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Edições Iskra lançam "Questão Negra, Marxismo e Classe Operária no Brasil"
por : Daniel Alfonso

27 Nov 2013 | Este mês de novembro a Liga Estratégia Revolucionária – Quarta Internacional, seção brasileira da Fração Trotskista, lançam o livro Questão Negra, Marxismo e Classe operária no Brasil. O livro é resultado da primeira conferência da ler-qi sobre a questão negra, realizada em dezembro de 2012. Neste sábado, dia 23, foi realizado o primeiro lançamento do livro (...)
Edições Iskra lançam

Nós devemos explicar aos elementos conscientes
das massas negras que o desenvolvimento histórico
os coloca na vanguarda da classe operária.

Leon Trotsky

Este mês de novembro a Liga Estratégia Revolucionária – Quarta Internacional, seção brasileira da Fração Trotskista, lançam o livro Questão Negra, Marxismo e Classe operária no Brasil. O livro é resultado da primeira conferência da ler-qi sobre a questão negra, realizada em dezembro de 2012. Neste sábado, dia 23, foi realizado o primeiro lançamento do livro na Casa Socialista Karl Marx, em São Paulo, que contou com mais de 150 pessoas.

Nesta edição tratamos de alguns aspectos que consideramos essenciais para a compreensão marxista das influências da escravidão e da resistência de negros livres e escravizados na formação do estado semicolonial brasileiro. Ao mesmo tempo, examinamos alguns momentos importantes da luta de classes sob a ótica da questão negra, na tentativa de demonstrar a profunda relação entre as demandas do povo negro, assim como seu protagonismo político, e as possibilidades de revolução no Brasil.

O Brasil é um estado semicolonial essencialmente porque não consegue se libertar da opressão imperialista. Em nossa opinião, a incapacidade da burguesia brasileira de se ver livre da opressão imperialista é algo que está ancorada nas relações coloniais. A resistência negra e escrava era parte fundamental das relações sociais e estatais durante todo o período em que vingou. Negras e negros resistiram de todas as maneiras possíveis. Uma delas era a fuga e a construção de quilombos.

Analisamos o mais importante das Américas, o quilombo de Palmares, formado no final do século XVI, começo do XVII, localizado no nordeste brasileiro e que perdurou por mais de 100 anos. Sua destruição era algo essencial para a elite colonial, assim como para a Coroa portuguesa. Uma das teses centrais que buscamos desenvolver inicialmente no livro é a de que a elite brasileira – e nesse sentido os mecanismos estatais desenvolvidos de acordo com seus interesses – nasceu e se desenvolveu espremido entre a resistência negra e escrava e a pressão da metrópole. Essa localização lhe encurtou demasiadamente o horizonte político e ideológico. A elite brasileira não pôde resolver questões democráticas elementares porque significaria romper com o regime de trabalho e de propriedade das quais sua existência dependia. Mesmo em momentos que muitos historiadores, alguns com forte influência marxista, consideram os primeiros impulsos de uma “consciência nacional”, oposta aos interesses da metrópole portuguesa, as elites regionais e nacional acabaram por postar-se ao lado da Coroa.

Analisar a história e as raízes do estado brasileiro são parte de uma perspectiva revolucionária sobre a realidade. Os negros e negras sempre estiveram presentes em todos os momentos agudos da luta de classes, na linha de frente. Buscamos demonstrar isso através da análise do golpe militar de 1964 e da transição para a democracia no final dos anos 1970, começo dos anos 1980. A tragédia é que nenhuma organização, com o Partido Comunista ã frente, se deu a tarefa de responder ás demandas da população negra em luta ferrenha contra a burguesia e o imperialismo.

Entender a profundidade dos embates entre as classes e as formas de representação de diversos interesses políticos, econômicos e sociais, nos permite combater com força dois dos principais mitos sobre o Brasil. Em primeiro lugar, que o povo brasileiro é pacífico, não entra em conflito. Em segundo lugar, nos permite combater o mito da democracia racial, segundo o qual portugueses e escravizados teriam tido relações sociais predominantemente harmônicas, exercendo influência cultural mútua. O resultado seria um povo singular e uma sociedade na qual não há espaço para diferenças de acordo com a raça, não há racismo. O combate ã noção de democracia racial é fundamental para destravar a força latente de milhões de negros e negras e para um programa genuinamente revolucionário.

Este é um livro militante. Tenta contribuir teoricamente para entender a questão negra com as lentes do marxismo revolucionário, mas também busca aportar para que a esquerda, em especial a esquerda revolucionária, tome para si a defesa de interesses de negras e negros. Nesse sentido, abrimos o livro com um prólogo que localiza a questão negra no Brasil frente a onda de manifestações que explodiu em junho, onde as demandas do povo negro estiveram nos principais conflitos. Entre outros debates com a esquerda revolucionária, tratamos da impossibilidade de responder ã altura o assassinato sistemático de negros pela polícia (que atinge números de guerra civil) sem um claro programa transicional, que tenha em perspectiva o armamento da classe operária e a dissolução da polícia.

O entendimento das raízes negras do estado brasileiro, dos limites estruturais da burguesia brasileira para responder ás demandas do povo negro, e a luta por uma perspectiva de independência de classe são alguns aspectos fundamentais para que classe operária, que é majoritariamente negra no Brasil, possa, em luta ferrenha com o imperialismo e a burguesia lacaia, conquiste hegemonia sobre o conjunto da população pobre e oprimida. Nesse processo, os negros, reafirmando sua identidade, estão convocados a ser linha de frente.

26/11/2013

 

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