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Frente ã Guerra na Geórgia
por : Juan Chingo

10 Aug 2008 | Após a ofensiva da Geórgia contra a Ossétia do Sul, região separatista pró-russa, as tropas russas lançaram a maior intervenção desde a débâcle da ex União Soviética sobre uma ex República.

Fora as tropas russas da Geórgia!

Abaixo o governo pró-imperialista de Mikheil Saakshvili!

Pelo direito a auto-determinação e separação da Ossétia do Sul e Abkhásia se assim desejarem. Fora a OTAN e a influência e penetração imperialista dos EUA; e os imperialismos europeus da Europa do Leste e as antigas repúblicas da ex-URSS!

Após a ofensiva da Geórgia contra a Ossétia do Sul, região separatista pró-russa, as tropas russas lançaram a maior intervenção desde a débâcle da ex União Soviética sobre uma ex República. Na sexta-feira lançaram pelo menos duas bombas sobre a base militar georgiana de Bassin, próxima a sua capital, enquanto deslocaram um importante contingente de tropas no túnel de Roki, um movimento crítico para assegurar seu deslocamento ã Ossétia do Sul. Acompanhando este deslocamento militar, o presidente russo, Dimitri Medvedev, declarou que: “A Rússia historicamente tem sido e continua sendo a guardiã da segurança dos povos do Cáucaso”. Em outras palavras, Medvedev proclamou, sem tergiversar, o Cáucaso como zona de influência russa. Esta é a mensagem que a Rússia está enviando ao Ocidente.

A origem imediata do conflito é o temor da Ossétia do Sul em ficar marginalizada e perder suas esperanças de independência, caso a Geórgia e a Rússia avancem para um acordo (questão que vinham negociando). Sendo assim, começou a bombardear algumas cidades georgianas próximas a Tskhinvali, a capital de Ossétia do Sul. Os georgianos responderam com uma invasão, dominando a maioria dos subúrbios e cercando a capital. Isto fez com que a Rússia desse uma rápida resposta.

Entretanto, mais em geral, a origem do conflito é expressão, por um lado, do ressurgimento russo após do ascenso do bonapartismo de Putin, e por outro lado, da continuidade da política norte-americana de estabelecer um cerco sobre este país de forma tal que sua integração ã economia mundial dominada pelo imperialismo tenha um caráter cada vez mais semicolonial, assim como foi a dinâmica russa - somente temporariamente revertida - na década de 1990, durante o governo de Yeltsin. Expressão desta política, apesar de que os EUA tenham se visto debilitados nesta frente por sua débâcle no Iraque e na guerra no Afeganistão, foi a incorporação dos ex-países do Leste na OTAN; sua intenção de incorporar a Geórgia e a Ucrânia, duas regiões centrais para Moscou nesta área; a decisão de instalar um escudo de mísseis na República Tcheca e, recentemente, o aval imperialista ã independência de Kosovo.

Por sua vez, Moscou tem a Ossétia do Sul como uma importante ferramenta para prevenir que a Geórgia se una ao Ocidente. A Ossétia do Sul declarou sua independência em 1993, um movimento que só foi possível e mantido até hoje, com o apoio de fato da Federação Russa. Mas o conflito vai mais além da Geórgia e do Cáucaso. Após seu humilhante retrocesso em Kosovo, onde suas reivindicações foram ignoradas pelos EUA e os países da UE, a Rússia está utilizando este conflito para redefinir a região.

Por isso, o que está em jogo aqui não só tem repercussões no Cáucaso, como também em todas as ex-Repúblicas da ex-URSS, em especial a fortemente disputada Ucrânia, o Kazaquistão e os Bálticos, que olham aterrorizados como os tanques russos violam a soberania de uma ex-República. Os próximos dias dirão até onde chega o tamanho e o alcance do atual conflito, se as tropas russas decidem ficar na Ossétia, ou se ao contrário, decidem avançar sobre a Geórgia. O que sim está claro, é que estamos diante a um novo grande foco de instabilidade internacional, expressão de uma situação mundial já muito turbulenta, como produto da crise econômica mundial em curso. Frente a isso, nós, revolucionários, dizemos:

Abaixo o governo pró-imperialista de Mikheil Saakshvili! Pelo direito a auto-determinação e separação da Ossétia do Sul e Abkhásia se assim desejarem. Fora a OTAN e a influência imperialista dos EUA; e os imperialismos europeus da Europa do Leste e as antigas repúblicas da ex-URSS!

A política abertamente pró-imperialista do governo de Tbilisi, a capital da Geórgia, é a melhor desculpa para que a Rússia impeça a total independência da Geórgia. Somente um governo georgiano operário e camponês, que rompa com o imperialismo norte-americano e da UE, pode ter a autoridade para deter o nacionalismo grão russo, reunindo a única força capaz de derrotá-lo: os trabalhadores russos. Estes devem romper com a política xenófoba da burocracia restauracionista, que somente garante grandes negócios para um punhado de grandes barões capitalistas e os amigos do poder central, e retornar para as bandeiras internacionalistas proletárias e de defesa da auto-determinação dos povos, que permitiram a solução temporária do problema nacional na Antiga Rússia dos czares, durante os primeiros anos do bolchevismo até a reversão stalinista. Somente um partido que tenha lutado contra o stalinismo e faça um balanço profundo desta monstruosa experiência, não somente para as massas da ex-URSS, mas mundialmente, a seção russa da IV Internacional reconstruída, pode oferecer esta perspectiva.

 

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