FT-CI

Economia

Cinco perguntas importantes sobre a crise capitalista mundial

07/02/2008 LVO 266

A atual crise econômica tem como epicentro nada mais e nada menos que os Estados Unidos. A chamada “Superterça” foi na verdade a “terça maldita” para sua economia. O anúncio de que no mês de janeiro a atividade do setor de serviços registrou a sua primeira contração desde a recessão do ano 2001 provocou uma forte queda de Wal Street e das bolsas de valores da Europa, México e Argentina, entre outras. O dato indica que no primeiro mês de 2008 se contraiu a economia dos Estados Unidos e isto se verifica no fato de que neste mês diminuíram os postos de trabalho pela primeira vez em quatro anos e meio e os dados do crescimento do último trimestre de 2007 foram extremamente baixos, chegando a apenas 0,6% no ano. O rumor de que a crise poderia afetar inclusive os cartões de crédito, que são um instrumento extremamente popular nos EUA, fez com que as ações dos principais bancos como o Citi ou JP Morgan Chase despencassem. O temor de que a recessão tenha se aprofundado mais do que pensavam é o que provocou as quedas da terça passada.

Voltemos um pouco e vejamos como começou. Os primeiros tremores começaram em meados do ano 2007 tomando forte impulso em 2008 quando no dia 21 de janeiro ocorreu uma violenta queda internacional das bolsas, a maior depois daquela que se produziu após o atentado das Torres Gêmeas; esta queda combinou-se com perdas sem precedentes dos bancos norte-americanos mais importantes. Estes fenômenos anunciavam a recessão da economia norte-americana e tudo indica que será muito mais profunda daquelas ocorridas nos anos 1990-1991 e 2001. Sintoma aparente é o despertar e os milhares de litros de tinta gastos pelos prêmios Nobel, economistas, professores, financistas e empresários que como George Soros falam da “pior tormenta desde a II Guerra”, das tendências protecionistas e dos perigos de uma maior ofensiva de guerra do império norte-americano.

Nós trabalhadores devemos fugir da idéia de que a economia é uma espécie de “ciência oculta”, inacessível para pessoas de carne e osso. Esta crença é uma arma muito importante nas mãos dos capitalistas que vivem de nosso trabalho. Pelo contrário, devemos realizar o maior esforço para compreender as profundas tendências da economia, já que tanto os períodos de alta como nas crises somos nós que arcamos com a pior parte. As crises econômicas mais agudas terminaram invariavelmente em indescritíveis penúrias para os trabalhadores. É por isso que devemos compreender de que se trata a crise, para poder intervir com uma saída própria contra os capitalistas, única forma de que não sejamos nós aqueles que pagam pelas suas desastrosas conseqüências.

Nestas páginas, formulamos perguntas e respostas que nos pareceram mais relevantes para aportar na compreensão das bases da atual crise, buscando explicar de maneira simples os conceitos trabalhados em artigos anteriores [1].

 1 Que contradição se desenvolve nas últimas décadas entre rentabilidade e investimentos?

Um fator fundamental que levam em conta os capitalistas antes de realizar um investimento é a rentabilidade ou lucro que obterão tanto a curto prazo como a longo prazo. Uma forma de medir esse lucro é calculando-o como proporção do total de capital que investem. Deste modo se um capitalista, por exemplo, realiza um investimento de R$100,00 e ganha R$10,00, o seu lucro será de 10%. Esta é uma aproximação muito simplificada do que os marxistas denominam “taxa de lucro”. Ainda que não possamos explicá-lo aqui, queremos aclarar que esses 10% não são extraídos do “rendimento do capital” como querem que acreditemos, mas surge pura e exclusivamente do trabalho humano realizado e não retribuído, quer dizer, de uma parte de nosso trabalho que efetuamos, mas não é pago. Naturalmente, ainda que não exista uma relação exata, quanto mais alta é a taxa de lucro, mais ganham os capitalistas e mais tendem a investir e, deste modo, mais cresce também a economia.

