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México

O ascenso eleitoral do AMLO e as tarefas do movimento operário e popular

14/02/2006

O ascenso eleitoral de AMLO e as tarefas do movimento operário e popular

Por: LTS

Fonte: Estrategia Obrera N° 48

Desde o ano 2000 na América Latina se mostra uma crescente disposição a enfrentar os planos imperialistas e aos governos neoliberais, com importantes ações dos explorados (como na Bolívia, Argentina ou Equador). Isto representa um giro ã esquerda das massas, ante o qual as classes dominantes orquestraram processos eleitorais como desvio do descontentamento e a mobilização, nos quais os trabalhadores e o povo favoreceram com seu voto alternativas “anti-neoliberais” que despertaram grandes ilusões de que resolveriam as aspirações operárias e populares (como Lula, Chavez, Kirchner entre outros e agora Evo Morales).

Para além das diferenças existentes entre estes governos pós-neoliberais, para as classes dominantes nativas e o imperialismo norte-americano são uma opção necessária no caminho de recompor a institucionalidade e conter as tendências mais radicais de um movimento operário e popular que avança em sua ação e politização. E é que a política destes novos governos não ataca as bases do capital; pelo contrário, garantem grandes negócios para os capitalistas e o pagamento da dívida externa. Por isso, sua ação tende a se chocar com as aspirações dos trabalhadores e camponeses já que demandas como a renacionalização dos recursos naturais dos distintos países, o emprego digno para todos e a reforma agrária, necessariamente implica realizar a expropriação sob controle dos trabalhadores da indústria, a ruptura efetiva com o imperialismo e a reforma agrária radical, medidas que afetam decisivamente os interesses dos capitalistas e do imperialismo.

Neste contexto, as simpatias que despertou o triunfo de Evo Morales em nosso país, fortalecem as possibilidades de triunfo eleitoral para López Obrador, que se mostra também como uma variante progressista, anti-neoliberal e de oposição ao PRI e ao PAN.

O crescimento eleitoral do AMLO

Em um contexto marcado pela submissão de Fo0x ao governo norte-americano (expressado na aceitação da política contra os migrantes), de maior militarização (Acapulco), de novos roubos ao bolso dos trabalhadores e do povo (o aumento das tarifas elétricas e de gás) e de novos ataques a suas conquistas (segurança social), se desenvolveram as campanhas para as eleições presidenciais. Novas pesquisas mostram que o PRD mantém a vantagem em relação ap PAN e ao PRI; tanto que o PAN por ora em segundo lugar, capitalizaria a aspiração de estabilidade por parte das classes altas e setores médios acomodados em detrimento de um PRI, sacudido por problemas internos e perdendo a adesão dos setores populares que foram sua base eleitoral tradicional.

Mas por detrás do ascenso do PRD há fenômenos que expressam que o México não é totalmente alheio ao que se sucede no continente. A desilusão do povo trabalhador com o “governo de mudança” motorizou desde meados do ano 2003 importantes ações e mobilizações, como a paralisação de 31/8/2004, as mobilizações em defesa da indústria elétrica e dos trabalhadores do Seguro Social contra a reforma a seu Regime de Aposentadoria e Pensões. Em março de 2005 um massivo movimento democrático freou o intento reacionário de Fox, do PAN e PRI de desaforar López Obrador, que preparava o terreno para um ataque ao conjunto dos direitos democráticos. Estas mobilizações indicaram um incipiente giro ã esquerda entre os trabalhadores, setores da classe média e o conjunto do povo contra a continuidade foxista das políticas priistas.

A burguesia - com a cumplicidade das direções da CTM e da UNT- evitou que estas lutas se aprofundassem, garantindo a transição ao processo eleitoral de 2006, para reforçar a estabilidade política e as instituições do regime.
Entretanto, este processo de giro ã esquerda ainda que não se expresse em ações de luta, continuam se desenvolvendo. O fortalecimento da AMLO entre setores das massas é uma importante expressão desta grande desilusão com o resultado negativo de 6 anos de alternância e com o papel do PRI e do PAN. Amplos setores operários e camponeses estão optando por apoiar eleitoralmente (e nos marcos desta democracia burguesa) a uma variante, que consideram, resolverá parte de suas demandas por mudanças.

