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Atos do PT e da CUT em defesa de Dilma apresentam programa amplo para aglutinar apoios
por : Léo Andrade

14 Mar 2015 | Nesta sexta-feira a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação Única dos Petroleiros (FUP), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), MST, UNE e outros movimentos, fizeram atos em várias capitais do país, com destaque para São Paulo, onde reuniram mais 40 mil pessoas. Chamado com as pautas de defesa da Petrobrás, dos direitos trabalhistas, da (...)
Atos do PT e da CUT em defesa de Dilma apresentam programa amplo para aglutinar apoios

Nesta sexta-feira a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação Única dos Petroleiros (FUP), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), MST, UNE e outros movimentos, fizeram atos em várias capitais do país, com destaque para São Paulo, onde reuniram mais 40 mil pessoas. Chamado com as pautas de defesa da Petrobrás, dos direitos trabalhistas, da reforma política e da democracia, os atos, que adquiriram uma dimensão nacional, foram na verdade uma demonstração de forças em defesa do governo Dilma. As manifestações ocorreram em contraposição ao ato que está sendo chamado pela oposição de direita no próximo dia 15 pelo impeachment de Dilma.

Em São Paulo, as entidades ligadas ao governo conseguiram colocar mais de 40 mil pessoas na Avenida Paulista na tarde desta sexta-feira (segundo DataFolha). Apesar da clara defesa do governo Dilma, o ato foi permeado por críticas ás Medidas Provisórias que atacam os direitos trabalhistas e previdenciários, ao aumento das taxas de juros e aos cortes de verbas nos serviços essenciais ã população. No Rio de Janeiro, onde o ato reuniu cerca de 3 mil pessoas, a principal bandeira foi a defesa da Petrobrás frente ás tentativas de avançar na sua privatização e da reforma política como resposta aos escândalos de corrupção.

Esse programa defendido pelos atos busca lidar com o desgaste que o governo petista sobre nas bases das próprias organizações que os apoiam. Sem isso, seguramente teriam muito maior dificuldade para levar pessoas ao ato e angariar apoios, já que é geral a insatisfação por Dilma estar implementando o programa de ajustes que rechaçou nas eleições. Ainda assim, para encher a marcha de 40 mil em São Paulo, tiveram que recorrer aos métodos próprios de uma burocracia subordinada ao governo. Manobraram para unificar com o ato/assembleia de professores organizado em função dos ataques que a categoria vem sofrendo por parte do governador Geraldo Alckmin; colocaram o aparato da prefeitura do PT em movimento; e inclusive levaram pessoas pagas de forma clientelar.

Vagner Freitas, presidente nacional da CUT, aproveitou para defender um programa desenvolvimentista de mudança da política econômica (depositando os problemas do governo no Ministro da Fazenda Joaquim Levy), pois na semana que vem apresentarão um Manifesto de coalizão Capital/Trabalho junto ás principais entidades patronais do país em defesa da mudança da política econômica. “Nós temos uma classe trabalhadora organizada e classe empresarial bastante forte, se nós tivermos condição de fazer uma política econômica voltada para o crescimento, será bom para todo mundo” (site da CUT), destacou Vagner em sua fala no ato.

As manifestações defendiam ainda a estatal Petrobrás. Os discursos iam no sentido de que não entregariam esse enorme patrimônio brasileiro ã privatização, referindo ao escândalo de corrupção como antessala para os setores da oposição de direita buscarem privatizar totalmente a empresa. Mas escondem que Dilma já vem implementando a agenda de Aécio e do PSDB de privatização da própria Petrobrás, ainda que em parcelas, além dos ajustes econômicos.

Em diversas outras cidades do país, cobrindo todas as regiões e ganhando uma dimensão nacional, também ocorreram manifestações chamadas pelas mesmas entidades sindicais e populares. Em Salvador, Recife, Campo Grande, Belo Horizonte, Brasília e outras capitais, os atos foram concorridos por cerca de 2 mil manifestantes cada um. Além disso, a FUP juntos aos sindicatos regionais, organizaram desde bem cedo o atraso na entrada dos trabalhadores do primeiro turno das refinarias da Petrobrás em todo o país por cerca de duas horas, como parte da jornada de lutas.

A real importância dessas manifestações do dia 13 apenas poderá ser medida em comparação com a dimensão que irão adquirir as manifestações contra o governo marcadas para domingo 15/03.

O discurso das centrais sindicais e dos movimentos populares em defesa de “mais direitos”, contrários ás medidas mais draconianas de ajustes por parte de Dilma, esconde que na prática essas mesmas organizações têm se recusado a colocar de pé um verdadeiro plano de luta para barrar os ataques com a força da mobilização das camadas cada vez mais amplamente descontentes da população. Se negam não só a colocar de pé uma séria luta contra os ajustes, mas também a defender que os sindicatos e movimentos sociais se mobilizem de forma independente para garantir que mais esse escândalo de corrupção não termine impune.

Pelo contrário, subordinam as críticas aos ataques ao governo ã defesa de Dilma, impossibilitando qualquer luta séria. E propõem uma alternativa ã política econômica de ajustes juntamente com a centrais patronais, que, apesar de quererem estímulos econômicos por parte do governo, também querem fazer os trabalhadores pagarem a crise com desvalorização dos salários, desemprego e retirada de direitos trabalhistas. Fazem parte das negociações entre a CUT e a Fiesp, por exemplo, os grandes empresários que atualmente implementam uma ofensiva de demissões e retirada de direitos na indústria.

Os sindicatos centrais sindicais e movimentos sociais antigovernistas e classistas precisam assumir a linha de frente da organização de assembleias de base e coordenações regionais democráticas que coloquem de pé um plano de mobilização capaz de barrar os ajustes e impedir que mais esse escândalo de corrupção termine em pizza. Dirigindo-se ás bases CUT e ao MST para chamar a unidade nessa batalha, ajudando-as a lutar para que suas direções abandonem sua política passiva de conciliação com o governo e a patronal. Esse é o caminho para construir uma terceira força política independente, que não deixe os trabalhadores reféns nem do governo nem com a oposição de direita.

 

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