O que acontece com o capitalismo hoje? Não se cumpre esta relação de relativa concordância entre o aumento da taxa de lucro e o aumento da acumulação de capital. Desde os anos 1980, graças ã ofensiva neoliberal e com mais força nos anos 1990, a taxa de lucro nos países centrais se recuperou da queda iniciada na passagem dos anos 1960 para 1970. Todos os economistas marxistas que estudaram a evolução da taxa de lucro nos principais países capitalistas coincidem que esta recuperação é uma questão indiscutível. No entanto, existem distintas posições em torno dos níveis que alcança hoje a taxa de lucro em comparação com o período de crescimento excepcional que ocorreu durante o pós II Guerra Mundial. Por exemplo, “Duménil e Lévy estimam que a ‘taxa de lucro em 1997’ era ‘ainda somente a metade de seu valor em 1948, e entre 60-75% de seu valor médio dos anos entre 1956-1965” [2]. Outros autores marxistas como Shaik e Darmangeat coincidem que sem dúvida há crescimento da taxa de lucro, mas estimam que é mais parcial. Para além dessas diferenças, todos coincidem que a taxa de lucro se recuperou. A novidade é que esta recuperação não é correspondida por uma acumulação de capital (ou investimentos) duradoura e generalizada. Quer dizer, os capitalistas não investem de acordo com o aumento da taxa de lucro. Como afirmar o economista marxista Michel Husson “Regra geral, lucro e acumulação evoluem de acordo com um perfil parecido: os movimentos de alta ou baixa da taxa de lucro repercutem, com mais ou menos defasagem, nos movimentos da taxa de acumulação. A divergência entre as duas curvas na metade dos anos 1980 aparece como um fenômeno excepcional desta dinâmica de longo prazo” [3].

 2 Como se manifesta esta contradição?

A contradição que indicamos acima se manifesta de diversas formas. Vejamos alguns aspectos. Nos Estados Unidos e de acordo com o que indica o prêmio Nobel em economia Joseph Stiglitz, as baixas taxas de juros (que possibilitam empréstimos mais baratos) que aplicaram os Bancos Centrais no início da atual década funcionaram “(...) mas de um modo fundamentalmente distinto de como funciona normalmente a política monetária. Em geral, as taxas baixas fazem com que as empresas contratem mais empréstimos para investir e o aumento do endividamento vincula mais ativos produtivos” [4]. Stiglitz afirma ainda que “as taxas de juros reduzidas não estimularam um grande investimento. A economia cresceu, mas principalmente vinculada ao fato de que as famílias norte-americanas decidiram endividar-se mais para refinanciar suas hipotecas e gastar parte do excedente” [5].

No caso do Japão e da Alemanha parte dos lucros não foram investidos e é chamativo, sobretudo no primeiro país, a acumulação de lucros em forma líquida, ou seja, como dinheiro seja nos bancos ou seja de outras formas, mas não como investimento nos setores produtivos.

A partir destes exemplos é também importante ressaltar que a ausência de reinvestimento sustentado e generalizado dos lucros ocorre junto com uma acumulação (investimentos) excessivo de capitais em determinados nichos que o capital encontra internacionalmente. Estes nichos são “espaços” relativamente isolados da economia de um país ou ás vezes do resto do mundo nos quais se possibilitam condições particulares para a rentabilidade. Se afirmamos que existe uma baixa acumulação de capital em amplos setores da economia, em determinados “espaços”, pelo contrário, os capitais se “sobre-acumulam”. Como define o economista marxista Isaac Joshua, a sobre-acumulação é “uma acumulação de capital que se realiza em um ritmo tal que não pode sustentar durante um longo período a taxa de lucro esperada por aqueles que aportam o capital. A sobre-acumulação é, de certo modo, uma acumulação que não soube parar a tempo [6]”. Isso aconteceu, por exemplo, nos Estados Unidos durante a década de 1990 com o boom da chamada “nova economia” motorizada pelas telecomunicações e a informática e depois a sobre-acumulação de capitais que ocorreu na chamada “bolha” imobiliária que se gerou mundialmente com seus epicentros nos EUA, Espanha e Inglaterra. São vários os analistas marxistas que coincidem que outra grande tendência a sobre-acumulação de capitais continua ocorrendo na China.

 3 Qual é a explicação desta contradição?

Fundamentalmente a combinação de dois fatores está na base desse processo contraditório que se colocou em evidência. Aos capitalistas não lhes interessa somente obter uma alta taxa de lucro “potencial”, senão que lhes interessa vender as mercadorias que produzem para que seu lucro se efetive, para que se realize, ou seja, convertido em dinheiro. Um grande problema do qual hoje é “vítima” o capitalismo mundial é conseqüência de um dos principais mecanismos que, mediante a ofensiva neoliberal iniciada nos anos 1980 permitiu a recuperação da taxa de lucro. Isto é, o ataque brutal aos salários e as condições de trabalho. Neste contexto, o estancamento da renda dos trabalhadores, por um lado possibilitou o aumento da rentabilidade mas, por outro, se converteu em uma trava para que a mesma se realize, quer dizer, para que o enorme mercado de consumo que representam os trabalhadores efetivamente compre essas mercadorias que são produzidas pelos capitalistas com uma alta rentabilidade em potência.