O verdadeiro caráter da política de AMLO e do PRD

Entretanto, há que dizer que o PRD ao chegar ao governo não resolverá as aspirações daqueles que os elegeram. Seu programa se limita a uma série de ínfimas medidas que não atacam as bases estruturais da exploração nem da subordinação ao imperialismo norte-americano, imprescindível para resolver as demandas de terra para os camponeses, emprego e salários dignos para os trabalhadores. È que o PRD apesar de seu discurso reformista e “progressista” é um partido burguês que sob uma postura “responsável” e “moderada” garante os interesses da classe dominante, e por esta via os compromissos com o imperialismo. Nos últimos anos vimos uma crescente direitização do PRD, expressada em seu papel como administrador dos negócios burgueses (como na cidade do México) e no recrutamento de conhecidos ex-priistas como Camacho Solís, Cota Montaño e Ebrard, aprofundando seu papel de sustentáculo do regime, que já tinham sob a direção cardenista.

Ainda que um futuro governo perredista realize gestos e discursos progressistas e outorgue inclusive algumas concessões ás massas seguramente manterá o essencial das medidas requeridas pelos capitalistas e de subordinação ao imperialismo.

Como colocamos antes, um governo do PRD gozaria de grande confiança entre os trabalhadores e sua popularidade lhe daria ampla margem para conter as aspirações populares, ante o qual AMLO se postula desde hoje como garantidor da estabilidade econômica e política. Sob esta perspectiva, seu triunfo eleitoral é uma opção viável para as transnacionais e a grande burguesia encabeçada por Carlos Slim Helú, no caminho de legitimar a alternância: como disse o presidente da Bolsa Mexicana de Valores “os investidores não estão preocupados” pelo seu possível triunfo (La Jornada 8/12/2005).

Por isso, como colocamos na página 3, é incorreta a posição das direções da UNT, SME e setores da esquerda que chamariam a votar por AMLO, participando das listas do PRD. A subordinação dos trabalhadores a uma direção burguesa que não resolverá suas demandas é uma farsa e abandona uma necessidade fundamental para uma posição classista: propugnar a independência de classe com respeito ao PRD, explicando que a classe dominante busca evitar o descontentamento para o voto em algum dos três partidos burgueses.

As repercussões da “outra campanha”

Que o México começa se por em harmonia com as tendências na América Latina se vê também na repercussão da “outra campanha”. Ainda que todavia não deu passo a um plano de mobilização que aponte a questionar a farsa eleitoral de 2006, a participação popular nos atos encabeçados pelo “Delegado Zero” e a quantidade de organizações camponesas, indígenas e operárias que vão ao encontro de Marcos indica que são milhares os que desconfiam do PRD e apóiam ativamente ao EZLN, que se apresenta ã esquerda dos partidos institucionais.

Este apoio ã “outra campanha” alimenta temores na classe política, conscientes de que esta poderia, no caso de contar com uma política correta e combinar sua ação com os sindicatos combativos e democráticos (como o SME), desenvolver-se numa perspectiva de mobilização; já que isto abriria maior polarização política e questionamento ã alternância (o que poderia fortalecer o abstencionismo em detrimento do PRD), na ante-sala mesma da eleição de 2 de julho.

Uma política de independência de classe

É necessário retomar e desenvolver as tendências progressivas expressadas nas lutas dadas desde 2003, para que o México se coloque lado a lado com as lutas de outros países da América Latina. Para isto é fundamental a independência política dos trabalhadores e que suas organizações sindicais (como o SME ou a UNT) rompam a subordinação ao PRD (e no caso da CTM, ao PRI). Há que confiar só em nossas forças, impulsionando a mobilização operária, camponesa e popular, desenvolvendo um plano único de demandas que lute contra o aumento das tarifas e a privatização dos energéticos, que enfrente a entrega ao imperialismo e o ataque contra as conquistas sociais, junto ás demandas dos camponeses e indígenas, como defendemos no artigo sobre o 3° Diálogo Nacional.

Ante as eleições, a partir da Liga de Trabajadores por el Socialismo - Contracorriente, propomos a necessidade de que as organizações operárias e de esquerda intervirmos com uma candidatura operária sem registro.
Impulsionamos esta luta ao mesmo tempo que dizemos que não há saída para as demandas da classe operária e dos camponeses pobres sob as propostas de humanizar o capitalismo e renegociar a relação com o imperialismo (como defende o PRD).

Enquanto um punhado de capitalistas nativos e estrangeiros sigam dominando todos os âmbitos da economia, como a indústria, continuará a exploração e a miséria para as massas, que só se acabará com o ataque ã propriedade privada e a dominação imperialista e impor um governo dos trabalhadores e dos camponeses pobres. E para isto há que construir um partido revolucionário da classe trabalhadora, que lute por uma saída de fundo, socialista, dando assim uma resposta íntegra e definitiva ás demandas operárias e populares.

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