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Pelo fim do bombardeio imperialista contra Líbia! Pela queda revolucionária de Kadafi!
07 Apr 2011 | No dia 19 de março uma coalizão de potencias ocidentais encabeçada pelos Estados Unidos, França e Grã Bretanha, com o apoio dos governos pró-imperialistas da Liga Árabe e com a cobertura da ONU, começou um ataque militar contra a Líbia.

Pelo fim do bombardeio imperialista contra Líbia!

Pela queda revolucionária de Kadafi!

No dia 19 de março uma coalizão de potencias ocidentais encabeçada pelos Estados Unidos, França e Grã Bretanha, com o apoio dos governos pró-imperialistas da Liga Árabe e com a cobertura da ONU, começou um ataque militar contra a Líbia, anunciado na resolução 1973, aprovada no Conselho de Segurança da ONU. Uma chuva de bombas e mísseis lançados por via aérea e também a partir de barcos de guerra e submarinos estacionados na costa mediterrânea, caíram sobre alvos militares de Kadafi nas proximidades de Trípoli, Bengasi e outras cidades, e ainda não se sabe quantas foram as vítimas civis destes bombardeios.

Esta intervenção imperialista, chamada “Odisséia ao amanhecer”, é apresentada pelos Estados Unidos, França e seus aliados como uma “ação humanitária” que tem o suposto objetivo de “proteger a vida dos civis” líbios. Como já viemos denunciando, este discurso é uma grande hipocrisia: os mesmos que hoje atacam Kadafi e se proclamam embandeirados da “democracia”, foram a sustentação mais firme dos regimes ditatoriais árabes (como o de Ben Ali e Mubarak) e seguem sustentando seus agentes contra a mobilização popular, como faz Obama com a monarquia de Bahrein e da Arábia Saudita.

Com a intervenção na Líbia, as potencias imperialistas buscam impedir que uma eventual queda de Kadafi possa derivar no surgimento de um novo regime que questione seus intereses. Tentam ganhar legitimidade aparecendo ao lado dos “rebeldes” para poder intervir mais diretamente e colocar um limite ã onda de levantamentos populares que vem sacudindo os países do norte da África e da península arábica e poder assegurar “transições” ou desvios. Este processo, iniciado na Tunísia, segue se estendendo, como mostra a nova mobilização popular no Marrocos contra a monarquía, um regime aliado da Espanha, que entre outras coisas contribui para conter as ondas imigratórias para a União Européia; ou como o processo no Iêmen que deu um salto na tentativa de derrubar Saleh, um dos principais aliados dos EUA na “guerra contra o terrorismo”.

A operação militar “Odisséia ao amanhecer” não está isenta de contradições e seu resultado ainda é incerto. As potências européias se dividiram em relação ã intervenção na Líbia. O governo de Sarkozy, por razões de política interna, para mudar sua imagem por ter sustentado o ditador Ben Ali e com maior importância devido a seus interesses no Mediterrâneo, decidiu reconhecer de maneira unilateral o Conselho Nacional de Transição e foi um fervoroso impulsionador da intervenção militar junto ã Grã Bretanha, enquanto Alemanha se opôs e se absteve na votação do Conselho de Segurança da ONU.

Também ficaram evidente as divisões internas no governo norte americano, expressão da decadência hegemônica dos EUA.

Em questão de dias o presidente Obama mudou de posição e decidiu impulsionar a intervenção, apesar dos chefes do Pentágono terem se pronunciado explicitamente contra uma nova incursão militar em outro país mulçumano, levando em consideração que os EUA estão comprometidos no Iraque e no Afeganistão.

Essa mudança de posição é explicada por uma combinação de fatores que vão desde não permitir o protagonismo da França, até tratar de reverter a falta de influência norte americana nos novos processos do mundo árabe, que ficou exposta na recente viagem de Hilary Clinton ao Egito, onde conseguiu se reunir com os setores de jovens que foram parte do bloqueio policlassista que derrubou Mubarak.

A Liga Árabe, integrada pelas ditaduras e monarquias pró-imperialistas contra as que se levantam as massas, apoiou a resolução e deu uma importante cobertura ã ação militar evitando que os povos da região vejam esta como outra intervenção dos EUA junto a outras potencias em defesa de seus interesses ou em busca de petróleo. Mas frente ã perspectiva de que os bombardeios terminem causando um alto número de mortos na população civil, começaram a questionar moderadamente o alcance dos ataques da coalização.

