FT-CI

Argentina

Mais de 4000 participantes na Conferência Nacional de Trabalhadores convocada pelo PTS

11/07/2012

Por PTS, Argentina

A conferência começou com a apresentação da mesa que ia presidi-la. Subiram primeiramente José Montes, referência da histórica luta contra a privatização do Estaleiro Rio Santiago; Raul Godoy, operário de Zanon, controlada por seus trabalhadores e deputado eleito da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores; Claudio Dellecarbonara, referência da ala classista do Corpo de Delegados do Subte (Metrô) e Javier Poke Hermosilla, o dirigente da Comissão Interna de Kraft que encabeça a oposição contra a burocracia de Daer.

Um cenário representativo do avanço da esquerda classista

Cada uma das apresentações foi acompanhada pelos cantos de milhares de trabalhadores e trabalhadoras presentes, junto a Juventude do PTS: “Vai acabar/ Vai acabar/ a burocracia sindical”. O mesmo aconteceu quando se apresentaram os cerca de 30 dirigentes que se somaram ao lado da mesa.

Representando as operárias e operários da alimentação de Kraft, PepsiCo, Stani, Felfort e outras fábricas de alimentação, subiram duas delegadas e lutadoras dos direitos das mulheres trabalhadoras, Lorena Gentile e Catalina Balaguer.

Hernán “Bocha” Puddu, representou os operários automotrizes de distintas fábricas que estavam presentes, como demitido pela FIAT IVECO e expulso pelo SMATA (Sindicato de Metalúrgicos s e Afins do Transporte Automotor) de Córdoba por defender os contratados. Eduardo Ayala, dirigente da agrupação Bordó de gráficos e da comissão interna da Donneley, falou em nome dos gráficos de Cedinsa, Printpack, World Color e outras empresas.

Foram seguidos por Guillermo Betancourt e Oscar “Chiche” Hernández, dois destacados lutadores metalúrgicos da Siderca-Campana e Siderar-San Nicolás, que representavam ainda, companheiros presentes da UOM (União dos Operários Metalúrgicos) de Vila Constitucíon, Quilmes, La Plata, La Matanza, Capital e Mar Del Plata.

Foram chamados a subir a mesa Flavio Bustillo e Andrés Padellaro, referências da luta contra a terceirização na Ferrocarril Roca. Foi o momento em que a Juventude do PTS saudou os companheiros cantando em homenagem a Mariano Ferreyra: “A Mariano Ferreyra vamos vingar/ com a luta e a greve geral”.

Se somaram, Franco Villalba, delegado da Alicorp (ex Jabón Federal) que encabeçou a Lista Bordó nas eleições do Sindicato de Operários do Sabão, conseguindo 37% dos votos nas fábricas da Grande Buenos Aieres; Carlos Artacho, delegado de base da FOETRA (Sindicato dos Trabalhadores das Telecomunicações) de Buenos Aires, acompanhado por trabalhadores e trabalhadoras da Telefônica, Telecom e de jovens dos Call Centers.

Carlos “Charly” Platkowski, delegado da LAN argentina, subiu representando os trabalhadores aeronáuticos da LAN, HAS, Aerolíneas Argentinas, Pertenecer e Intercargo.

Como parte da importantíssima participação de delegados e ativistas estatais, subiram a mesa as delegadas da junta interna da INDEC, Ana Laura Lastra e da IOMA (Instituto de serviço médico assistencial) de La Plata, Luana Simioni.

Chegou o momento de apresentar as delegações que chegaram de outros pontos mais distantes do país. Acompanhados pelo canto de “aqui estão, estes são/ os operários sem patrão” a delegação de Neuquén, que incluíam operários ceramistas de Zanon, Stefani, Del Valle, trabalhadores industriais da Aqualic, Papelera Molarsa, trabalhadores têxteis, da fruta, dos hospitais mais importantes da província e estatais de diversas áreas, foram representados pelo companheiro Secretário Adjunto do Sindicato Ceramista de Neuquén, Andrés “Chaplin” Blanco, Jorge Medina, dirigente da luta da Aqualic, junto a Yazmín Munõz e Graciela Franõl, delegadas da ATEN (Associação de trabalhadores da educação de Neuquén) e dirigentes da Agrupação Negra.

