FT-CI

México

Todo apoio aos trabalhadores da eletricidade

26/10/2009

Desde o sábado dia 10 de outubro, o governo de Felipe Calderón anunciou a extinção da companhia Luz y Fuerza del Centro e a demissão massiva de toda a fábrica de trabalhadores, o que envolve ao redor de 46.000 sindicalizados no Sindicato Mexicana de Eletricistas. Desde então, no México existe uma enorme e constante mobilização dos trabalhadores eletricistas, que se opõe a esta medida e que estão realizando distintas ações de protesto, entre as que se anunciam uma possível paralisação nacional para as próximas semanas. Entrevistamos a Pablo Oprinari, da Liga de Trabajadores por el Socialismo, LTS, organização irmã da LER-QI no México.

Pode-se ler mais sobre a luta em

http://www.laluzesdelpueblo.blogspot.com

LVO: Sabemos que na quinta 15/10 se realizou uma ação muito importante contra a medida de Calderón sobre Luz y Fuerza, pode contar-nos mais sobre essa jornada?

Em primeiro lugar temos que dizer que esta mobilização se dá em um contexto de grande atividade por parte de milhares de trabalhadores eletricistas, que recorrem ás ruas, universidades, colônias, difundindo sua luta, chamando ã sociedade por parte do povo trabalhador, solicitando o apoio econômico e material para seu fundo de resistência.

A marcha do dia 15 foi convocado pelo Sindicato Mexicano de Eletricistas, que agrupo a 46.000 trabalhadores, e é uma das organizações operárias mais importantes deste país, e que está em perigo de desaparecer por conta do decreto de Calderón. Na mesma se concentraram ao redor de 300.000 pessoas, em um percurso de mais 6 quilômetros que iniciou ás 4 e meia e concluiu recentemente ás 10 da noite. Com a participação de dezenas de milhares de trabalhadores eletricistas junta a suas famílias, assistiram também nutridos contingentes de trabalhadores da UNAM (Universidade Nacional Autônoma do México) e de outras universidades, telefonistas, professores, entre outros, assim como setores das classes médias. A marcha cantou consignas de solidariedade com o SME, tais como “Aqui se vê a força do SME” e outras como “Se não tem solução, haverá revolução” e mostrou uma importante combatitividade e decisão de luta. Participaram da marcha também nutridos contingentes estudantis da UNAM, do Instituto politécnico, da Universidade Autônoma Metropolitana e outras universidades, o que mostra uma tendência ã unidade operário-estudantil que não se via desde os inícios da greve universitária da UNAM em 1999, e que a cada dia se acrescenta com as brigadas conjuntas que em todas as universidades se realizam em apoio à luta eletricista. De fato, podemos dizer que foi a mobilização operária mais importante dos últimos 15 anos. A participação dos trabalhadores na mobilização mostra a disposição que existe para enfrentar o ataque governamental. Em caso de continuar esta dinâmica, o que estará em jogo não só será torcer-lhe o braço ao governo, senão a possibilidade de que se inicie um ascenso da luta dos trabalhadores e do povo.

LVO: Vários setores de trabalhadores vêm se mobilizando nos últimos anos, e desde a LTS vêm apontando que esta medida, se se concretizar, sera um golpe para o conjunto do movimento operário mexicano

Efetivamente, nos últimos anos o México tem visto a luta de importantes setores da classe trabalhadora. Esse foi o caso do magistério oaxaquenho, que em 2006 encabeçou, junto a amplos setores populares, a Comuna de Oaxaca. E que em outros Estados da república, travou importantes lutas. É o caso dos trabalhadores mineiros, que tem protagonizado numerosas greves, e cuja organização sindical também está sendo atacada pelo governo. Neste contexto – e no marco de uma economia fortemente golpeada pela crise internacional e estadounidense em particular – é que o governo e a patronal tentaram descarregar novos golpes para que a crise a paguem os trabalhadores, e para amedrontar e evitar que se desenvolva a resistência contra os planos capitalistas. Nesta política reacionária, onde Calderón busca golpear primeiro para ganhar a iniciativa, é que se inscreve o ataque sobre o SME e a “extinção” de Luz y Fuerza.

Esta medida governamental persegue dois objetivos claros. Por uma parte, liquidar um setor operário que ainda tem importantes conquistas e aplainar o caminho ã privatização da produção e da comercialização da energia elétrica. Por outro lado, um objetivo claramente político, já que se busca quebrar a um setor chave do movimento operário e sua organização sindical, sentando um precedente para outras organizações operárias e dando uma lição ao conjunto dos trabalhadores do país. Nesse sentido, a luta em defesa dos trabalhadores eletricistas é uma tarefa de primeira ordem para todo o movimento operário e de massas mexicano.

LVO: Que perspectivas vêm ao redor das mobilizações que vêm se desenvolvendo contra a privatização do SME?

O governo evidentemente se jogou a quebrar a luta por cansaço, já que os trabalhadores não estão recebendo e dependem do fundo de luta para sustentar-se a si mesmos e suas famílias. Frente a isso, acreditamos que é fundamental contribur a que não decaia a moral mostrada na recente marcha, e multiplicar os esforços de apoio a esta luta, desenvolvendo e fortalecendo as brigadas e comitês de solidariedade, impulsionando o boicote ás agencias de cobrança, assim como o fundo em apoio à luta do SME.

Junto a isso, é fundamental uma resposta clara e contundente por parte das organizações operárias, onde estas – e em primeiro lugar as que participaram da marcha da quinta 15, como o sindicato de telefonistas, o sindicato de mineiros, o STUNAM, a CNTE, o SITUAM, entre outros – têm que chamar urgentemente a uma greve nacional em solidariedade com o SME para derrotar ao decreto presidencial. O perigo para a luta é acreditar que, mediante mecanismos institucionais tais como a promoção de uma “controvérsia institucional”, vai-se a fazer recuar esta declaração de guerra política do governo. Isso significa depositar ilusões em que uma instituição como o Congresso da União, que acaba de votar uma reforma impositiva reacionária ou, que a Suprema Corte de Justiça, claramente vinculada ao panismo, possam atuar a favor dos trabalhadores.

O que é fundamental é confiar em que só mediante os métodos de luta e de mobilização dos trabalhadores, como a greve, e em aliança com o conjunto dos setores populares, iremos pode derrotar o ataque de Calderón.

Pelo que aposta que a Mesa de diálogo com o Governo vá a ser uma saída aos milhares de trabalhadores despedidos e, à liquidação do contrato coletivo do SME, seria contraproducente para o movimento. Este próximo sábado 23 se tem anunciado a realização de uma assembléia de organizações sindicais e solidárias com o SME, como o STUNAM e outros sindicatos agrupados na opositora União Nacional de Trabalhadores. Acreditamos que isso é uma grande oportunidade para votar o chamado a uma Greve Nacional. Junto a isso, este primeiro esforço de coordenação e de discussão conjunta pode permitir impulsionar um grande encontro ou Assembléia de Organizações Operárias, camponesas, populares e política, com delegados rotativos, para discutir e resolver um plano de luta e mobilização.

Desde nosso ponto de vista, a derrota da ofensiva governamental abriria a porta para lutar pela renacionalização sem pagamento das áreas concedidas ao capital estrangeiro, sob controle dos trabalhadores que são quem, em comitês conjuntos com os usuários, podem garantir energia elétrica barata para as grandes maiorias e o quite de subsídios para as grandes empresas.

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