Chegamos assim a uma conclusão fundamental: os mesmo mecanismos que durante as últimas três décadas permitiram ao capital aumentar a sua rentabilidade obstruíram o mercado para vender produtos tão rentáveis, quer dizer, obstaculizaram as possibilidades de realizar no mercado os lucros obtidos na produção. Esta contradição explica em grande arte a debilidade da acumulação apesar da recuperação da rentabilidade. Também explica a sobre-acumulação de capitais em determinados nichos que combinam taxas de lucros mais alta que a média com possibilidades de realização (venda) das mercadorias produzidas. Uma demonstração disso é a China. “Graças” ao processo de restauração capitalista que ali ocorre, enquanto em países centrais como EUA, Alemanha e Japão, a taxa de lucro aproximada, segundo dados do ano 2000, oscila entre 10% e 20%, na China chegou a 40% em 1984 e se mantinha em 32% em 2000 [7]. Na China combinam-se tanto a abundante mão de obra e os baixos salários que explicam a forte rentabilidade, como as possibilidades de vender o que produzem ao mundo e particularmente aos EUA, para onde se dirige 40% de suas exportações.

A contradição entre baixa acumulação do capital em amplos setores da economia e a sobre-acumulação em determinados “nichos”, que ocorre junto a um baixo consumo de massas e uma alta especulação financeira, é uma característica principal que prova o quão longe está a economia de alcançar um boom ao estilo do que se produziu após a II Guerra Mundial e que foi conhecido como os “anos dourados” do capital.

 4 Qual é o lugar das finanças nesse processo?

O desenvolvimento descomunal do sistema financeiro durante as últimas décadas é um fenômeno intimamente associado aos problemas da taxa de lucro e da realização do capital. De um lado, a progressiva eliminação desde os anos 1980 das travas aos movimentos internacionais de capitais permitiu que o capital se expandisse a “caça” de “trabalho barato” em países com abundante oferta de mão de obra, contribuindo para aumentar a taxa de lucro. Mas, por sua vez, o minguante controle estatal sobre os capitais e as escassas fontes de rentabilidade permitiram que se obtivesse grandes quantidade de dinheiro barato (contra garantias de muito pouca qualidade em muitos casos) e que além disso esses capitais se utilizaram de forma indiscriminada como “nicho” rentável (ou potencialmente rentável). Esta é a origem das chamadas bolhas especulativas. Estas “bolhas” estão associadas intimamente ã existência de escassos espaços para uma rentabilidade efetiva do capital, no sentido da geração de lucro e realização ou venda. As “bolhas” são geradas porque sobre a base de um investimento, a princípio rentável se produz uma cadeia infinita de crédito barato com pouca garantia, que é investido sobre uma expectativa de rentabilidade e que, por sua vez, se desprende cada vez mais da rentabilidade real. Estes processos podem continuar até que algum crédito não seja pago e coloca-se em evidência que o endividamento é muito maior do que realmente se pode arcar. Assim, demonstra-se também que a rentabilidade que se esperava não ocorreu realmente. A conseqüência é que os capitais fogem, a rentabilidade cai bruscamente e começa a crise.

Por sua vez, o desenvolvimento do crédito está poderosamente associado ao estímulo do consumo, buscando liberar o capital da barreira que significam os baixos salários. Mediante a contratação de crédito barato os trabalhadores e os setores populares, particularmente nos EUA, podem endividar-se e consumir além do que a sua renda real permitiria.

A relação entre estímulo ao crédito barato e especulação financeira associada tanto a busca de lucro rápido e abundante como as necessidade de consumo se torna clara quando a confrontamos com a bolha imobiliária nos EUA. Uma política estatal de baixas taxas de juros que estimulou a especulação imobiliária foi a forma de evitar uma recessão profunda no ano 2000, após a crise da bolha anterior baseada no nicho das empresas “pontocom”. Em torno da especulação sobre a propriedade, que também teve fortes impulsos na Espanha e Inglaterra, o mercado financeiro tomou um novo e forte impulso. Deu um salto no desenvolvimento de mecanismos de crédito ou financeiros (conhecidos como titularização, CDS, CDO, ABCP, swaps, derivados, entre outros) tão complexos que mesmo o presidente da Reserva Federal, Ben Bernanke, teve que fazer um curso para compreender o seu funcionamento. Deste modo, em torno de uma montanha infinita de dinheiro emprestado com escassas probabilidades de ser recuperado, o setor imobiliário foi chave para o crescimento econômico norte-americano do período 2001-2006, gerando um terço dos empregos criados e quase a metade dos gastos de consumo. Ainda que nos EUA a criação de renda seja débil, o consumo cresceu a um nível equivalente a 72% de seu Produto Interno Bruto em 2007. No entanto, estes mecanismos não somente caracterizam a conduta dos “particulares”, mas é a política do Estado norte-americano no último período. Graças a esse incessante endividamento os EUA mantêm um elevado consumo que o converte no destino da maior parte das exportações mundiais. Graças ao seu papel hegemônico sustenta enormes déficits estatais e comerciais financiados com as poupanças de economias como a China que sofrem de grandes desproporções entre investimentos e exportações por um lado e consumo por outro. Isto gera uma relação perversa entre os EUA e o resto do mundo na qual o primeiro se endivida consumindo grande parte do que países altamente dependentes das exportações aos EUA, como Canadá e México, mas também China, Japão, Coréia e uma parte significativa de outros países asiáticos não podem consumir. Assim os EUA financiam os seus déficits com a poupança destas economias. Por sua vez, enquanto puderem manter um volume de produção associado em grande parte a estes mecanismos, países como a China são grandes importadores de insumos para desenvolver a produção. Neste contexto, um grupo importante de países entre eles Argentina, tem a China como destino importante de suas importações.

