FT-CI

DEBATE COM O PO ARGENTINO

O PO ataca a FT-QI para encobrir seu "nacional trotskismo"

13/10/2012

Por Graciela López Eguía

Osvaldo Coggiola, professor argentino da USP e militante do PO no Brasil ataca duramente a LER-QI no periódico “Prensa Obrera n°1241”, sob o ofuscado título: “Uma seita híper cretina”. O ataque do PO ás organizações que integramos a Fração Trotskista – Quarta Internacional, através do ataque ã LER-QI, é um tiro por elevação que busca semear a idéia de que os grupos da FT são clones do PTS, ou seja, seitas sem pensamento próprio. E tem o objetivo deliberado, gerando confusão, de tratar de ocultar o fracasso de sua construção internacional e o aprofundamento de seu próprio curso nacional-trotskista. Desde a ruptura do Partido Causa Operária (PCO) do Brasil com a CRCI em 2004 – iniciando a crise aberta deste reagrupamento – sem que mediasse nenhum debate público sobre os motivos da ruptura, nem Osvaldo Coggiola nem o PO conseguiram desde então construir um grupo trotskista neste país. Será por isso que querem fazer desaparecer a LER-QI? Vejamos.

A LER-QI, segundo Coggiola, ignoto grupúsculo brasileiro, conseguiu construir-se em setores do movimento operário e estudantil – com peso especial na USP – e em vários Estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais). Não obstante, o professor Coggiola, talvez absorvido pelo ambiente acadêmico uspiano, recorda que a USP está dirigida por uma reitoria e um elenco acadêmico notoriamente direitista, mas tem de ocultar que nossos companheiros são os principais alvos dos ataques. A LER-QI, ã qual ele se dirige de forma insultante – pondo de manifesto os vícios que traz dos círculos acadêmicos onde se maneja com total diplomacia, enquanto ataca de forma brutalmente sectária os revolucionários – integra atualmente com cinco membros a direção de um dos sindicatos mais combativos: o SINTUSP (Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo) e seus principais referentes têm processos abertos e são promotores da luta pela reincorporação do companheiro Claudionor Brandão – um referente da vanguarda e do trotskismo brasileiro – demitido por seu apoio à luta dos trabalhadores terceirizados da universidade. Coggiola também se faz de distraído sobre a importante corrente juvenil estudantil e intelectual conquistada pela LER-QI com peso em distintas universidades do Estado e do interior de São Paulo. Não desconhece tampouco que, sendo uma jovem organização, conta entre seus membros com um pequeno núcleo de dirigentes que foram parte do processo de fundação do PT a finais dos anos 70. Sua dinâmica de construção e as perspectivas de seu desenvolvimento são o que em realidade ofusca o militante do PO no Brasil e o que põe mais em evidência o fracasso de sua construção internacional.

Nosso internacionalismo

Desde nossa origens na luta política e ideológica com a LIT, corrente da qual proviemos, batalhamos contra seu nacional-trotskismo, que encobria com a construção de grupos em vários países, limitando-se a um internacionalismo puramente organizativo que terminou em um “messianismo nacional”, ou seja, considerando que a Argentina dos 80 era o eixo da situação mundial, “o farol do mundo”, aconteça o que acontecesse. Desde nossa ruptura, fomos adotando um ponto de vista internacional e, seguindo os conselhos de Trotsky, consideramos fundamental no método de construção internacional o embasamento nas lições estratégicas e nos balanços dos principais processos da luta de classes.

Nos últimos anos, frente ao desenvolvimento da crise capitalista, as organizações que integramos a FT-CI insistimos na necessidade de hierarquizar os assuntos de programa, estratégia e tática como centrais na tarefa de construir partidos revolucionários e na luta pela reconstrução da IV Internacional.

Nossos grupos, como parte de sua inserção, elaboraram lições dos principais acontecimentos que marcaram o cenário nacional de cada país: no Chile, com o estudo do período de Salvador Allende, assim como as conclusões sobre o papel do Partido Comunista; no Brasil, com a publicação das teses sobre o ascenso operário dos 70 em debate com as organizações trotskistas da época, indispensáveis para a luta política e ideológica presente; em debate com o intelectual trotskista Adolfo Gilly, as principais conclusões da grande revolução agrária mexicana de 1910, de Zapata e Villa, de nossos companheiros da LTS; as lições estratégicas de 50 anos de revolução e contrarrevolução nas Teses Fundacionais da LOR-CI (Bolívia); a delimitação teórico política com o morenismo como contribuição do PTS ao rearmamento da FT-CI, ademais de múltiplas contribuições teórico-político-programáticas publicadas numa variedade de revistas e livros. Ao mesmo tempo em que nos íamos provando na intervenção concreta em importantes processos da luta de classes e nas lutas políticas, em fenômenos mais históricos como foi a participação dos companheiros do México na greve da UNAM, ou da LOR-CI nos conflitivos cenários bolivianos que se foram configurando desde 2003. Na Argentina, assentando marcas no movimento operário, como a intervenção no processo de Zanon, um exemplo para a vanguarda operária, popular e intelectual a nível internacional. Atualmente na participação dos companheiros mexicanos no movimento juvenil #YoSoy132; a atuação do Clase contra Clase (organização irmã da LER-QI no Estado Espanhol) no fenômeno juvenil espanhol, dos “indignados” primeiro, e agora na luta dos sindicatos contra o ajuste de Rajoy; do PTR, que dirige uma agrupação estudantil, a ACR, com centenas de militantes e com presença não somente em Santiago, mas também em Antofagasta e em todas as cidades importantes, sendo a única expressão de algum peso do trotskismo chileno, como noticia a imprensa do país andino, que jogou um papel destacado na luta do movimento estudantil que enfrenta o regime da Concertación instaurado pela ditadura, combatendo não só as direções reformistas do PC mas as correntes populistas que são um obstáculo para a emergência do trotskismo; mas também a experiência de nossos companheiros da FT-CI na França, na luta por uma política revolucionária como parte do CCR no NPA.

