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Primeiros comentários sobre a greve na França
por : Juan Chingo

20 Oct 2007 |

A greve foi muito forte no transporte terrestre, o centro do ataque [do governo] Sarkozy contra os “regimes especiais” [de aposentadoria e a coluna vertebral do movimento operário francês hoje em dia, principalmente os ferroviários. O êxito da convocatória dos sindicatos ficou particularmente evidente nos trens, visto que circularam apenas 5% dos trajetos programados no país, e a direção da companhia ferroviária SNCF reconheceu que quase 3/4 dos seus trabalhadores (73,5%) haviam se somado ã paralisação. Esta porcentagem é mais alta que a da greve de 1995, que teve a adesão de 67% no momento mais duro do conflito, o que demonstra a massividade da ação. Por sua vez, o transporte urbano viu-se “muito perturbado” em París - com a paralisação da maior parte das linhas do metrô ou semi-paralisadas -, também em 28 outras cidades onde os sindicatos convocaram. A única linha que “andava” bem era a 14, que está totalmente automatizada.

Entretanto, o mais significativo é que houve numerosas assembléias de ferroviários, impulsionadas em grande medida pelos SUD-Rail e FO, nas quais votava-se a continuidade da greve, contra a posição da direção majoritária da CGT que propunha somente uma “paralisação de 24 horas”. Foi o caso de todas as garagens de Paris, como também de Lion e Marselha. O mais provável é que muitos trens continuem em greve amanhã (e também se espera a continuidade dos reflexos no metrô). Isso é o mais animador, pois mostra o ânimo da base para lutar com seriedade, porém ainda não é o início de uma greve por tempo indeterminado. Na segunda-feira prevêem-se novas assembléias.

Na marcha em Paris foram aproximadamente 25.000 pessoas, fundamentalmente da CGT - ferroviários, metrô, coletivos e eletricidade, estes últimos também afetados pelas medidas anti-aposentadoria de Sarkozy. Em toda a França se realizaram manifestações (130, no total) em várias grandes cidades - que segundo a política reuniram 150.000 pessoas e 300.000, segundo os sindicatos. Também houve greves de solidariedade em setores não diretamente afetados pelos regimes especiais, como correios, Telecom, agências públicas de emprego (os empregados da Assedic e ANPE se opõem ao plano de fusão das duas instituições) e a educação, mas a adesão foi reduzida.

O governo, mesmo mantendo um perfil conciliador, com a insistência do ministro do Trabalho Xavier Bertrand em que a reforma “será progressiva” nos regimes especiais e que “a greve não impede o diálogo”, não está disposto a ceder nada essencial. O ministro acrescentou que sem a reforma “ninguém pode garantir” que os enquadrados nesses regimes poderão receber seus benefícios “em cinco, dez ou 15 anos”. Pela manhã, o porta-voz do Executivo, Laurent Wauquiez, se pronunciara com termos mais claros: “não podemos ceder” no aumento do período de contribuição que dá direito a uma pensão completa desses trabalhadores, que com a reforma deve passar de 37,5 anos para 40 anos, equiparando- se com os do regime geral. De sua parte, Bernard Thibault, secretário-geral da CGT, chamou o governo a abrir “negociações reais”. Na próxima semana, seguramente, haverá reuniões do governo com as cúpulas sindicais.

Por último, é significativo que esta greve na França tenha ocorrido junto com a greve dos maquinistas na Alemanha, o primeiro conflito que mostra uma nítida ruptura com a política de moderação salarial dos últimos anos. Um verdadeiro ponto de inflexão para o principal país da Europa.

 

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