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A realidade nos exige ser uma juventude revolucionária, combativa e classista
07 Dec 2011 | Essa é a tarefa que ficou marcada para os mais de 100 estudantes que estiveram presentes na plenária impulsionada pela Juventude As Ruas com os ativistas da greve da USP, no último domingo, 04/12.

Por Ana Carolina Oliveira, Iuri Tonelo

Essa é a tarefa que ficou marcada para os mais de 100 estudantes que estiveram presentes na plenária impulsionada pela Juventude As Ruas com os ativistas da greve da USP, no último domingo, 04/12. Nela estiveram presentes estudantes de São Paulo, da Unesp (Marília, Rio Claro e Franca), Campinas, PUC e USP; do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná.

A partir das discussões e reflexões que se abriram com o conflito de importância nacional que teve na USP, em que os estudantes travaram uma forte e importante campanha pela retirada da PM do campus e pela defesa dos 73 presos políticos no conflito, discutiu-se as lições e perspectivas de como avançar na conformação e consolidação de uma juventude revolucionária que começa a se constituir a partir dos processos reais da luta de classes em que viemos intervindo, buscando atuar dentro das universidades e colégios e se ligar as principais greves, como no último período buscamos fazer apoiando os trabalhadores dos Correios, Bancários, Unicamp etc.

Da USP ao Chile: as intervenções de abertura da plenária!

Nesse sentido, a plenária expressou desde suas intervenções iniciais a experiência da USP a luz da discussão sobre as lições da intervenção nesse processo: Gui, estudante independente da USP, partiu de detalhar os processos que ocorreram durante o conflito no último período, colocando a importância da auto-organização a partir do comando de greve com delegados revogáveis tirados nas assembleias de curso, que tem levado a uma experiência concreta de organização do movimento pela base, ressaltando ainda os entraves que tanto PSOL como PSTU estão colocando em relação a esta política de auto-organização; Caio, estudante independente da USP, relacionou a questão dos conflitos contra a entrada da PM no campus ã discussão nacional, em que a polícia atua como agente da repressão estrutural num país dito “Brasil potência”, mas montado na precarização do trabalho e na pobreza urbana. Assim, partiu-se de questionar a polícia no campus para o questionamento do papel da repressão no país inteiro, sendo a mesma polícia que está reprimindo e assassinando a juventude, militarizando a pobreza com ocupações e intervenções militares nos, morros, favelas e periferias. Ainda tivemos a intervenção de Aline, que a partir da discussão da USP, colocou a experiência que tiveram na construção da Chapa Cícera, que leva o nome de uma moradora da favela São Remo, negra e pobre assassinada pela polícia e em sua memória a importância de se construir entidades militantes, que se coloquem na perspectiva de ser a voz das milhares de Cíceras dentro e fora das universidades.

Na abertura, contamos com a presença também para compor a mesa da companheira Bárbara Brito, militante do Partido de los Trabajadores Revolucionários (PTR -organização irmã da LER-QI no Chile). A intervenção de Bárbara se pautou diretamente no debate a partir da rica experiência do movimento estudantil chileno, no qual centenas de milhares de estudantes saíram ás ruas para lutar por educação gratuita para todos. A partir da luta chilena, Barbara frisou importantes lições: a primeira é de que a discussão e o combate pela auto-organização foi uma experiência importante para estudantes chilenos (que chegaram a ocupar mais de 600 colégios durante o conflito), podendo tirar lições e fazer experiências concretas de auto-gestão, como o Colégio A-90; Bárbara Brito também relacionou essa questão com a necessidade de se combater a burocracia estudantil (que impede a auto-organização dos estudantes e a expressão da base dentro do movimento) e a necessidade de levar a luta do questionamento da privatização da educação contra os monopólios educacionais e empresários capitalistas que se utilizam da educação para aumentar cada vez mais seus lucros. Que para a juventude levar essa luta até a vitória era necessário se ligar aos trabalhadores, numa forte aliança operário-estudantil para vencer os capitalistas e a privatização da educação.

A parte inicial finalizou-se com a intervenção de Bruno Gilga, militante da LER-QI, que relacionando as lições do processo chileno com as diversas experiências que a juventude vem protagonizando no âmbito internacional, permitiu demonstrar como a luta dos estudantes da USP deve nos aparecer como uma escola de guerra para a construção de uma juventude revolucionária de milhares de jovens, que aprendam com os processos internacionais, intervenha de modo internacionalista nesses processos contribuindo com o avanço das lutas da juventude nos diversos países e possam protagonizar de modo cada vez mais intenso aqui no Brasil um questionamento profundo a universidade de classe, a burocracia acadêmica, ao filtro social que permeia as universidades - vestibular, aos gigantescos monopólios da educação no Brasil e, baseados no processo vigente, ao profundo questionamento dos aparelhos estatais de repressão, como a polícia militar, que vem reprimindo os ativistas e movimentos sociais. “Devemos construir uma juventude revolucionária de milhares, nacionalmente, a partir da fusão com os melhores setores de lutadores que surjam nos processos de mobilização”, reafirmava Gilga.

Aliança com setores do ME nacional, internacional e com trabalhadores!

