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Unificar a greve dos estudantes do IFCH, a luta dos trabalhadores da Unicamp e pelo FORA PM da USP
04 Nov 2011 | Há mais de duas semanas, os trabalhadores da Unicamp protagonizam uma forte greve pelo restabelecimento da isonomia salarial nas universidades estaduais paulistas, dado seus salários serem muito menores que os da USP.

Por LER-QI Campinas

Há mais de duas semanas, os trabalhadores da Unicamp protagonizam uma forte greve pelo restabelecimento da isonomia salarial nas universidades estaduais paulistas, dado seus salários serem muito menores que os da USP. Desde o dia 27/10, os estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, depois de monstruosamente reprimidos pela PM, numa brutal violação da autonomia universitária, colocam de pé uma luta pela expulsão da Polícia Militar (PM) da universidade. A partir de 01/11, os estudantes do Instituto de Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp saíram em greve em apoio à luta pela isonomia, colocando-se ao lado dos estudantes da FFLCH na luta contra a polícia.

A ruptura da isonomia nas estaduais paulistas, assim como a entrada da PM nos campi universitários, estão a serviço de um mesmo projeto de universidade elitista e racista, baseado na generalização do trabalho precário, na precarização e privatização do ensino, assim como na exclusão da maioria esmagadora dos filhos da classe trabalhadora e do povo pobre da possibilidade de acesso ao ensino universitário. A diferenciação salarial entre as universidades, assim como dentro de cada categoria entre efetivos, terceirizados e temporários, está a serviço de dividir as fileiras dos trabalhadores para implementar a terceirização e a precarização da universidade, colocando-a a serviço dos interesses do “mercado” e dos monopólios empresariais. A entrada da política nos campi, assim como a imposição de processos administrativos, jurídicos e policiais contra estudantes e trabalhadores está a serviço de quebrar a resistência daqueles que nos últimos anos vêm se opondo ã implementação desse projeto; assim como de reprimir qualquer reflexão ou produção de conhecimento que verdadeiramente questione o caráter de classe da universidade ou essa sociedade baseada na exploração e na opressão. A luta pela isonomia que emerge na Unicamp e pelo FORA PM que emerge na USP são duas batalhas profundamente ligadas dentro de um mesmo combate contra o projeto de universidade implementado pelo governo do estado, o CRUESP e as burocracias acadêmicas.

Juntamente com os estudantes do IFCH que agora entraram em greve, temos colocado nossos esforços a serviço de debater com os estudantes da Unicamp a necessidade de nos mobilizarmos para apoiar a greve de trabalhadores e a luta estudantil na USP, passando nas salas de aula e organizando ações concretas de solidariedade para que a greve dos trabalhadores possa triunfar!

É necessário fortalecer a mobilização estudantil em defesa a greve dos trabalhadores da Unicamp

A reitoria da Unicamp se mantém intransigente, tentando vencer a greve dos funcionários da Unicamp pelo cansaço. Frente a esse cenário, o PSOL (corrente interna Rosa do Povo), que dirige o DCE e a maioria dos centros acadêmicos há vários anos, pouco fizeram para mobilizar os estudantes em solidariedade ã greve dos trabalhadores, em especial se levamos em conta as dezenas de militantes que a Rosa do Povo tem ou influencia entre estudantes (sendo que é essa mesma corrente política que atualmente dirige o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp – STU!). A estratégia do PSOL/DCE é de declarar apoio de palavra frente aos trabalhadores e estudantes combativos do IFCH, ao mesmo tempo em que, na maioria dos cursos, fazem eleitoralismo desavergonhado, com uma campanha para as eleições do DCE que fala apenas das reivindicações mínimas dos estudantes de cada curso.

O PSTU, até agora, pouco ou quase nada tem feito para construir a solidariedade estudantil efetiva ã greve dos funcionários da Unicamp, pois têm dedicado o central de seus esforços militantes ás eleições estudantis e ao “plebiscito dos 10%” que discutiremos a seguir. Chamamos o DCE/Rosa do Povo e o PSTU a unir esforços a serviço de construir a solidariedade estudantil à luta dos trabalhadores, para que o apoio estudantil possa ser muito mais forte e decisivo, ajudando a que os funcionários triunfem contra a reitoria.