Pela província de Tucumán, tomaram seu lugar na mesa Carlos Melián, delegado da indústria cítrica, que veio acompanhado de trabalhadores da UATRE (União Argentina de Trabalhadores Rurais e Estivadores), da alimentação e Verônica Jerez, referência da memorável luta da província dos autoconvocados da saúde.

Desde Jujuy chegou uma importante delegação de trabalhadores dos engenhos açucareiros, da siderúrgica Altos Hornos Zapla, junto a trabalhadores estatais, municipais, docentes e trabalhadores da limpeza, que foram representados na mesa pelo delegado de trabalhadores municipais, do histórico SEOM (Sindicato de Trabalhadores Municipais), Alejandro Vilca.

Humberto, jovem boliviano, subiu como representante dos trabalhadores imigrantes presentes na Conferência, ocupados na construção, no trabalho doméstico e nas oficinas têxteis. Na subida do companheiro da comunidade boliviana, começou o grito das tribunas “A classe trabalhadora é uma e sem fronteiras”, que contagiou todo o estádio. O mesmo canto recebeu também o dirigente da fábrica Brulman, operário têxtil e integrante da assembléia Coro Mayta da comunidade bolivian, Yuri Fernandez.

Alicia Navarro Palacios, membro da Comissão Diretiva de Ademys, se somou, representando as companheiras e companheiros docentes de Ademys e UTE da cidade de Buenos Aires, dos SUTEBA (Sindicato dos Docentes) de La Plata, Ensenada, Quilmes, Lomas de Zamora, La Matanza, San Matín-Tres de Febrero, Tigre, Gral. Sarmiento de la Pcia de Buenos Aires, Bahía Blanca, da UEPC (União de Educadores) de Córdoba e da Associação de Trabalhadores da Educação de Neuquén.

Da província de Mendonça, que participou da Conferência com uma delegação de trabalhadores da imprensa, trabalhadores vitivinícolas, trabalhadores estatais e docentes, subiu a mesa a delegada docente Nora Brucoleri, que encabeçou a Lista Marrom em seu grêmio, obtendo mais de 20% dos votos nas ultimas eleições.

Representando os participantes da província de La Pampa, subiu ã mesa a companheira docente Claudia Lupardo; da província de Entre Rios a delegada também docente Marina Saint-Paul.

Como parte de uma delegação da província de Santa Cruz, de trabalhadores municipais e docentes, subiram ao lado da mesa o mineiro de Rio Turbio, Ramon Páez e Estela, trabalhadora municipal.

Hernán Perriere, delegado da SUTEBA, fez o mesmo como parte da delegação que chegou das cidades de Bahia Blanca, Ingeniero White, Puerto Madryn e Tres Arroyos, representando a delegação de trabalhadores da UOCRA (Sindicato da Construção), do comércio e do Pólo Petroquímico. Finalmente, o docente Gustavo Piscini subiu a mesa como parte da delegação de Mar Del Plata, que incluía trabalhadores metalúrgicos, telefônicos e da educação.

Por ultimo, desde a mesa, se saudou aos companheiros e companheiras de distintos lugares do país que estavam presentes, como os motorista de coletivos da UTA (Union Tranviários Automotor), trabalhadores portuários, de águas gasosas, bancários, trabalhadores dos correios, trabalhadores da carne, fosforeros, da indústria do vidro, do plástico, caminheiros, trabalhadores da principais fábricas da industria de pneus como FATE e Firestone, do emblemático grêmio de Luz e Força de Córdoba, jovens trabalhadores cervejeiros, empregados do Comércio, trabalhadores do grêmio químico, trabalhadores leiteiros de ATILRA, trabalhadores dos cassinos, operários da indústria do papel, e companheiras do sindicato de trabalhadoras domésticas.