 5 Quais seriam as conseqüências de uma recessão nos Estados Unidos?

Como começamos a discutir na resposta anterior, existe uma forte dependência entre o endividamento norte-americano e o consumo do resto do mundo. Portanto, há uma estreita relação entre a economia mundial e a norte-americana. A bolha imobiliária nos EUA estourou provocando a derrubada dos preços da propriedade e um agudo golpe ao sistema de crédito. Bancos de primeira linha como o Citigroup ou o Merrill Lynch sofreram recordes de perdas. Inclusive na Inglaterra, o banco Northen Rock se declarou em bancarrota e o banco francês Societé Génerale sofreu enormes perdas. Nesse contexto, grande parte da população corre o risco de perder suas casas e não é provável que queiram (ou possam) continuar endividando-se. O crédito que fluía por todas as partes está secando e a Reserva Federal tenta restabelecer-lo através de cortes nas taxas de juros.

Como mencionamos no início, a recente “super-terça” foi uma “terça maldita” para a economia norte-americana. A recessão nos EUA está começando e ainda que não se possa conhecer toda sua magnitude tudo indica que será mais forte do que as anteriores. Muitos economistas inclusive colocam como possibilidade que após um salto na crise bancária os EUA entrem em um cenário recessivo parecido com o Japão nos anos 1990, do qual não pode sair por mais de uma década.

Dada a interdependência existente, a recessão nos EUA terá fortes efeitos sobre a economia mundial. Seu papel frente ao mundo é um indicador da gravidade que comporta o fato de que seja hoje o epicentro da crise financeira, diferentemente de 1997, por exemplo, quando a crise se iniciou nos países do sudeste asiático.

Muitos economistas da burguesia e inclusive alguns marxistas sugerem a possibilidade de que ã frente a crise dos EUA a China ocupe seu lugar econômico no mundo. Ainda que o lugar da China nas próximas décadas é um dos grandes problemas da política mundial que merece ser discutido em profundidade, adiantamos que os traços da economia chinesa estão muito longe desta perspectiva. Por um lado, o exuberante crescimento chinês começou graças ao processo de restauração capitalista, e muito longe de estar associado a um crescimento de seu mercado interno esteve vinculado ao crescimento da exploração do trabalho. Grandes massas dispostas a trabalhar por pouquíssimo dinheiro foram a base do “milagre” do crescimento chinês. Como já indicamos a China, apesar de seu pobre consumo é, graças a altíssima taxa de rentabilidade que ali obtém os capitais e de suas vendas ao resto do mundo através das exportações, um dos nichos de rentabilidade do capital. Para que a China dê um giro ao seu mercado interno que é o que sugerem economistas e analistas necessariamente deveriam ocorrer fortes aumentos salariais que diminuiriam a rentabilidade e as suas bases. Se a China perde seus mercados de exportação e suas superlativas taxas de lucro que vantagens apresentaria para os capitais internacionais? Em todo caso, se a China se colocar frente a um dilema tão agudo como este nos parece provável que não só estoure uma crise de sobre-acumulação de capitais, mas que se desencadeiem problemas mais complexos desde o ponto de vista das relações políticas mundiais entre os Estados, antes que o tão comentado “giro ao mercado interno” chinês possa sequer ser pensado. Em que pese o processo de restauração capitalista na China, o certo é que ainda não está definido o seu lugar na crise mundial dos estados. A magnitude da crise econômica e o nível de problemas que coloca por exemplo “a questão chinesa” não deixa dúvidas que devemos nos preparar para grandes convulsões no próximo período.

  • NOTAS
    ADICIONALES
  • [1Ver Estratégia Internacional n° 24: Crisis y contradicciones del “capitalismo del siglo XXI” e La Verdad Obrera n° 265: Un salto em la crisis capitalista mundial, por Juan Chingo.

    [2Chris Harman, International Socialism n° 115, 2007

    [3Extraído EI n° 24

    [4Stiglitz, Joseph “Estados Unidos, la hora de la verdad”, IECO, Buenos Aires, 12/08/2007

    [5Idem

    [6Citado por Juan Chingo, EI n° 24.

    [7Dados extraídos de Chris Harman, idem.

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