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Os empresários também são culpados
15 Mar 2006 |

Os empresários também são culpados

Por: PTS

Fonte: La Verdad Obrera N° 182

O grande empresariado nacional e estrangeiro, que sob o apoio de Kirchner segue tendo super-lucros, foi o principal instigador do golpe genocida de 1976.
Recentemente se difundiu a colaboração dos gerentes da Ford (provedora dos tristemente célebres “Falcão verdes” ã ditadura) no desaparecimento de delegados da fábrica de Pacheco. Nos anos transcorridos tornou-se conhecido o fato de que na Mercedes Benz os gerentes, em cumplicidade com o sindicato, entregavam os operários ao exército.

Esta prática não foi exclusividade das patronais estrangeiras, senão que também do “empresariado nacional”, tão protegido por Kirchner. Para recordar só um caso emblemático: na metalúrgica SAIAR de Quilmes, propriedade de Federico Zorraquín, seu gerente geral Martínez Riviere comandava diretamente as revistas diárias aos operários que resultou no desaparecimento de 12 companheiros, incluída toda a comissão interna. Este gerente seguiu trabalhando impunemente, sob esta democracia, para o Grupo Zorraquin até o ano de 92 e após como consultor de empresas, entre as quais figuravam o Banco Nación, Edesur, Massalín Particulares, Sideco Americana e Skytel.

A mesma cumplicidade entre empresários e militares pôde comprovar-se com os donos dos Astilleros Astarsa, os Braun Menéndez, descendentes dos Menéndez Behety que em Ancindar permitiram a instalação de um quartel da polícia dentro da fábrica, ainda antes do golpe, como centro de detenção. Ou com a senhora Herrera de Noble, dona do Clarín, que esta justiça deixou impune apesar da denúncia pela tenencia de dois filhos desaparecidos. Por toda esta classe social falou Martínez de Hoz, quando confessou ante uma Comissão Bicameral em 1985: “Sendo eu presidente do Conselho Empresário Argentino, no ano de 75 fui com um grupo de empresários visitar Videla e lhe expusemos nossa preocupação de (...) que se deveria assegurar o império da ordem sobre todas as coisas”.

Denunciamos que os grandes empresários permanecem impunes sob esta democracia que lhes garante a continuidade de seu domínio de classe. Techint, Ford, Acindar, Arcor, Mercedes Benz, Astra, Celulosa, Bunge e Born, Alaur, Fate, Soldati, Pérez Companc, Macri, Fortabat, Garovaglio e Zorraquín, Pescarmona, Bulgheroni, Clarín e La Nación. Eles também são culpados junto aos militares e aos políticos cúmplices.

Quando se vai cumprir 30 anos do golpe militar, Kirchner pretende usufruir da comemoração do dia 24 de março. Não há nisso um ápice de “memória” nem de “verdade” bem de “justiça”. É puro cálculo midiático. Segundo vários analistas e pesquisadores que são tão queridos na Rosada, o presidente obtêm mais popularidade como “defensor dos direitos humanos”. Desde aí que buscam montar uma série de atos oficiais que contarão com a colaboração de Hebe de Bonafini das Madres da Plaza de Mayo e Estela Carlotto de Abuelas. O plano oficial é que estes cenários sejam a primeira plataforma (a seguinte seria um ato pelo 25 de Maio) no caminho de lançar sua reeleição - ou a eleição de Cristina Kirchner - para 2007.

O discurso oficial se baseia na descrença popular da reacionária “teoria dos dois demônios’ (segundo a qual se produziu o golpe de 76 porque a Argentina foi vítima de dois terrorismos, um de direita e outro de esquerda) já desgastada porque foi o discurso oficial de Alfonsín, Menem e De la Rúa. O kirchnerismo ensaia outro discurso, definindo-se a si mesmo como “filho das Madres de Plaza de Mayo”, e da “geração dos 70”. Tem alimentado esta pose com ataques militares genocidas já decrépitos, mas absolvendo de responsabilidade do empresariado no genocídio da última ditadura, e inclusive reivindicando a “burguesia nacional” que golpeou as portes dos quartéis há 30 anos. É uma grande enganação, não só sobre a “memória” e a “verdade” do que sucedeu no passado.

A classe empresarial não hesitará em apelar novamente aos métodos da ditadura ante o aprofundamento das lutas operárias e populares. Hoje mesmo a empresa Botnia que está construindo a fábrica que contaminará o rio Uruguai acaba de ser denunciada pelo intento de “contratar” gente para infiltrar entre os ativistas da Assembléia Ambientalista de Gualeguaychú que cortam a estrada contra a sua instalação. As petroleiras Repsol, Pan American Energy e Vintage Oil reclamam a presença permanente de efetivos policiais em Santa Cruz. É tanta a hipocrisia do governo que enquanto oficiará o 24 de março, mantém militarizada a cidade de Las Heras. Ali os policiais entram impunemente nos poços petroleiros para impedir as greves, há seis companheiros presos por lutar, os familiares dos detidos e os organismos de direitos humanos denunciam prisões ilegais, inclusive de um jovem de 14 anos, e perseguições aos delegados dos petroleiros e ao povo que os apóia.

Kirchner é “setentista da Repsol” para a qual governa.

24 de março: por uma grande jornada de luta

Neste 24 de março, os trabalhadores e estudantes conscientes junto ás organizações combativas e a esquerda devemos nos mobilizar de forma independente da tutela oficial. O programa acordado entre as forças que convocam a marcha unitária que se prepara na Plaza de Mayo é um passo muito importante no caminho de transformar o 30° aniversário do golpe genocida em uma verdadeira jornada de luta contra o governo, as forças armadas genocidas e os empresários instigadores do golpe. O governo tentou por todos os meios dispersá-la. O próprio Secretário Geral da Presidência Oscar Parrilli (que foi membro informante da lei de privatização da YFP no Congresso sob Menem) tentou atrair aos chamados organismos “históricos” de direitos (Madres Línea Fundadora, Familiares, Liga, MEDH, etc) para fazer uma ato “comemorativo” que não denunciará as políticas governamentais, oferecendo-lhes placo, som e até um “feriado nacional” com transporte grátis para a Praza. Até o encerramento desta edição. A manobra não havia dado resultados.

Após uma dura batalha que demos o PTS junto com o MAS, PO entre outros, se definiram as consignas convocantes que publicamos nesta página. Mas não somos ingênuos e sabemos que o governo ensaiará todo tipo de manobras para evitar um ato de luta. É por isso que é necessário redobrar todos os esforços.

A Verdad Obrera chama a seus leitores e amigos a realizar uma forte tarefa militante em cada local de trabalho e estudo para realizar uma grande campanha nacional para o 24 de março, para que os trabalhadores tomem em suas mãos esta jornada histórica, pronunciamentos dos corpos de delegados e comissões internas, atos em portas de fábricas, panfletagem, e desferir todo o tipo de iniciativas para confluir em uma massiva marcha na Plaza de Mayo e em todas as do país.

Na capital após o ato na Plaza de Mayo, o PTS convoca a todas as organizações da classe operária e a esquerda a se manifestar frente a sede da UIA (Unión Industrial Argentina), organismo onde se agrupa grande parte do empresariado que preparou o assalto genocida de 24 de março de 1976.

 

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