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Mais de 1000 pessoas em Rueil Malmaison na última terça-feira
por : Corrente Comunista Revolucionária- Plataforma Z do NPA

18 Feb 2013 | Foram dez dias em que toda a mídia estava em grande alvoroço, pregando de forma repugnante seu ódio aos operários(as), sobretudo aqueles ou aquelas se revoltam.

Por CCR Corrente Comunista Revolucionária do NPA (França)

Foram dez dias em que toda a mídia estava em grande alvoroço, pregando de forma repugnante seu ódio aos operários(as), sobretudo aqueles ou aquelas se revoltam. Vimos, lemos e ouvimos de tudo, menos a verdade sobre o que se passa nas plantas. Nesse transbordamento de desprezo, nenhuma linha a respeito da violência patronal em Aulnay, onde os grevistas foram submetidos a uma pressão constante de uma milícia contratada para a ocasião e os numerosos quadros importados [1], nem sobre as condições de trabalho penosas e perigosas na fábrica da Goodyear (como em tantas outras plantas), onde a direção procura abafar um grave escândalo sanitário [2]. Tampouco sobre o aumento da repressão em poucas semanas de mobilizações operárias, o que mostra bem a cumplicidade do governo com o assédio patronal: as “entrevistas prévias a demissão” a que são submetidos cada vez mais os grevistas e militantes engajados que respondem de maneira exemplar ã presença massiva em Rueil-Malmaison de centenas de CRS (policiais) [3], bem decididos a protegerem a sede dos patrões que demitem. E em meio a tudo isso, uma constante: para cada cão de guarda da burguesia, estão os sindicalistas, os(as) assalariados(as) que resistem a serem responsabilizados por suas demissões, e não os patrões e sua estratégia atual de ajuste de ferramenta produtiva para se prepararem frente aos seus concorrentes ou tão somente para manter vivo o aumento de seus lucros após já terem acumulado somas consideráveis.

Muito felizmente, o ato de ontem veio para varrer todas as mentiras. Com 750 operárias e operários de repente, a delegação de trabalhadores da Goodyear demonstrou que a CGT da planta tem apoio e que ninguém é otário por lá, diante das calúnias contadas contra a direção do sindicato ou Mickael Wamen, o dirigente mais em evidencia da batalha contra o fechamento. Mais ainda, o CCE permitiu informar que a direção do grupo começasse a colocar em dúvida a “viabilidade” da planta Dunlop d´Amiens-Sud, ao lado da Goodyear, planta de que também é proprietária. É uma contradição formal a todos aqueles que argumentaram que os trabalhadores da Goodyear deveriam se submeter, como seus colegas, aos planos de demissões e ao regime 4x8, para salvar ao menos uma parte dos empregos! Pelo contrário, esta notícia deve levar ã quebra da barreira que se elevou entre os trabalhadores da Goodyear e os da Dunlop, sendo que estes últimos devem se deixar convencer do programa de classe ofensivo que consiste em não largar nenhum emprego.

Em sua intervenção, Mickael Wamen tem de fato, destacado com força o ponto de vista de classe que os trabalhadores da Goodyear defendem há 5 anos, a saber, a luta pela manutenção custe o que custar da planta, dos empregos e da ferramenta de produção e a recusa das indenizações de demissão, um ponto de vista um tanto isolado no curso dos últimos anos, se fazemos a exceção de Phillips Dreux. Um ponto de vista ao qual se juntam agora outros setores de assalariados em luta. Frente ás demissões, é insuficiente lutar pelas indenizações, que são momentâneas em um contexto de crise onde a grande maioria das trabalhadoras e trabalhadores desempregados não encontram emprego. Defender as condições de vida e o futuro de nossa classe é, pois, defender todos os empregos. Em cinco anos de luta, a CGT Goodyear conseguiu fazer invalidar todos os planos de demissões da direção. De pé sobre o teto de uma van, Wamen respondeu aos ataques mais desonestos contra seu sindicato e os militantes combativos de outras plantas: são os patrões canalhas, são eles que impelem os trabalhadores ao suicídio, na Goodyear e na PSA, mas também, em Orange, em Poste ou ainda na EDF. Lutar, é defender o direito das trabalhadoras e trabalhadores ã dignidade.

À combatividade e a determinação dos trabalhadores da Goodyear se soma um outro elemento muito positivo ontem, rico em perspectivas. Na continuação das tentativas de coordenação das lutas que ocorreram depois do encontro em Sciences-po no dia 24 [4], com um ato em frente ao ministério do trabalho no dia 29 [5], o encontro em frente a fábrica de Aulnay na última semana [6], as delegações de outras plantas vieram mostram seu apoio aos companheiros da Goodyear. Começando pelos trabalhadores da PSA, que vieram em 60 e pelos quais Jean-Pierre Mercier fez uma fala, lembrando a importância da unidade dos trabalhadores e trabalhadoras na “guerra” que foi declarada a elas pela patronal. Os trabalhadores da Renault vieram em uma viagem em 50 trabalhadores, um gesto tão mais exemplar que esta manhã foi uma jornada de greve e de mobilizações contra o acordo de competitividade que o patrão quer lhes impor. Havia ainda, cerca de 30 outros trabalhadores de Fralib, companheiros de Sanofi, de Faurecia, da Ford de Blanquefort,Phillipe Poutou, de Arcelor-Florange, etc [7].