Russia e China, por mais que tenham deixado a intervenção acontecer não usando o seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, não se privaram de criticar os bombardeios.

Tampouco estão claros quais são os objetivos políticos da intervenção e se os sócios da coalizão imperialista que estão dirigindo a intervenção os compartilham. Isso abre distintos cenários: um é que o objetivo se limite a conseguir, depois de alguns dias de bombardeios, que Kadafi negocie sua rendição em troca de imunidade e estabelecer um governo de “unidade nacional” entre os “rebeldes” e os restos do aparato kadafista; outro cenário possível, ainda que mais traumático, é o de uma divisão temporária do país entre uma zona controlada pelos “rebeldes” no leste e outra baixo controle de Kadafi ou seus seguidores no Oeste. Mas também não pode se descartar que um objetivo de “mudança de regime” pela via militar, se não se obtêm facilmente, implique uma escalada da intervenção imperialista, inclusive com tropas terrestres, abrindo a possibilidade de uma guerra de contra-insurgência como a do Iraque ou Afeganistão, mas neste caso frente ás costas européias.

Estas contradições emergiram à luz pública a poucos dias depois de iniciado o ataque, com uma discussão sobre quem deveria seguir liderando a operação, se enfrentam por um lado Estados Unidos e Grã Bretanha, partidários de que o comando da operação seja da OTAN e França que apresentou reservas.

A direção “rebelde” do Conselho Nacional de Transição libio, ante a superioridade militar de Kadafi, em vez de apelar ã solidariedade ativa dos trabaladores, dos jovens e dos setores populares que, desde a Tunísia até o Iemen e desde Senegal ao Marrocos, estão mostrando seu heroísmo para enfrentar a seus governos reacionários, vem solicitando há semanas a intervenção imperialista pra frear Kadafi, criando ilusões nos milhares que se levantaram em Benghazi e outras cidades de que o imperialismo pode atuar a favor dos interesses das massas populares. Pior ainda, a CNT, integrada majoritariamente por ex-funcionários kadafistas, setores médios acomodados e burgueses opositores, deu garantias ás distintas potências que respeitariam os negócios petroleiros e os investimentos imperialista no país. Por sua vez, não tiveram a menor política para as centenas de milhares de operários imigrantes que trabalham na Líbia, que são a maioria da população trabalhadora e que foram deixados a sua própria sorte por um e por outro bando.

A esquerda reformista, entre eles os Partidos Verdes de vários países europeus, o Partido Socialista e o Partido de Esquerda na França, entre outros, vem usando o argumento social-democrata de que a intervenção militar dos Estados Unidos, da França, Grã Bretanha e seus aliados permitirá ao povo libio obter conquistas democráticas, para justificar sua capitulação escandalosa ã intervenção militar imperialista, como já fizeram com argumentos “humanitários” na guerra da ex-Yugoslavia ou em Kosovo.

Os marxistas revolucionários colocamos claramente que o imperialismo não intervêm para que triunfe o levantamento popular contra Kadafi, senão para tratar de impor um governo títere a serviço de seus interesses, como fez trás a invasão no Afeganistão e no Iraque. Tão pouco a saida é, como colocou Chavez e outros “progressistas”, se subordinar a Kadafi que não só se transformou em um ditador pró-imperialista, senão que está em uma guerra contra-revolucionária para esmagar o levantamento popular que colocou em questão seu domínio, como parte dos levantamentos na região. A única saida progressista para o povo libio é lutar enérgicamente tanto contra a intervenção imperialista como para derrotar ã reacionária ditadura de Kadafi. Nesta luta os aliados do povo libio são os trabalhadores e os setores populares que se levantaram no Norte da África e em outros países árabes contra os regimes ditatoriais e as monarquias pró-imperialistas; os trabalhadores, os jovens e os milhões de imigrantes que nos países imperialistas podem boicotar a política guerreirista de Sarkozy, Zapatero e companhia; e o conjunto dos explorados de todo o mundo.

Chamamos ás organizações operárias, estudantis e populares, organismos de direitos humanos e partidos de esquerda, a organizar ações e mobilizações para repudiar a agressão militar imperialista e em solidariedade com a luta do povo libio.

Abaixo a intervenção militar imperialista na Libia!

Abaixo Kadafi. Por um governo operário e popular!

DECLARAÇÃO DA FRAÇÃO TROTSKISTA PELA RECONSTRUÇÃO DA QUARTA INTERNACIONAL – FT-QI
22-03-2011

 

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