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As últimas medidas do governo Maduro polarizam a situação na Venezuela
por : Diego Sacchi

26 Feb 2015 | As últimas medidas do governo Maduro polarizam a situação na Venezuela A morte de um jovem estudante durante a mobilização contra o governo na cidade de San Cristobal em Táchira aumentou a tensão política que vive a Venezuela depois da prisão do líder opositor direitista Antonio Ledezma, por parte do goveno Maduro, acusado de ser parte de um plano (...)
As últimas medidas do governo Maduro polarizam a situação na Venezuela

As últimas medidas do governo Maduro polarizam a situação na Venezuela
A morte de um jovem estudante durante a mobilização contra o governo na cidade de San Cristobal em Táchira aumentou a tensão política que vive a Venezuela depois da prisão do líder opositor direitista Antonio Ledezma, por parte do goveno Maduro, acusado de ser parte de um plano golpista.

A ministra do interior, Carmen Meléndez, rapidamente condenou o fato em um pronunciamento na televisão estatal VTV informando primeiramente que havia um efetivo da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) detido pela morte do jovem.
A nova denuncia de Maduro sobre um plano golpista se produz a poucos dias de uma nova desvalorização e possíveis aumentos de combustível que afetam aos trabalhadores e os setores populares.

Sem tem condição de organizar um golpe de direita o imperialismo busca aproveitar a crise econômica

As declarações dos principais dirigentes de oposição venezuelana denunciando a detenção de Ledezma e distintos países do continente foram rápidas. A estas se somaram as vozes dos EUA e outros países imperialistas denunciando o “autoritarismo” do governo de Maduro.

Sub um discurso de defesa da “democracia” a direita venezuelana busca aproveitar o mal estar que produz a crise econômica, a perda de poder aquisitivo que gera a inflação, a desvalorização e o descontentamento que geram as medidas do governo de Maduro (a direita venezuelana atua de forma muito similar com a direita argentina no caso Nisman) que afetam os trabalhadores e o povo pobre.

A direita venezuelana conta com o aval imperialista que parece não ver hoje a condição para destituir diretamente aos atuais governos através de um golpe, a possibilidade de que esta se organize para as eleições e ganhe a melhor forma de forçar uma saída de Maduro.

A tentativa de ingerência norte-americana tem sido permanente nos últimos anos mantendo as pressões, sanções e hostilidades na busca de depor o atual governo venezuelano. Uma amostra disso foram as declarações de Kerry diante da Comissão de Assuntos Exteriores da Câmara de Representantes “Venezuela segue marchando na direção equivocada e tomando opções equivocadas”.

Uma das dificuldades que encontra a direita venezuelana para capitalizar o descontentamento com o governo é a divisão entre suas principais figuras. Um setor encabeçado por Capriles busca se fortalescer através das eleições legislativas do final do ano e no melhor dos casos forçar uma saída antecipada de Maduro (em 2016 poderiam chamar a um referendo revogatório) e assim conseguir impor um governo alinhado aos interesses norte-americanos. Enquanto se mantem o setor abertamente golpista encabeçado por López, Ledezma e Machado.

A outra é que não existe respaldo de massas ã convocação da oposição contra a prisão de Ledezma. Tanto é assim que ao buscar mostrar rechaço com as ações de rua, conseguiram juntar apenas 200 pessoas na cidade de Caracas. Essa circunstância também e aproveitada pelo governo.

Entre a denuncia de golpe contra Maduro e as medidas de ajuste

Depois da prisão em Caracas, Maduro anunciou que haviam desorganizado uma tentativa de golpe contra seu governo cujas principais figuras eram Ledezma e o preso Leopoldo Lopez que contava com o apoio estrangeiro de Miami, Madri e Bogotá.

O governo de Maduro continua com a tese do golpe de Estado e é nesse marco que dirige sua ofensiva contra os políticos da oposição, ainda que Antonio Ledezma, assim como Julio Borges, têm antecedentes de golpismo em outros momentos políticos, até o dia de hoje não foram feitas públicas as provas que Maduro disse sustentar e que tem prometido veicular em cadeia nacional.

É por isso que surge com força também a idéia de que a atual política do governo busca tgensionar o máximo a situação nacional para armar toda a idéia de golpe de estado com o objetivo de montar uma cortina de fumaça para cobrir a severa crise econômica que golpeia o povo venezuelano. No atual contexto da situação traumática que vive o país, nenhuma destas variantes pode ser detectada.

Se efetivamente está se preparando um golpe na Venezuela contra Maduro, todas as medidas aplicadas pelo governo estão distantes de favorecer a organização dos trabalhadores e do povo pobre para atacar e enfrentar os interesses dos capitalistas nacionais e internacionais.

Pelo contrário, sem tocar nos interesses dos capitalistas que tem se beneficiado nestes anos, com a fuga de capitais batendo recordes (se calcula entre 150-200 bilhões de dólares na última década), os negócios com o estado e recente
mente com um extenso mercado negro, os anúncios oficiais indicam o rebaixamento das condições de vida das massas e aumento do poder repressivo do estado.
As medidas do governo tem levado a uma forte recessão que não encontra saída e ameaça se aprofundar neste ano. Os preços estão altos pela inflação que chegou a 68,5% em 2014, sendo que os alimentos chegou a 86,7%, e se relacionamos com a inflação atualizada de 2013, teremos um salto de 124% no custo de vida. O desabastecimento vem aumentando, obrigando várias pessoas a fazerem filas por bens básicos. A cesta básica foi pras alturas enquanto os salários das famílias e lares populares caíram bruscamente, se desvalorizando permanentemente.

A isto se soma o recente decreto que permite as forças de segurança utilizar armas de fogo nas manifestações dando-lhes maior liberdade para reprimir como criminosos principalmente os trabalhadores que realizam greves, os indígenas que recuperam terras e os camponeses que ocupam latifúndios. Qualificando de “anarcossindicalistas” e “golpistas” os trabalhadores da Sidor, por exemplo.

Diante da crescente polarização os trabalhadores devem apostar numa saída independente

Enquanto a situação continua em curso com crise econômica de fundo, se mantem aberto um momento político nacional que pode tomar cursos inesperados, não apenas com tentativas de golpe, mas podem desatar mobilizações em rechaço ás novas medidas de ajuste, basta recordar como o aumento do combustível foi o motor do chamado ‘Caracaço” em 1998.

Nesta situação de profunda crise econômica não se pode descartar que novas convulsões acelerem os tempos e aprofundem a crise do governo dando espaço a novas variantes.

Como expressamos durante as jornadas de fevereiro de 2014, se existia algum cenário deste tipo (que não é o atual) estaríamos na primeira linha contra a reação e a ingerência do imperialismo, sem que isso signifique prestar o apoio ao governo Maduro que como vem demonstrando, enquanto chama aos trabalhadores e o povo para defender seu governo em nome do socialismo e a revolução “bolivariana” contra a oposição de direita e o imperialismo, em seu giro ã direita o chavismo descarrega o ajuste contra os trabalhadores e o povo pobre e fortalece a oposição como alternativa política.

Os trabalhadores e o conjunto dos setores explorados devem apostar em uma saída independente em função de seus próprios interesses, tento independente do governo quanto da oposição, pois nenhum lugar está escrito que a crise que vive o chavismo termine sendo capitalizado pela direita. Nesta perspectiva é que o povo trabalhador deve apontar sua política de que a crise não deve ser jogada sobre suas costas.

 

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