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Fortalecer e radicalizar a greve para derrotar o CRUESP e o governo
por : LER-QI, Brasil

26 Jun 2014 | Para os trabalhadores o chamado “choque de gestão” capitalista do governo Alckmin, que teria como objetivo reduzir os gastos do estado se traduz em medidas de ataque aos trabalhadores. A mais emblemática é a imposição do arrocho salarial dos trabalhadores e professores das universidades estaduais paulistas, e ataques diretos a educação e a saúde, (...)
Fortalecer e radicalizar a greve para derrotar o CRUESP e o governo

Por Pablito Santos, diretor do Sintusp e trabalhador do Restaurante da Física

Para os trabalhadores o chamado “choque de gestão” capitalista do governo Alckmin, que teria como objetivo reduzir os gastos do estado se traduz em medidas de ataque aos trabalhadores. A mais emblemática é a imposição do arrocho salarial dos trabalhadores e professores das universidades estaduais paulistas, e ataques diretos a educação e a saúde, como congelando as contratações, cortando exames oferecidos pelo Hospital Universitário e avançando na terceirização e privatização. Se arrocham salários dos trabalhadores e professores e serviços públicos, não fazem o mesmo com seus próprios salários que tiveram reajustes de mais de 50 %.

Por trás do discurso demagógico dos reitores, que bradam como os porta-vozes da “autonomia universitária” se esconde uma divisão de tarefas em que preservam a figura de Alckimin, enquanto na verdade estes senhores implementam o mesmo projeto elitista e privatista de universidade, recebendo para isso supersalários de até R$ 26 mil, maiores que o do próprio governador. Não é por acaso que o reitor da USP se remeta em uma de suas entrevistas aquilo que ficou conhecido como Plano Bolonha, ou seja, um conjunto de medidas tomadas por vários países europeus no fim da década de 1990 com o intuito de colocar a universidade de forma cada vez mais a serviço do capital, ao mesmo tempo que Zago reivindica o exemplo de sistema de ensino superior chileno que foi integralmente privatizado depois da ditadura de Pinochet.

Não tem arrego!

Sob influencia de junho e da onda nacional de greves, a fortíssima greve das estaduais, sobretudo em trabalhadores da USP, jogou por água abaixo os planos do governo e da reitoria dos últimos anos. Tentaram a todo custo acabar com a combatividade dos trabalhadores com a combinação de concessões econômicas e uma dura repressão aos ativistas, sobretudo ã direção do Sintusp que carrega dezenas de processos administrativos e criminais, na demissão de Brandão e na expulsão de estudantes – agora com ameaça aos estudantes da Unesp de Araraquara que sofreram com a repressão policial na última semana.

O espírito de junho se manifesta também no surgimento de um novo ativismo de jovens trabalhadores que em todas as unidades tem sido sujeitos e assumido os rumos da greve em suas mãos confluindo com a mais experiente vanguarda combativa que carrega a tradição de anos de luta. Nesta greve se reavivam as lições acumuladas ao longo de anos e se mantém vivos os métodos de luta da classe trabalhadora como a greve e a paralisação de tudo o que é movido pelo trabalhadores, os piquetes, manifestações de rua, trancaços e ocupações. É através desta tradição que os trabalhadores da USP aprenderam a não se iludir com negociações intermináveis em que os reitores e o governo tentam ludibriar e desgastar o movimento ou se negando sistematicamente a negociar como vêm fazendo, confiando somente em suas forças a da aliança com outros setores da classe trabalhadora para arrancar as reivindicações e mostrar que o melhor argumento para fazer a reitoria e o governo lhes ouvir é a luta de classes, que a sua força está nas ruas.

Esta também é uma ideia mortal para a classe dominante. Frente ã tentativa da reitoria de desgastar a greve pelo cansaço diante das férias e da Copa do Mundo, a ideia que se mantém firme na cabeça de muitos trabalhadores é de que não podem recuar diante dos ataques. Assim se leva adiante o emblema da greve dos garis do Rio de Janeiro que estamparam no imaginário dos trabalhadores do país inteiro a convicção de que podiam lutar e mesmo com todas as ameaças dos patrões, do governo e da imprensa burguesa poderiam dizer: Não tem arrego!

Comando de greve: uma direção democrática da greve

Foi ao longo destas lutas também que os trabalhadores aprenderam a importância de levar ã prática uma estratégia fundamentada na luta de classes e na democracia operária exercida através das reuniões de unidades, de assembleias democráticas e soberanas através das quais os próprios trabalhadores possam controlar e decidir cada passo de sua luta. É por isso que desde a primeira semana de greve dos trabalhadores da USP tudo é decidido nas assembleias e reuniões de unidade e parte fundamental desta estratégia se concretiza na eleição de uma direção democrática, revogável e representativa do conjunto do movimento reunida em um comando de greve com delegados eleitos para levar a frente a organização dos trabalhadores em cada unidade e garantindo que a força da greve construída em cada local de trabalho se represente da forma mais democrática e que ao mesmo tempo os representantes eleitos estejam comprometidos em todos os momentos com as resoluções votadas pela base, e estes representantes não tenham as mão livres para negociar ou definir as coisas a partir de suas próprias cabeças, mas somente aquilo que os trabalhadores lhes autorizem através das assembleias. Esta experiência deveria se generalizar em todas as categorias das três universidades estaduais paulistas também num Comando de Greve Unificado.

Unir as lutas e cercar de solidariedade ativa a greve das estaduais pela vitória

Em nossa greve buscamos levar com tudo a luta contra o arrocho salarial e por nossas demandas específicas, mas queremos abrir um forte diálogo com o conjunto da população defendendo um programa transicional para a questão da educação pública, que deve partir da abertura imediata das contas e contratações da universidade e exigência ã mais verbas pra toda a educação sob controle dos trabalhadores, estudantes e professores. Exigimos cotas proporcionais ã população negra de cada Estado, como parte da luta intransigente pelo fim do vestibular e pela estatização das universidades privadas. Lutamos por uma universidade a serviço dos trabalhadores e da população pobre.

Para que a greve das estaduais triunfe se coloca mais do que nunca como uma necessidade fundamental que os sindicatos e movimentos reunidos na CSP-Conlutas, Intersindical coloquem imediatamente suas forças a serviço de implementar medidas concretas de solidariedade em todas as categorias onde a esquerda tem peso de direção no sentido de unificar todas as lutas em curso, ganhar o apoio da população e por de pé uma verdadeira batalha de classe, para que o destino da greve das estaduais possa assumir um curso oposto ã greve dos metroviários e triunfar sobre a reitoria e o governo. Neste mesmo sentido consideramos que os partidos de esquerda como o PSOL e o PSTU que também têm militantes assumindo papel de direção na própria luta das estaduais e até o momento não se colocaram a tarefa elementar de comprometer cada uma das suas candidaturas a serviço de que estas lutas triunfem.

 

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