Ao final da leitura da lista de participantes o estádio se uniu em um só canto, “Unidade dos trabajadores, e à quele que não goste, que se foda!”. Saudou-se ainda a presença de referências de organizações convidadas, entre elas María Del Carmen Verdú e outros companheiros membros da Correpi (Coordinadora con la Represíon Policial e Institucional), companheiros da AEDD (Associação Ex Detenidos Desaparecidos) e da Assembléia Popular Carlos Coro Mayta. Com a participação de militantes de 14 províncias que atuam em 143 sindicatos, se iniciava a Conferência Nacional de Trabalhadores convocada pelo PTS.

Os informes e discursos dos dirigentes operários

Raul Godoy propôs, para se votar por aclamação, a presidência honorária da Conferência. Tratava-se dos companheiros do PTS recentemente falecidos, Polo Denaday e Liliana Parotti, que foram exemplos de profissionais (advogado o primeiro, contadora a segunda) que colocaram sua profissão a serviço da causa da classe operária e da luta revolucionária; Mariano Ferreyra, militante do PO, assassinado pelas bandas da burocracia sindical de Pedraza, os mineiros do carvão do Estado Espanhol; as massas do Norte da África e a juventude que levanta contra o capitalismo em todo o mundo.

Logo em seguida, fez um informe sobre a situação que estamos vivendo, na Argentina e no mundo e as tarefas do movimento operário e da esquerda. Godoy falou que “Temos que dizer que se começa a mudar em grande escala a situação da classe operária: o que ontem foi uma experiência de vanguarda, o sindicalismo de base, hoje começam a ser experiências de setores de massa (...)Entramos em uma nova e apaixonante fase na experiência dos trabalhadores com um governo peronista (...)Nossa luta se inicia no marco de uma profunda divisão das fileiras operárias. Os sindicatos representam nada mais que uma minoria. São pouco mais de 30% dos 11 milhões de trabalhadores do país que estão afiliado a algum sindicato. Essa minoria é a que pode eleger, quando nos deixam, os dirigentes sindicais. Os 70% que estão informais, muitos contratados que vão de lugar em lugar e os não afiliados, ficam de fora. E acima, a burocracia sindical, tanto da CGT como da CTA, tem dividido as centrais em função da interna peronista e da oposição patronal de Binner (...) Por isso é fundamental não deixar nas mãos da burocracia, as legítimas demandas dos trabalhadores, nem tampouco o futuro em suas mãos.

Fomos milhares em todo o país que no dia 27, utilizando a convocatória, nos mobilizamos, mesmo com a direção de Moyano, porque as lutas que fazemos em cada local de trabalho foram levadas as ruas com a coluna na Praça de Maio ou na marcha de Neuquén, onde fomos tanto com a CTA como com a CGT mostrando a alternativa do sindicalismo de base ante os afiliados dos sindicatos de massas.

(...) É por isso que temos que reagrupar, com esta perspectiva, todos os que lutam para recuperar os sindicatos. Coloquemos uma data, junto aos companheiros da FIT, para uma grande Assembléia Nacional de Trabalhadores, de todos os agrupamentos antiburocráticos e combativos, para que juntos organizemos uma verdadeira alternativa que tenha a força de enfrentar a burocracia sindical em todas as suas alas.

(...) Hoje as distintas burocracias que dividem as CGT`s e as CTA`s carregam atrás de si projetos políticos patronais. Os Gordos de Cristina passam os fins de semana em sua mansão de Calafate enquanto nós trabalhadores sofremos penúrias. E particularmente Moyano que nos quer levar atrás de Scioli, o peronismo do bônus por parcelas. Para que não utilizem nossas lutas como base de manobras para projetos políticos patronais, temos que começar a fazer crescer a idéia de um partido próprio de nossa classe trabalhadora.

