Os trabalhadores da fábrica metalúrgica Sicartsa localizada em Lázaro Cárdenas Michoacán levavam 19 dias de greve em defesa da autonomia de sua organização, contra a ingerência direta do governo sobre o sindicato. Depois de que a Secretaria do Trabalho decretara a greve ilegal, se expediu uma ordem de desalojamento que se fez efetiva durante a manhã de ontem. Mais de oitocentos efetivos da polícia estatal, polícia federal preventiva e grupos especiais avançaram em direção ã fábrica armados com gases lacrimogêneos, balas de borracha e armas de fogo.
A tremenda repressão policial ordenada pelo governo federal e apoiada pelo governo perredista de Cárdenas Batel, provocou a morte de dois operários produto de tiros de arma de fogo. Fox, depois de uma reunião com o gabinete deu instruções de “preservar a ordem”, “manter o estado de direito”, e disse que “na democracia ninguém está acima da lei”. O que está por trás desta brutal repressão, que pode ser considerada como a mais encarniçada dos seis anos de governo foxista, é a necessidade do governo federal e estatal de proteger a todo custo os interesses dos magnatas da metalurgia e mineraria no México. Assim como em “Pasta de Conchos” a patronal e o governo atuaram e atuam como garantidores e guardiões das milionárias fortunas dos donos da indústria mineira sobre a base da superexploração dos operários que arriscam suas vidas.
O intento de desalojamento em Sicartsa é o ponto mais alto da ofensiva do governo e da patronal contra os trabalhadores e sua organização. Apesar do intimidante operativo policíaco, acompanhado pelo exército, os operários conseguiram afugentar a polícia, já que depois de seis horas de enfrentamento, começaram a chegar contingentes de apoio de outras plantas da cidade e a polícia recebeu a ordem de recuar em direção ás praias e pontos “vitais” da cidade. O que o governo quis configurar foi a possibilidade de que a população (composta por famílias operárias) e novos contingentes, se somaram ã defesa da fábrica e esta se convertera em um verdadeiro levantamento de todo o povo trabalhador de Lázaro Cárdenas.
Ainda que os operários mantenham o controle da planta, o local está rodeado pelas forças repressivas, e é possível que uma nova tentativa de desalojamento aconteça. Por isso é fundamental que as organizações sindicais, políticas, sociais e de direitos humanos, iniciemos uma campanha urgente de solidariedade ativa, rechaçando a intervenção governamental nos sindicatos, apoiando o direito dos trabalhadores a se defender da repressão.
Uma tarefa urgente é a greve nacional do setor mineiro contra esta ação. Propomos que os sindicatos e organizações políticas, camponesas e populares, como o SME, a UNT e “La otra campaña” chamem ã mobilização urgente e imediata em todo o país; há que preparar uma grande paralisação nacional em solidariedade com os heróicos companheiros de Lázaro Cárdenas para obrigar a retirada imediata do exército e das forças repressivas, conseguir julgar e garantir o castigo aos mandantes e executores da repressão e do assassinato de dois companheiros trabalhadores, e para lutar contra ab ingerência do governo nas organizações operárias.
Castigo aos culpados do assassinato dos companheiros trabalhadores!
Não ao desalojamento!
Viva as greves de Lázaro Cárdenas e Nacozari!
Fim da intervenção do Estado nas organizações operárias!
Por uma verdadeira democracia sindical conquistada pelos trabalhadores!
Paralisação nacional para frear a repressão e conquistar as demandas dos trabalhadores!
Hoja Obrera
Agrupación Estudiantil Rompiendo Cadenas
Juventud Trabajadora Barricada de Ecatepec
Liga de Trabajadores por el Socialismo- Contracorriente
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