A luta pela isonomia e o FORA PM a serviço de um outro projeto de universidade

A luta pela isonomia salarial e pelo FORA PM não pode estar a serviço de manter a universidade elitista e racista tal como ela é hoje, uma “ilha” completamente separada da realidade da maioria esmagadora da população explorada e oprimida. A isonomia salarial entre os funcionários efetivos das estaduais paulistas deve se ligar à luta pela efetivação (sem necessidade de concurso público) dos terceirizados. Tanto porque os terceirizados recebem um salário de miséria, trabalham em condições subumanas, tendo seus salários e direitos recorrentemente não pagos, submetidos ã rotatividade permanente e sempre demitidos frente a qualquer tentativa de luta e organização; mas também porque é necessário reunificar as fileiras da classe trabalhadora que foram divididas pelo neoliberalismo. O FORA PM da USP deve ecoar a voz dos trabalhadores, jovens e negros que sofrem dia-a-dia com a violência policial nas favelas. A isonomia salarial e o FORA PM devem se ligar à luta para que a universidade no país não seja um privilégio de poucos, e sim que possa ser acessível aos filhos da classe trabalhadora e do povo pobre, o que só pode ser conquistado garantindo verbas suficientes para acabar com o vestibular e a estatizar as universidades privadas.

Massificar a mobilização nas estaduais paulistas para vencer! Por um movimento estudantil baseado na luta de classes!

Para colocar de pé uma forte mobilização para que triunfe a luta pelo FORA PM e pela isonomia e possamos dar passos além tanto na luta contra o projeto petista e tucano para a universidade como na luta em defesa da educação, é necessário organizar urgentemente um encontro de estudantes e trabalhadores da USP, Unesp e Unicamp. Para organizar e mobilizar os estudantes nessa perspectiva, fazemos um chamado ã conformação de chapas estudantis nessas eleições de final de ano que estejam a serviço de expressar, no terreno eleitoral e nas salas de aula, o programa e a estratégia de combate para que as lutas em curso possam triunfar.

Duas estratégias na luta por educação pública e de qualidade para todos

O PSOL e o PSTU têm feito muita propaganda do plebiscito pelos 10% do PIB para a educação, que estes impulsionam em uma campanha comum por essa demanda junto ã burocracia sindical governista da CUT e da UNE. O manifesto oficial do plebiscito não faz qualquer crítica ao caráter elitista e racista das universidades públicas ou ã transferência de verbas públicas para os tubarões do ensino através de programas como o PROUNI; nem mesmo faz qualquer crítica ã expansão sucateada das universidades federais implementada pelo governo Lula, ou ã precarização do ensino superior implementada pela educação ã distância dos governos petistas e tucanos.

A estratégia para lutar por mais verbas para a educação precisa partir da luta de classes! O ponto de partida para essas luta deveria ter sido unificar as duras greves de professores que ocorreram ao longo do ano por melhorias salarias e as lutas estudantis por reivindicações mínimas de condições de estudo, ligando essas questões mínimas e econômicas à luta política por mais verbas para a educação, pela efetivação dos terceirizados, pelo fim do vestibular e a estatização das universidades privadas. Entretanto, o PSOL e o PSTU, que dirigiram ou tinham peso minoritário em várias dessas lutas ligadas ã educação que ocorreram ao longo do ano, não lutaram para que elas se unificassem nem que superassem suas reivindicações corporativas.

Hoje, a estratégia para lutar pela educação deve partir de colocar todos os esforços para que a luta dos estudantes da USP pelo FORA PM e dos trabalhadores da Unicamp por isonomia seja vitoriosa. Entretanto, o PSOL e o PSTU têm feito justamente o contrário.

O plebiscito pelos 10% do PIB para a educação, construído completamente por fora da mobilização para a luta de classes como foi, só pode ter duas funções: para os governistas, lavar a cara do governo petista pela esquerda, como se fosse possível “pressionar” para que esse governo a serviço dos monopólios encare seriamente o problema da educação; e para o PSOL e o PSTU, nada mais que dividendos eleitorais (votos).

A estratégia para lutar em defesa da educação deve se basear na mobilização para a luta de classes, em primeiro lugar para o triunfo das lutas de estudantes e trabalhadores da educação em curso!

 

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