(...) Por isso, queremos debater nesta Conferência a proposta central de levar a dezenas de milhares de trabalhadores duas grandes idéias: por sindicatos sem burocratas, por um partido de trabalhadores sem patrões, junto a exigência de um plano de luta por um programa para o conjunto da classe trabalhadora”

Na continuação, tomou a palavra Claudio Dellecarbonara, que afirmou que “somos nós trabalhadores que cria e move tudo (...) na Argentina somos 11 milhões de assalariados, não há classe mais numerosa que a nossa, com nossas famílias somos a imensa maioria nacional (...)Nas ultimas décadas, os trabalhadores de serviços tem adquirido uma enorme importância, não só porque nas grandes concentrações urbana cada dia se faz mais estratégico o transporte de mercadorias e as comunicações, mas por que mobilizamos todos os dias o bem mais precioso do capitalismo: a força de trabalho. É por isso que perante cada greve nos serviços se vê uma enorme preocupação e ataques furibundos por parte dos empresários e do Estado que os representa (...)Queremos colocar os sindicatos a serviço das necessidades do conjunto da classe trabalhadora, dos oprimidos, dos que não tem voz, para lutar para coordenar esforços a acaudilhar os setores oprimidos, todas coisas ignoradas pela burocracia sindical”. Logo depois disse que “nós, delegados e ativistas honestos, por melhor que possamos ser na defesa das reivindicações de nossos companheiros, se não vermos a necessidade de construir uma alternativa própria, estaríamos deixando indefesos a estes mesmos companheiros frente aos burocratas que colocam os sindicatos a serviço dos projetos políticos dos capitalistas, nossos inimigos. Assim temos exemplos de muitos sindicalistas que diziam que não fazia falta um partido dos trabalhadores; agora os vemos apoiando o governos, como a maioria da direção de nosso sindicato. Virando as costas para a própria classe”.

Por sua vez, José Montes resgatou a tradição da classe operária, que não se limita as lutas sindicais. “De nós trabalhadores, todos os dias roubam parte do que produzimos com nosso esforço. Mas como se isso não bastasse, os ideólogos da ordem atual, querem roubar também nossa própria história. Querem apagar da história que faz mais de 180 anos que esta classe luta por suas demandas. Desde os primeiros dias desta luta, os trabalhadores se mostraram com a classe mais criativa da história da humanidade. Criaram suas próprias organizações, os sindicatos. Formamos os grandes partidos socialistas de massas e conseguimos as primeiras conquistas. Tudo mediante a luta. E no século XX, a classe operária fez a Revolução Russa. E os trabalhadores organizaram seu próprio Estado que alcançou as conquistas mais importantes da história da humanidade (...)Depois a classe operária conquistou Estados onde os patrões foram expropriados em um terço da humanidade, desde a China até Cuba na América Latina. Mas nossa classe foi capaz ainda de atrair para suas fileiras os melhores intelectuais do século XIX e XX: Marx, Engels, Lenin, Trotsky, Rosa Luxemburgo, Antonio Gramsci. Hoje, quando novamente e depois de anos de derrotas, a classe operária volta a se por de pé, temos que lutar pela nossa história porque é lutar pelo nosso futuro”.

A saudação das organizações convidadas

A mesa convidou para falar os dirigentes do Partido Obrero (PO) e Izquierda Socialista (IS), organizações que integram a FIT.

Néstor Pitrola, dirigente do Partido Obrero, tomou a palavra chamando a “fortalecer a Frente de Esquerda, intervindo em cada episódio da crise política de maneira a levar aos explorados com a esquerda a única saída possível”. Agregou ainda que “em 6 de agosto começa o julgamento dos assassinos de Mariano Ferreyra (...); fazemos o chamado para que nos mobilizemos, em conjunto, massivamente em todo o país”.