Este começo de coordenação, esta ideia em marcha de que não podemos mais agir fábrica por fábrica, cada um do seu lado, que faz a burguesia ter medo. Os encontros e atos das últimas quatro semanas conseguiram ancorar este estado de espírito em um certo número de plantas, se torna urgente doravante atravessar essa etapa difícil a fim de estar a altura dos ataques em curso e não deixar o tempo passar, favorecendo o campo do inimigo. A convergência deve se tornar real, sistemática, consciente e superar as rivalidades sindicais, fazendo a discussão necessária com relação ao programa a se defender. Desde já, a convergência sob uma base de classe é uma condição para a vitória, na Goodyear e em outras plantas. Para isso, todas as propostas de encontros entre equipes sindicais pela base para refletir ações e um programa comum, vão pelo bom senso e devem ser apoiadas. Senão, poderemos correr o risco de ir de um ato a outro, o dia 7 de março após o dia 12 de fevereiro e após o dia 29 de janeiro por exemplo, um pouco a semelhança das jornadas de mobilização sem preparação, que são organizadas conscientemente pelas direções das grandes Confederações para fazer baixar a pressão de uma parte, mas sobretudo, desmoralizar e desfazer toda perspectiva de continuidade e de construção de uma correlação de forças duradoura.

Os setores mais avançados e mobilizados hoje devem tomar a responsabilidade de chamar uma reunião de forma a discutirem entre os militantes e trabalhadores conscientes do fato de que será preciso batalhar para resistir. Nesse cenário, será possível abordar em um debate fraternal o conjunto dos problemas políticos que se colocam diante de nós que nos impedem nos dias de hoje a organizar a contra-ofensiva. Isso passa por identificar nossos inimigos que não são somente os patrões, mas igualmente o governo de esquerda, de forma que se questione a respeito da ruptura de qualquer ilusão levando em consideração que um Hollande seria um mal menor com relação a Sarkozy, ou ainda com relação a qualquer lógica de pressão pela maioria socialista no Parlamento que defende hoje Mailly e Thibault-Leapon sobre a discussão do projeto de lei sobre a flexibilização da seguridade social. Esse quadro que se desenha permitiria igualmente de se questionar qual o programa avançar para vencer, de forma a deter a onda de demissões, colocando em debate a perspectiva de repartição das horas de trabalho entre todas e todos, mas também do controle operário e assalariado sobre a produção, ao nível de uma empresa, de uma verdadeira ligação do conjunto de um setor industrial ou econômico, de forma a permitir a unificação da classe em torno de suas próprias necessidades e de seus próprios métodos,

Nesse sentido, tal cenário de convergência deveria se referir ao conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras atacados, tanto do setor privado como do setor público, que as demissões que os atingem, sejam elas "bolsistas" ou não, sejam "justificáveis" ou não, ou seja, porque uma fábrica esteja em dificuldade, ou menos para que o grupo faça seus lucros. De fato, não somente as contas das empresas capitalistas estão guardadas em segredo pelos patrões, que as escondem ã vontade. Mas os trabalhadores e as trabalhadoras não devem pagar o pato pela incapacidade dos capitalistas de manterem viva uma atividade. É o sistema, seus próprios fundamentos, que estão em questão, sobretudo num período onde, devido a crise, os patrões são lançados em um grande programa de ajuste dos meios de produção, apenas para assegurar sua sobrevivência enquanto exploradores. A única maneira de impedir as demissões é, portanto, responder todos e todas juntos, construindo uma correlação de força nas fábricas e nas ruas, sem ter nenhuma ilusão com relação a qualquer lei do Parlamento. Inteiramente a serviço da burguesia, jamais o menos importante dos Parlamentos tomará alguma decisão que possa prejudicá-la. Nisto, o anúncio feito por Hollande é apenas uma cortina de fumaça que visa a enfraquecer a mobilização no momento em que setores centrais do mundo do trabalho começar a se levantar.

A grande agitação anti-operária da semana passada tem também mostrado uma coisa: até o momento, apesar do apoio silencioso da opinião popular, os trabalhadores em luta estão muito isolados ideologicamente. Há, portanto, um verdadeiro combate a ser dado para organizar a solidariedade, ligar trabalhadores e o conjunto da população, fazer ouvir em grande escala outra voz para além dos reacionários e burgueses. Também, as iniciativas que estão em curso devem ter apoio, ser amplificadas, popularizadas. E é também por essa razão que o pequeno cortejo de cerca de 30 estudantes em apoio aos trabalhadores em luta no ato de ontem tem tanta importância. Revivendo a chama da solidariedade ativa em direção ao mundo do trabalho, aos combates atuais e do papel revolucionário que poder ter, tal iniciativa poderia, caso seja massificada, aportar com um apoio essencial a todas e a todos os trabalhadores hoje em luta.

O emprego está, portanto nos dias de hoje, no coração da situação política na França, no grande prejuízo do governo que está cada vez mais febril e não procura nem mesmo salvar as aparências, se colocando doravante abertamente ao lado dos patrões ( Montebourg propôs por exemplo para a CGT Goodyear de “colocar água em seu vinho” a partir do anúncio do fechamento, traindo sem pestanejar as promessa que havia feito com Hollande na frente dos trabalhadores há um ano). A burguesia, que vê crescer a cólera e a organização da resistência, começa e temer. Portanto, não há tempo a perder em nosso campo de batalha: é preciso favorecer a unidade dos trabalhadores e trabalhadoras em luta independentemente das direções sindicais e desenvolver o mais rápido possível a solidariedade ativa desta maioria da população que sente que este combate é também seu.

 

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