A plenária também contou com importantes saudações: A companheira Camila, da Universidade Federal de Maringá, contou sobre o processo de ocupação naquela universidade parte de um cenário de ocupações e greves nas universidades pelo país inteiro, da luta que travaram e das lições para a necessidade da unificação do ME nacionalmente nas lutas.

Também tivemos importantíssimas saudações de companheiros dos metroviários (que trouxeram a solidariedade à luta da USP, a partir da disputa na categoria em criar um comitê de solidariedade e pela retirada dos inquéritos policiais dos 73 presos políticos); contou também com saudação de companheiros bancários, da agência 7 de Abril, a qual contou com a solidariedade ativa da Juventude As Ruas nos piquetes e ato na importante greve que tiverem este ano; teve ainda presença e saudação de Marcelo Pablito, diretor do Sintusp, que interviu colocando questões estratégicas de como forjar um sindicalismo realmente revolucionário e, nesse sentido, como enxergar o papel estratégico da juventude e a da aliança operário-estudantil na perspectiva de levar os processos e mobilizações a vitória.. A plenária contou também com saudações internacionais da juventude do Partido de los Trabajadores Socialistas - de companheiros também processados por sua aliança com os trabalhadores no conflito da fábrica Kraft, de 2009 - e também a saudação da Liga de Trabajadores por el Socialismo (organizações da Argentina e do México, respectivamente, ambas organizações irmãs da LER-QI), na perspectiva da integração das juventudes desses países na conformação de um movimento estudantil internacionalista.

Com muitas intervenções do plenário, abriu-se um vivo debate das lições da USP, e de todas as universidades presentes. Entramos também em discussões sobre outros processos abertos, como a greve de trabalhadores da UNICAMP, apoiado especialmente pelos estudantes do IFCH-Unicamp e processos de luta como o da moradia de Franca por permanência estudantil e de como a luta contra a polícia é um exemplo do que temos que construir no Rio de Janeiro. A luta pela retirada dos processos contra os 73 presos políticos da USP, tomou parte em varias intervenções, ressaltando a importância da centralidade deste eixo em um momento onde assistimos uma investida contra o conjunto dos movimentos sociais em todo território nacional.

Nesta linha, coube a denúncia a política do PSOL e PSTU que seguem a dar nenhum peso para esta campanha, tentando desviar o debate para a questão da segurança do campus, caindo em um debate corporativo, sem questionar as raízes da repressão estatal e o papel que cumpre diariamente a PM no extermínio da juventude negra e pobre das periferias, morros e favelas.

Entre os diversos debates, chamamos a atenção para a rica discussão na plenária acerca da reivindicação do marxismo na conformação da juventude: com bastante debate, a plenária expressou diversos setores interessados em ligar as discussões sobre teoria revolucionária com os processos concretos de atuação. Nesse sentido, votamos a construção de um seminário de férias com o objetivo de levar adiante e aprofundar as discussões que se abriram sobre o marxismo e outras tradições teóricas do movimento operário. As lições que se pode tirar dos grandes processos revolucionários do século XX são uma condição para preparar uma juventude revolucionária ã altura dos desafios do nosso tempo, e nessa perspectiva pretendemos aprofundar os debates sobre teoria revolucionária da plenária.

Uma juventude com uma estratégia revolucionária em meio a crise capitalista!

Fica cada vez mais clara a necessidade de superarmos, a partir dos processos em curso, a velha lógica de construção das burocracias de juventudes voltadas para eleições e aparatos: é necessário que construamos uma juventude que rompa com a conciliação e a passividade, construindo luta pelo questionamento da universidade de classe, elitista e racista, aprofundando o conteúdo estratégico da auto-organização e da luta contra a burocracia: isso se expressa de modo muito concreto na continuidade da luta na USP pela retirada da PM do campus e a retirada dos inquéritos contra os presos políticos, além dos diversos processos contra ativistas que vem sendo perseguidos pela reitoria, aprofundando o comando de greve e preparando uma forte juventude revolucionária para atuar desde as calouradas nas universidades e colégios no início de 2012. Nos marcos da crise econômica internacional e na ofensiva de ataques da burguesia para fazer com que a classe trabalhadora e a juventude paguem pela crise, queremos ser parte viva e linha de frente da juventude estudantil e proletária que se espelha nos exemplos mais avançados internacionalmente, como dos estudantes chilenos e que se prepara para fazer diferença na luta de classes ao lado dos trabalhadores.

A experiência nos processos iniciais de luta de classes, a partir da forte discussão em base a luta contra a PM na USP, nos leva a tarefa de criar uma juventude que relacione cada luta parcial sua numa perspectiva anticapitalista, pois sabemos que o capitalismo numa crise histórica não pode fornecer mais que miséria, pobreza e exploração. A juventude anseia pelo seu futuro: está realidade nos impõe nos forjarmos como uma juventude classista, combativa, internacionalista e revolucionária e queremos também aqui no Brasil, assim como no Chile, conformar uma “Juventude que vai por tudo”!

Chamamos a todxs a conhecer e construir a Juventude As Ruas!


07-12-2011

 

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