Graciela Calderón, docente da Comissão Diretiva do SUTEBA (Sindicato dos Docentes) de Matanza, trouxe a saudação da Direção Nacional da Izquierda Socialista e de Rubén Pollo Sobrero, Angélica Lagunas e Liliana Olivero. Em sua saudação, colocou, entre outras coisas, que é “importante a unidade dos dirigentes antiburocráticos e da esquerda classista, para que as lutas terminem vitoriosas. Por isso damos muita importância para debater, neste evento do PTS, ou na Assembléia Nacional Classista, que se pretende impulsionar (...)Saudamos essa convocatória (...)Nesta Assembléia Nacional Classista, propomos construir uma coordenadora genuína dos corpos de delegados, internas, com todos aqueles que se reivindicam antiburocráticos e combativos, mais amplo que a Frente de Esquerda. Pois diariamente se somam outros trabalhadores para lutar contra a burocracia”.

Ademais, dirigiu-se ao público Omar Villablanca, Secretário Geral do Sindicato Ceramista de Neuquén e membro do setor independente da Agrupação Marrom, que considerou que “para nós era importante vir aqui (...) porque nos consideramos classistas, junto a companheiros que nos apoiaram historicamente”. Falando da importância de haver formado parte da Frente de Esquerda durante as últimas eleições, mencionou que “podemos ser os melhores lutadores, mas no momento das eleições só nos oferecem as alternativas dos patrões. E decidimos ter nossa própria alternativa, assim tivemos nossas primeiras conquistas”. Reivindicou ademais seu pertencimento ã corrente que impulsiona o periódico Nuestra Lucha junto com papeleiros, estatais, e lutadores de muitos outros grêmios.

A crise e a necessidade de dar uma saída política

Christian Castillo, dirigente nacional do PTS, assinalou que “estamos realizando esta Conferência em meio ã continuidade da crise capitalista mundial, que é o acontecimento que marca o período histórico que estamos atravessando. A crise abriu uma grande tensão entre os banqueiros, os grandes monopólios e os governos que os representam, contra os trabalhadores e os povos oprimidos do mundo. Um dos grandes protagonistas vem sendo a juventude, que está abrindo os olhos ante o que é o capitalismo. E também se está produzindo uma crise política das direções políticas do movimento operário do mundo. Em nosso país, apesar de os ritmos até o momento terem sido distintos, estamos vendo também o início do enfrentamento de setores da base operária com o Governo de Cristina. Essa experiência se está começando a desenvolver”.

Castillo agregou que “aos companheiros da FIT (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores) colocamos a necessidade de abrir a discussão de um partido comum. Mas ainda quando isso se materialize, seríamos uma pequena minoria. Por isso, uma das idéias centrais que queremos colocar claramente, é dizer aos trabalhadores que não há tarefa mais importante que construir um partido de trabalhadores sem patrões. Queremos ajudar o processo de ruptura dos trabalhadores com o governo, e que as disputas dos de cima não sejam canalizadas por outras alternativas patronais. Uma força que, se se põe em marcha, nenhum aparato de nenhum Estado capitalista poderá deter. Por isso, junto ã participação nas lutas, junto ao pronunciamento ante grandes fatos, junto ã proposta da Assembléia Nacional Classista aos companheiros da FIT, a eles também dizemos que temos de colocar juntos, em todos os bairros e fábricas, a idéia de que há que construir esse grande partido da classe trabalhadora”.

