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Romper o diálogo e retomar as ruas
por : Juan Andrés Gallardo

19 Oct 2009 | O objetivo do diálogo é buscar uma reformulação do acordo de San José que havia sido impulsionado pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, com o respaldo dos EUA, da OEA e dos governos latino-americanos, incluindo os da ALBA, para impor uma saída reacionária ã crise aberta com o golpe civil-militar de 28 de junho encabeçado por Micheletti, e (...)

Depois de três dias de recesso, na terça-feira, 13/10, se restabeleceu a mesa de diálogo conhecida pelo nome de Dialogo Guaymuras, entre os golpistas e a comissão que representa o presidente deposto, Manuel Zelaya. O objetivo do diálogo é buscar uma reformulação do acordo de San José que havia sido impulsionado pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, com o respaldo dos EUA, da OEA e dos governos latino-americanos, incluindo os da ALBA, para impor uma saída reacionária ã crise aberta com o golpe civil-militar de 28 de junho encabeçado por Micheletti, e legitimar o regime por meio das fraudulentas eleições convocadas para 29 de novembro. Lembremos que o acordo de San José inclui a restituição de Zelaya mas com um gabinete de golpistas, que ficariam impunes, e o compromisso de não convocar uma Assembléia Constituinte.

No fechamento dessa edição, alguns meios de comunicação informavam que se haveria chegado a um acordo sobre a restituição de Zelaya, ainda que não se soubesse quais seriam as condições da mesma. Os golpistas vinham se mostrando duros sobre esse ponto e uma das alternativas, pior ainda que a do acordo de San José, é que Zelaya assuma apenas para legitimar o processo eleitoral de 29 de novembro.

Zelaya, por sua vez, mostrando sua vocação para o diálogo, saiu a matizar o “ultimato” que havia lançado na semana passada quando pedia sua restituição antes de 15 de outubro para reconhecer, em troca, o processo eleitoral. Agora diz que a data é negociável e que o importante é que seja antes das eleições. Como demonstrou desde o primeiro dia ao aceitar todos os termos do acordo de San José, a política de Zelaya sempre esteve a serviço da negociação com os golpistas, utilizando inclusive as mobilizações de rua para melhorar sua posição frente ao diálogo e nunca para fortalecer o movimento de resistência. Com os acordos firmados, Zelaya já aceitou a total impunidade para os golpistas e entregou a possibilidade de convocar uma Assembléia Constituinte.

O acordo com os golpistas é tão escandaloso que a Frente Nacional de Resistência (FNR) que fazia parte da mesa de diálogo por meio de seu porta-voz, Barahona, teve de retirar-se quando Zelaya assinou o ponto que sepultava a possibilidade de convocar uma Assembléia Constituinte.

Ao renunciar como membro da comitiva zelayista, Barahoma disse que “O acordo de San José, em um de seus pontos, estabelece a renuncia ã Constituinte e o Presidente Zelaya aceitou esses pontos, mas a Resistência não os aceitamos nem vamos aceitar, mesmo que respeitemos essa determinação da renúncia dele. Quando se restituir o Presidente, a Resistência voltará ás ruas para lutar pela Constituinte”.

Ou seja, a direção da FNR, que com o ingresso ã mesa de negociação havia legitimado o diálogo com os golpistas e contribuído ã desmobilização da resistência, ainda que num cenário onde continua a repressão e as perseguições, agora com sua saída do diálogo não se propõe virar o jogo e romper com a saída negociada, nem muito menos acabar com o regime golpista mediante a mobilização nas ruas e a convocação a uma greve geral. Uma vez mais voltam a chamar a confiança em Zelaya, que está entregando todas as reivindicações no diálogo com os golpistas e mobilizar apenas como medida de pressão para fortalecer a posição de Zelaya. Sua saída da mesa de negociação não é mais do que uma forma de preservar-se como direção da resistência frente a esse acordo escandaloso e de maneira preventiva, evitar qualquer possível transbordamento depois de mais de 100 dias nos quais o povo hondurenho tem realizado ações de todo tipo contra os golpistas.

Para além de como se desenrolem as negociações nos próximos dias, já ficou provado que o diálogo não tem outra finalidade que preservar o regime oligárquico hondurenho, enquanto as aspirações de convocar uma constituinte desaparecem de uma vez e os responsáveis pelo golpe ficam impunes.

É preciso romper com o diálogo e retomar o caminho da luta e da mobilização na perspectiva de organizar o boicote ás eleições e a greve geral indefinida até derrotar os golpistas e impor um governo provisório das organizações operárias e populares.

 

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