo nos nós centrais como os portos de Hamburgo e Lubeck, Berlim ou também no leste do país, região onde conseguiram paralisar quase por completo toda a atividade, chegando a greves espontâneas dos maquinistas de companhias ferroviárias regionais privadas em Schleswig-Holstein e no fechamento desta edição, quarta-feira dia 14, provocando a suspensão do turno da manhã e da tarde da planta de de Bruxelas da empresa automobilísticas Audi pela falta de peças de recambio.

A decisão judicial de levantar a proibição de fazer greves nos trajetos de longa distância e de transporte de mercadorias deixou a patronal na defensiva, enquanto o governo se mantêm distante do conflito, se limitando a chamados ás partes do conflito a “entrar em acordo”.
A greve de hoje colocou sobre o tapete duas questões de fundamental importância: a primeira é que questiona a intenção do governo de privatizar e vender ações na bolsa da última empresa alemã nas mãos do Estado. A segunda é que questiona as bases da cooperação entre os sindicatos e capital, quer dizer que mostra uma alternativa á co-gestão sindical dos planos anti-operários da patronal, e entre os sindicatos e o governo sobre as quais o regime atual se apóia.

A patronal alemã se encontra então diante do dilema de descomprimir a situação fazendo pequenas concessões ou aposta por desgastar os trabalhadores para que voltem resignados aos seus postos de trabalhão, com o que se arriscam a uma radicalização maior do conflito e á politização e entrada em cena de outros setores do proletariado.

Diante do descompasso nas fileiras burguesas de como prosseguir afrontando o conflito é que surgem as primeiras fissuras: por uma parte há setores que culpam o chefe da diretoria da empresa de ferrovias alemã DB (por suas siglas em alemão, Deutsche Bahn) de ter acusado inutilmente a situação por não ter dialogado com a direção do GDL e outros, como a direção do SPD, o Partido Social-democrata Alemão, que exige dos trabalhadores do GDL que voltem ao trabalho não cedendo nenhum milímetro pois “o que hoje fazem os maquinistas o poderiam pretender fazer amanhã os empregados nas estações”, tudo isto acompanhado de uma cruzada midiática contra os trabalhadores em greve.
O proletariado alemão se coloca muito nesses dias. Enquanto a burocracia sindical tem expressado sua predisposição a aceitar um “aumento salarial de 15%”, afastando-se radicalmente da exigência de um aumento de 31%, apostando que “a pressão ã diretoria da DB será o suficientemente forte para que a continuação possamos voltar a mesa de negociações” entre os trabalhadores “ cresce o descontentamento pelo fato de parar parcialmente”, (até sábado ás 2 a .m.) pois, como disse um maquinista, “a única coisa que (os companheiros) não entendem é porque não se pára indefinidamente de uma vez”. “Muitos pensam que é necessário parar até que a diretoria da DB ceda. (...) Aqui não há passo para trás” [3].

Traduzido por: Clarissa Lemos

 

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