Unir a classe operária lutando junto aos mais explorados

Um dos pontos centrais da Conferência foi a discussão sobre a unidade das fileiras operárias, e como organizar os setores mais explorados. Javier “Poke” Hermosilla tomou a palavra colocando que “milhares de trabalhadores se mobilizaram e se puseram contra o governo e sua política anti-operária. Uma das tarefas que temos ante esta situação é fazernos cada vez mais fortes onde estamos, seguir conquistando comissões internas, nos grandes grêmios da indústria”. Relatou que “com a Lista Bordó centenas de companheiros nos pusemos ã frente para enfrentar Daer [burocrata sindical do setor da Alimentação]; agora existe uma corrente para enfrentá-lo com o aporte de companheiros independentes, e da juventude também. Por isso nos perseguem”. Finalizou defendendo que resta uma grande tarefa adiante, que é continuar lutando pelos “precarizados, os terceirizados, para ajudar a unir as fileiras operárias”.

Desde o palco, um dos discursos mais apludidos foi o de Lorena Gentile, delegada da Comissão Interna de Kraft. “Queremos impulsionar uma grande campanha pelos direitos das mulheres trabalhadoras. Cristina Kirchner fala cinicamente dos direitos dos trabalhadores, enquanto garante há anos os lucros das patronais, ã custa de nossos direitos, de nossa saúde, da precarização. A burocracia mantém a divisão das fileiras operárias, e a opressão da mulher nas fábricas”.

Lorena agregou então que “tem de ser tarefa primordial ver como levantamos as demandas dos setores mais oprimidos, e tem de estar em primeiro lugar a mulher trabalhadora, e a juventude. Mas também as minorias sexuais. Milhares de mulheres estão fartas das condições de exploração e discriminação, estão fartas da violência. Por isso nós em Kraft dissemos basta, e paralisamos a produção quando um gestor assediou uma companheira”. A menção da paralisação de Kraft contra o assédio dos gestores gerou um grito que retumbava desde as tribunas: “Sim se pode, se uma mulher/ se uma mulher avança, nenhum homem retrocede”.

Lorena terminou colocando que “é tarefa da esquerda classista organizar-se, para que sejamos uma força avassaladora contra a burocracia sindical e aqueles que nos oprimem. Porque alguns dizem ‘por trás de um grande homem, há uma grande mulher’. Mas as mulheres que estamos aqui não vamos atrás de ninguém: estamos na primeira fileira”.

Em um dos discursos mais comoventes da tarde, Humberto, jovem imigrante boliviano, fez referência aos milhões de jovens (tanto imigrantes como argentinos) que sofrem as piores condições de trabalho, precarizados e semi-escravizados em fábricas onde devem trabalhar 12, 14 ou 16 horas para ganhar o suficiente para pagar um aluguel em pensão. Mas apesar de todos esses padecimentos, afirmou “me sinto orgulhoso de ser parte desta juventude que se levanta no mundo”, propondo “por de pé uma grande juventude trabalhadora, junto ás comunidades originárias, os estudantes, para eliminar este sistema de exploração e opressão”.

O debate nas comissões

Após as saudações da mesa, se iniciaram 16 comissões, o que permitiu um rico debate sobre o Projeto de Resoluções que havia sido apresentado aos participantes da Conferência. Enquanto uma comissão centralizava as emendas propostas e debatidas nas comissões, chegou uma segunda saudação das principais delegações presentes.

Hernán “Bocha” Puddu fez referência ás suspensões e demissões que já estavam sendo sentidas na indústria automotriz, e a importância de desenvolver uma corrente antiburocrática no SMATA. No mesmo sentido interveio o trabalhador da VW Córdoba, que denunciou a perseguição por parte da burocracia que está sofrendo a comissão interna de Lear, e convocou uma campanha democrática em seu apoio. Flavio Bustillo, dirigente ferroviário e membro da Chapa Bordô do FFCC Roca, reivindicou a tradição que estão forjando juntamente a outras chapas classistas em distintos sindicatos, como em gráficos e saboneteros. Além disso convocou a organização da oposição nas ferrovias, para combater Pedraza e se somou aos milhares de participantes com um só grito: “Mariano Ferreyra, Presente!”.

