A queda total das bolsas durante as últimas semanas, apesar da série de medidas sem precedentes tomadas pelas autoridades políticas e econômicas, a FED e outros bancos centrais de todo o mundo mostra que a força do processo de fim do endividamento e desvalorização de ativos da economia mundial é quase irrefreável, como explicita a brutal queda de mais de 20% das principais bolsas do mundo. Nos EUA tanto o Down Jones como o S&P 500 tiveram quedas superiores a 20%, pior inclusive que em qualquer semana do Grande Crack de outubro e novembro de 1929 ou do crash da segunda-feira maldita de outubro de 1987. Tanto Wall Street, a bolsa de Londres, o Nikkei 225 e outros indicadores bursáteis europeus caíram cerca de 40% de seus picos alcançados em outubro do ano passado.
Se a reunião do G7 não tomar medidas “ultra-radicais” como novos cortes nas taxas de juros, já quase zero nos EUA; sustentar bancos solventes mas ilíquidos e deixar cair os outros mediante nacionalizações com poderes arbitrários, chegando a alguns extremos a nacionalizações completas temporárias, ao menos dos bancos mais importantes, vulnerando o sacrossanto direito de propriedade de alguns banqueiros e acionistas - como já o fez em uma pequena medida o Banco da Inglaterra invocando as leis anti-terroristas para salvar os ativos britânicos nos bancos da Islà¢ndia; por dinheiro em massa no setor corporativo para evitar bancarrotas das firmas que estão paralisadas e podem deixar de operar por falta de crédito; programas de obras públicas, entre outras. E, o mais importante, “convencer” os países com superávit de conta corrente que sigam financiando os que estão endividados e têm importantes déficits de conta corrente, como os Estados Unidos, que absorve 44% do superávit de conta corrente mundial (esta porcentagem ascende a 63% se somamos a Inglaterra, o estado Espanhol, e a Austrália), e assim evitar um ajuste desordenado dos desequilíbrios mundiais.
Nos marcos do capitalismo, só medidas extremas como estas, quiçá (com um grande ponto de interrogação) poderiam evitar ou retardar a perspectiva imediata de um descalabro financeiro e uma depressão global - seja ã “japonesa” ou similar ã de 1930, com todas as diferenças do caso - ainda que não a recessão global, já que esta é irrefreável. A crise financeira mundial pode se transformar em uma dura queda econômica da qual não se salvará nenhum país do mundo, e trará conseqüências deflacionárias brutais.
Está por ver-se então, se depois da pior semana nas bolsas de toda a história do capitalismo mundial, os representantes do G7 têm a vontade política e o nível de acordo entre eles - de conteúdo e não de fachada - para aprovar um plano de medidas concretas de emergência ã altura de semelhante vendaval que se abre. Muitos duvidam que isso ocorra. De qualquer maneira, as saídas dos capitalistas será descarregar a crise sobre os trabalhadores e as massas populares com suspensões e demissões massivas, recorte nos gastos públicos e maior pobreza. Se abriram tempos difíceis com enormes conseqüências sociais, políticas e geopolíticas de caráter histórico que pode desencadear uma forte luta de classes contra os devastadores efeitos da crise.
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