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Em dia histórico, trabalhadores da USP fecham a universidade inteira e Fábio Hideki é libertado
por : Diana Assunção

07 Aug 2014 | Diante da intransigência da Reitoria da USP cortando os salários dos trabalhadores em greve, só havia uma resposta: radicalizar. Os trabalhadores da USP lançaram mão dos métodos da classe operária, como os piquetes, mas dessa vez em formato inédito na universidade: um trancaço total da USP, dos três portões principais e dos portões menores de pedestres, (...)
Em dia histórico, trabalhadores da USP fecham a universidade inteira e Fábio Hideki é libertado

Diante da intransigência da Reitoria da USP cortando os salários dos trabalhadores em greve, só havia uma resposta: radicalizar. Os trabalhadores da USP lançaram mão dos métodos da classe operária, como os piquetes, mas dessa vez em formato inédito na universidade: um trancaço total da USP, dos três portões principais e dos portões menores de pedestres, mantendo aberto apenas a entrada do Hospital Universitário, bem como liberando entrada das Ambulà¢ncias por qualquer portão. Além disso, foi garantido pelo movimento grevista a liberação dos ônibus das crianças da Escola de Aplicação que fariam excursão neste mesmo dia.

Nem a Reitoria nem o governo esperavam estas medidas. Porque já nas férias apostavam no cansaço e na dispersão frente ã Copa Mundial. Mas a greve se manteve firme e diante do corte de salário, apesar do impacto concreto na vida de cada trabalhador, a resposta foi uma: Não tem arrego! Numa ação organizada pelos trabalhadores, com apoio dos estudantes e também de trabalhadores de outras categorias, a USP parou por completo aparecendo em toda a imprensa. As bandeiras que levantamos foram de rechaço ao corte de ponto, exigência de abertura de negociação e liberdade imediata para Fábio Hideki. Apesar do enorme cansaço dos trabalhadores que além de estarem bancando um piquete-acampamento no prédio da Reitoria, chegaram cedo para organizar o trancaço, a concentração que estava no Portão 1 saiu em passeata pela Avenida Vital Brasil e pela Avenida Corifeu de Azevedo Marques chegando de encontro, de forma emocionante, com a concentração de trabalhadores no Portão 3, e dali seguindo pela Avenida Politécnica para o Portão 2, encontrando a terceira concentração de trabalhadores. Os 3 piquetes se juntaram num grande e emocionante ato.

Poucos minutos depois de finalizado o ato, recebemos a notícia da libertação de Fábio, uma das bandeiras que levantamos hoje durante todo o dia. Com muitas lágrimas de alegria, os trabalhadores da USP gritavam por Fábio, emocionados de poder receber de volta nosso companheiro de trabalho e de luta. A prisão de Fábio se tornou insustentável depois da apuração dos materiais encontrados (forjadamente) na sua mochila, com laudos que indicam não se tratar de explosivos. Nesta sexta-feira os trabalhadores e estudantes da USP organizam, juntos, a festa “Contra o arrocho não tem arrego” que será um momento de confraternização comemorando a libertação de Fábio mas também o sucesso de nossa ação. Ao mesmo tempo é um momento de fortalecimento da greve unificada com estudantes e professores, uma aliança que pode mudar os rumos do movimento e colocar em risco os interesses eleitorais que também estão por trás das ações do Reitor Zago.

Hoje, a Reitoria em medida desesperada tentou ensaiar um tipo de “locaute patronal” orientando todas as unidades a evacuarem os prédios por conta de um suposto trancaço ás 17h que prenderia todos os trabalhadores dentro da USP, que só mostra que o Reitor já perdeu o controle da situação e inventando mentiras. Vale ressaltar que, além do trancaço de todos os portões, essa ação ocorreu justamente no dia em que haveria a Feira de Profissões da USP, uma espécie de “cartão de visitas” da universidade para vender um “sonho de vida” ã milhares de jovens que em seguida serão barrados, na sua maioria, pelo filtro social do vestibular. Os trabalhadores da USP perguntam: profissões para quem? É preciso que o conjunto da população também enxergue em nossa luta a bandeira da educação pública, gratuita e de qualidade, que só poderá se dar acabando com o vestibular, lutando por mais verbas para a educação – com abertura dos livros de contabilidade – e organizando uma Estatuinte Livre e Soberana que acabe com o poder atual da universidade – concentrado no Reitor e no Conselho Universitário – e coloque os rumos da universidade nas mãos dos trabalhadores, professores e estudantes, conformando um governo tripartite com maioria estudantil.

As próximas semanas se tornam momentos decisivos para a greve em seu conjunto, e mais do que nunca é necessário aprofundar toda a campanha de solidariedade aos trabalhadores da USP, aportando para o fundo de greve que buscará ajudar os companheiros com corte de ponto, mas também trazendo apoio político para as próximas manifestações, como o ato unificado do dia 14/08 que deverá ser uma ação ainda mais contundente do que o trancaço de hoje.

 

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