Carlos Melián, delegado d cindustria cítrica de Tucuman, assinalou que “nesta conferencia viemos com varios compenheiros de distintos sindicatos, entre eles a companheira Verônica Jerez, delegada dos trabalhadores autoconvocados da saúde, perseguida por defender os setores mais precarizados e fazer valer os mandatos votados por assembléias”. Poré, Melián também denunciou a situação dos trabalhadores do campo e da agroindústria: “viemos companheiros que pertence ã base do sindicato UATRE e da Alimentação. Na Argentina há 350 mil trabalhadores golondrinas, que trabalham na safra de Tucumán, no alho em Mendoza, ou na maçã em Rio Negro. E o fazem em condições de escravidão, pela responsabilidade da patronal, do governo provincial e da burocracia da UATRE. Trabalhamos durante 4 ou 5 meses e depois nos colocam na rua. As frutas podem ter temporadas, mas o salário para dar de comer aos nossos filhos não. Por isso queremos recuperar nossos sindicato, não para seguir as patronais agrárias como fez Venegaz, ou atrás de Cristina como fez Daer, mas para organizar independentemente os trabalhadores”.

Por último, Alejandro Vilca, delegado dos coletores de resíduos de Alto Comedero, Jujuy, se referiu ás greves dos engenhos que ocorreram nos últimos meses, e o repúdio que cresce contra o colaborador da ditadura, patrão de vários operários açucareiros, Carlos Blaquier.

Estávamos finalizando os trabalhos quando dois compenheiros nos surpreenderam e emocionaram com suas saudações. Um experimentado trabalhador do engenho de La Esperanza, hoje em mãos do grupo Roggio, disse que “somos nós trabalhadores que mantemos o país, os que mantêm a saúde e a educação, não este governo que vem a administrar mal os recursos, e faz negociatas com seus amigos. Para que isso se acabe é necessário mudar estes traidores que estão nos sindicatos, e que vendem nosso futuro por migalhas. Por isso venho com muita gana de continuar lutando junto a vocês!”. Junto dele estava uma lutadora da Comissão de Mulheres de La Esperanza. Segundina despertou o aplauso emocionado de todos quando disse “quero saudar na minha língua porque sempre tiveram me discriminado. Estou orgulhosa de ser boliviana”. Segundina saudou em quechua aos presentes, que cantaram “a classe operária é uma e sem fronteras!”.

Então a companheira afirmou que “os empresários nos roubam. Não ncessecitamos que venham os empresários, que venham os capitalistas. Os companheiros sabem como fabricar açúcar, sabem como trabalhar o campo. Alguns entram no sindicato e se vendem, por isso queremos controle operário, porque entre companheiros podemos ir adiante!”. Com o canto de “Unidad, de los trabajadores, y al que no le gusta, se jode”, que durou vários minutos, terminou uma intensa jornada de debates e propostas. Milhares de trabalhadores, jovens militantes assumiram o compromisso de seguir lutando por fazer avançar a esquerda classista no movimento operário.

Depois falou Jenny Wainberg, dirigente da Juventude do PTS, quem destacou a necessidade de que a juventude e os trabalhadores lutem conjuntamente, chamando os estudantes a apoiarem a luta do movimento operário como se fez em Kraft e outras ocasiões.

Para finalizar, se fez referência ás resoluções discutidas nas comissões. Aprovadas pela positiva em geral, surgiram várias emendas que foram logo foram lidas pelos coordenadores das comissões. Aprovadas todas, serão incorporadas ás resoluções finais.

Raúl Godoy fechou a Conferência com uma intervenção muito emotiva, tomando a proposta das comissões de editar dezenas de milhares de stickers com as consignas centrais da conferência, para distribuir em todas as fábricas e locais de trabalho dos ali presentes, para abrir um debate amplo, para que aprofundemos o que verdadeiramente nos faz vibrar, a intervenção na luta de classes, terreno no qual queremos formar-nos como dirigentes e lutadores da classe que merece dar uma resposta aos padecimentos e misérias que nos impõe o sistema capitalista.

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