Para nós, entretanto, a construção internacional não é igual a uma somatória de grupos nacionais: ao mesmo tempo que nos afiançamos em cada país, combatemos as pressões nacional-trotskistas praticando um internacionalismo ativo, militante, de intercâmbio solidário e controle internacional dos grupos. Diferentemente do método do PO, e com a intenção de por em debate a construção e o programa dos grupos para todos os leitores de “La Verdad Obrera” (periódico semanal do PTS), na seção Editorial da FT-CI e na página online (em vários idiomas), viemos dando seguimento das principais publicações e da atuação concreta na luta de classes dos grupos que a integram. Ademais, podem-se consultar os manifestos, resoluções e declarações das reuniões internacionais e conferências, assim como as que publicamos frente a fatos destacados da luta de classes.

Como corrente internacional viemos sustentando a vigência do marxismo e sua atualização em chave revolucionária em diferentes publicações teóricas e políticas. No mês de agosto, publicamos o mais recente número da revista teórico-política da FT-CI, Estratégia Internacional, onde é possível encontrar uma atualização da análise da economia, da política e da luta de classes internacional; um primeiro balanço do processo aberto desde o início da primavera árabe e os debates de estratégia política que se colocaram. E em especial, o artigo “Trotsky e Gramsci: debates sobre a estratégia da revolução no ’ocidente’”, que como colocamos, “é um capítulo do livro Clausewitz, o marxismo e a questão militar, de próxima publicação, onde junto com a abordagem da obra de Carl von Clausewitz, e de alguns de seus continuadores como Hans Delbrück, retomamos as principais polêmicas e elaborações sobre estratégia – política e militar – de Trotsky, como também de Lênin, Marx, Engels, Mehring, Luxemburgo e Gramsci”. Atualizando em chave revolucionária a política da Frente Única da III Internacional em seus Terceiro e Quarto Congressos, e a tática de “governo operário” na revolução alemã de 1923, ali colocadas, criticamos a política do Partido Obrero (PO) de apoio ao fenômeno europeu Syriza.

O “internacionalismo” do PO

A CRCI, corrente que o PO apresentava como base para a refundação da IV Internacional, está em processo de desintegração completa ou, como eles mesmo reconhecem nas Resoluções do Congresso de 20/07/12, “caiu na inação” e “o partido de combate, que reivindicamos para o Partido Obrero, deve aplicar-se por inteiro ã CRCI; não um círculo de diletantes que ruminam, obrigatoriamente, sobre os mesmos temas”.

Esta corrente, a 5 anos de iniciada a crise histórica internacional que se está desenvolvendo, somente conseguiu sacar uma declaração e está perdendo todos os seus grupos, sem cumprir com a elementar responsabilidade internacionalista de dar uma explicação e extrair lições para a vanguarda e a esquerda. O por quê das rupturas é um segredo guardado a sete chaves. Primeiro foi o Partido da Causa Operária do Brasil (em 2004) que rompeu, sem nunca se saber por quê; com o grupo grego de Savas Matsas não está clara a relação que os vincula, ainda que ambas as organizações mantenham diferenças sobre o apoio ao Syriza sem abrir um debate, que levou o PO a falar de “seitas estéreis”. Com o grupo italiano, há anos que não se sabe uma palavra, só se conhece publicamente que têm diferenças porque criticam o catastrofismo do PO.

Do periódico El Obrero Internacional, que seria a publicação estrela da CRCI, publicaram-se somente 7 números. O primeiro apareceu a 1 de setembro de 2004 e o último, onde anunciam na capa “Bancarrota Capitalista”, é de 21 de agosto de 2007, justamente deixou de publicar-se quando a companhia financeira Lehman Brothers dos EUA se via seriamente afetada pela crise provocada por créditos subprime que a levaria ã quebra no ano seguinte, abrindo a crise histórica internacional mais grave desde os anos 30. A CRCI se demonstrou como um “organismo de coordenação” sem homogeneidade nem acordos em comum na luta de classes. Em última instância, a crise da CRCI deixa em evidência a crise do “internacionalismo de ocasião” que promove o PO – e combatemos desde a FT – baseado em fazer acordos programáticos diplomáticos, ou seja, que não se baseiam em balanços claros da intervenção na luta de classes, com o objetivo de cobrir seu nacional-trotskismo. Para uma confirmação concreta da ruptura com o internacionalismo, há apenas que entrar na página da CRCI (www.crciweb.org.es/), cuja última declaração de seu Secretariado data de 1° de outubro de...2010, sem comentários.

Pelo contrário, os grupos que integramos a FT-CI nos consideramos uma fração do trotskismo em luta pela reconstrução da IV Internacional, sem autoproclamação. Não acreditamos que o Partido Mundial da Revolução social será um produto de nosso desenvolvimento evolutivo como corrente, mas que será o resultado de fusões e rupturas de setores reais com os quais coincidamos ou nos separemos, ao redor das lições estratégicas e dos balanços fundamentais dos principais fatos da luta de classes internacional.

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