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Egito: assim avança a "revolução democrática"?
04 May 2014 | Novamente um tribunal no Egito condena ã morte centenas de militantes da Irmandade Muçulmana pelo suposto assassinato de um policial em agosto de 2013, que sucedeu no mesmo dia em que o governo cívico-militar ordenava a repressão aos acampamentos muçulmanos que pediam a restituição de Morsi na presidência. Esta nova escandalosa condenação se dá no (...)
Egito: assim avança a

Novamente um tribunal no Egito condena ã morte centenas de militantes da Irmandade Muçulmana pelo suposto assassinato de um policial em agosto de 2013, que sucedeu no mesmo dia em que o governo cívico-militar ordenava a repressão aos acampamentos muçulmanos que pediam a restituição de Morsi na presidência. Esta nova escandalosa condenação se dá no marco do plano contrarrevolucionário que vem aplicando o governo cívico militar que assumiu depois do golpe que terminou com o governo Morsi, que se encontrava em xeque pelas mobilizações populares (como explicamos na nota publicada, “É preciso uma política revolucionária para o Egito”).

Ao mesmo tempo que se conhecia esta nova condenação, um tribunal do Cairo ilegalizava o Movimento 6 de Abril e impunha o fechamento de suas sedes sob a acusação de “atentar contra a integridade do país”. Esta campanha contrarrevolucionária de perseguição e criminalização do protesto se estende por todo o Egito, e em Port Said foram encarcerados três dirigentes sindicais por haver encabeçado uma greve. Assim se cumpre a ordem do novo primeiro ministro Mehleb, que havia anunciado em seu discurso de posse que havia que terminar com as greves e protestos de rua.

Seguramente ante estes acontecimentos não é difícil coincidir que, no Egito, o golpe que derrubou Morsi abriu caminho a uma feroz contrarrevolução que busca derrotar e varrer das ruas a experiência aberta pela primavera árabe. O que resulta realmente uma tarefa complicada é seguir afirmando, como faz a LIT-QI, que estamos longe de um golpe contrarrevolucionário: “Em primeiro lugar porque a revolução continua, com novos fatos que assim o demonstram... Em segundo lugar, ante esta realidade, a política central do regime militar para derrotar a revolução não é o enfrentamento aberto, físico”.

Não há pior cego do que aquele que não quer ver

A LIT-QI parece haver chegado ao cúmulo da negação da realidade para defender sua teoria de que no Egito houve uma “revolução democrática” triunfante, que continua com altos e baixos. Em uma nota escrita há pouco mais de um mês, Ronald Leon se dedica a explicar a esquerda que “Em toda revolução atua inevitavelmente a contrarrevolução. Mas no caso do Egito, a contrarrevolução ainda se move no marco de uma revolução poderosa em pleno desenvolvimento”. Ante a evidente repressão contra a Irmandade Muçulmana, as organizações política opositoras ao governo ou ao movimento operário, a LIT-QI responde que “É verdade que o aparato de segurança segue reprimindo, mas o caráter da repressão não é generalizado, mas seletivo”. Uma posição aberrante para uma organização que se diz de esquerda e pretende “esconder debaixo do tapete” o massacre de mais de 1000 seguidores da Irmandade Muçulmana, mortos pela repressão, e os mais de 16000 detidos por razões políticas desde julho de 2013 até hoje. Os marxistas revolucionários não só repudiamos estes acontecimentos, mas rechaçamos todo tipo de repressão, perseguição e ilegalização exercida pelo governo cívico militar, mesmo a levada adiante contra os seguidores do neoliberal Morsi. Foi justamente a via livre para reprimir esta organização o que robusteceu o governo cívico militar para avançar numa perseguição generalizada contra qualquer opositor ao regime.

Recordemos que a poucos dias antes de produzir-se o golpe e começar a repressão contra a Irmandade Muçulmana a LIT-QI dizia que “Bastaria prisões massivas ou, como mínimo, de toda a sua cúpula. Tampouco seria necessário declarar um estado de emergência nem um toque de retirada, pois seria suficiente ilegalizar a Irmandade Muçulmana”, e depois pedia que não se concedesse “nenhum direito democrático nem de expressão para a Irmandade e seus líderes políticos enquanto se mobilizem pelo retorno de Morsi”. Os militares não só fizeram isso, mas aprovaram uma lei antiprotesto, com seus tribunais ilegalizam e encarceram opositores, desenvolvem um golpe contrarrevolucionário que reprime “seletivamente” todos os que se mobilizam contra o governo sob o discurso de estar perseguindo terroristas cuidadosamente “selecionados”. Não é hora dos companheiros da LIT-QI reverem suas posições vergonhosas? Ou seguirão negando-se a enxergar a realidade? Não basta um rechaço ã escandalosa condenação ã morte contra a Irmandade Muçulmana enquanto se repete que a repressão é simplesmente “seletiva”.

A LIT-QI faz ouvido surdo a todo debate contra suas vergonhosas posições em prol de defender uma suposta “revolução democrática”. Os anos de convulsões e lutas de massas no mundo árabe e no Egito mostram o quão equivocado é afirmar a existência de uma “revolução democrática” que modifique o regime político sem que o poder passe das mãos da burguesia para as mãos da classe operária e dos oprimidos.

 

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