FT-CI

VI Conferência da Fração Trotskista - Quarta Internacional

A luta pela Quarta Internacional e a vanguarda operária

25/08/2009

Nesse ponto, partimos de considerar que o novo período da crise histórica do capitalismo põe em primeiro plano o problema de como avançar para um partido mundial da revolução socialista. Ou seja, como encarar a necessidade de unir por sobre as fronteiras a vanguarda operária com um programa e uma estratégia para triunfar contra o ataque que os capitalistas das transnacionais e do imperialismo querem desferir, na perspectiva de construir uma direção revolucionária internacional que possa colocar-se ã frente dos grandes combates da luta de classes e dirigir os trabalhadores ao triunfo, até derrotar o capitalismo imperialista e construir o socialismo internacional.

Consideramos sempre que a reconstrução da Internacional será produto da unificação com setores da vanguarda operária que se radicalizem e com alas esquerdas de correntes políticas que se digam trotskistas, e temos enfatizado a importância de extrair lições comuns dos grandes acontecimentos da luta de classes para convergir com setores que avancem para posições revolucionárias. O novo cenário mundial e suas perspectivas colocam como eixos discutir os problemas de programa e a política com a qual os trotskistas nos preparamos para intervir.

Na Conferência, refletindo sobre a importância do programa e a álgebra das tarefas de construção internacionalista na atual situação preparatória, pudemos avançar em discutir como ter uma política mais ativa para a reconstrução da IV Internacional.

Essa tarefa deve ser concebida como um processo de fusão não só com aquelas correntes ou grupos que coincidam no programa, mas que, além disso, tem uma dimensão chave na prática política, ou seja, na forma em que nos propomos incidir no reagrupamento da vanguarda operária, combatendo o rotineirismo centrista de adaptações ao sindicalismo e a democracia burguesa que tem permeado muito a prática de correntes que se dizem trotskistas.

Com efeito, sendo chave o programa não basta a letra, mas é fundamental a prática política que dela se desprende. A maioria das correntes que dizem reivindicar o Programa de Transições, na prática o abandona em sua atividade no movimento operário, para limitar-se a um sindicalismo de esquerda que só levanta de forma isolada algumas consignas e se adapta ás direções burocráticas (ainda que critique seus métodos mais anti-democráticos e pressione por uma linha mais combativa). Essa é a prática que vemos, por exemplo, em correntes como a Lutte Ouvriere ou o NPA (Novo Partido Anticapitalista) na França, incapazes de combater por uma perspectiva superior frente ás grandes lutas nas quais contavam com responsabilidade dirigente, como a dos operários da Continental ou frente ao levante na colônia francesa de Guadalupe. É também a prática do PSTU no Brasil que, ainda que dirija sindicatos como o dos metalúrgicos de São José dos Campos, se mostrou completamente impotente para enfrentar as demissões de mais de 4000 trabalhadores na EMBRAER, com o que se chegou a “uma derrota produto de uma luta não dada”, como dizem nossos companheiros da LER-QI.

Da nossa parte, acreditamos que frente a crise e as penúrias que ameaçam os trabalhadores, é fundamental agitar (e não só fazer propaganda) um programa transicional para que a crise seja paga pelos capitalistas, que inclua o controle operário da produção, a divisão das horas de trabalho e a expropriação sob gestão operária de toda empresa que feche ou demita.

Essa agitação deve preparar as condições para tratar de passar ã ação e para que os socialistas revolucionários ganhemos influência. Desde o apoio ás ações e a generalização de suas experiências mais avançadas ã exigência de frente única ás direções sindicais para a luta unificada e enfim, todo o arsenal de táticas que seja necessário articular pra intervir de forma revolucionária e avançar na fusão com o mais perspicaz da vanguarda operária em torno do programa dos trotskistas.

Essa preparação, ainda que se dê ao nível das pequenas ligas de propaganda no terreno nacional, é essencial para educar e moldar numa disposição para a ação revolucionária em função do Programa de Transição, diametralmente distinta ã prática dos centristas, e dessa maneira, localizar-se de uma maneira muito mais concreta frente o que significa combater por reconstruir a Quarta Internacional como um partido mundial da revolução socialista, tarefa histórica que a vanguarda operária internacional deve tomar em suas mãos para preparar-se frente aos futuros combates da luta de classes mundialmente.

A situação e as tarefas da FT-QI

Consideramo-nos um destacamento avançado desse combate. Ainda que, todavia sejamos uma corrente essencialmente latino-americana, o desenvolvimento de vários dos grupos com avanços na ligação com o movimento operário e na elaboração de programas nacionais, junto ao desenvolvimento teórico-político, permitem constatar que a FT tem começado a se converter num pólo trotskista na luta pela reconstrução da Quarta Internacional, não somente de propaganda, mas também de ação. Isso se mostra não só no PTS, com seu acúmulo militante e sua inserção na vanguarda operária e juvenil da Argentina – rica experiência da contada na Conferência pelos camaradas operários que expuseram sobre a expropriação de Zanon e os processos que se vivem em distintos setores industriais e de serviços -, mas também, ainda que em menor medida, mas outras seções.

Pudemos escutar aos companheiros do Brasil explicando a participação dirigente da LER-QI na greve de mais de 50 dias na USP, com piquetes e uma forte repressão policial que a transformou no mais importante conflito do país no primeiro semestre, sendo um de seus referenciais nosso camarada Claudionor Brandão, dirigente do SINTUSP. Os jovens dirigentes do Chile expuseram o dinamismo e os desafios que se coloca o Clase contra Clase. Compartilhamos as possibilidades políticas que se abrem no México para a LTS e os desafios que para os revolucionários implica a situação centro-americana, assumindo, junto ã jovem LRS da Costa Rica, o desafio de estender a FT nessa região do continente. Os camaradas da Venezuela informaram sobre a luta por uma política operária independente junto aos trabalhadores da SIDOR. Os companheiros da Bolívia expuseram sobre a intervenção em vários processos de organização e luta operária em El Alto que nos colocou sob ataques das empresas, da burocracia sindical e do governo. Com a ativa intervenção dos camaradas militantes e simpatizantes da França se desenrolou uma importante discussão sobre a forma e os critérios para avançar na reconstrução da Quarta Internacional frente ao curso cada vez mais oportunista das correntes tradicionais do movimento trotskista e havendo processos com o NPA que, além de seu caráter centrista e seu programa semi-reformista, atraem a setores de trabalhadores e da juventude. Também estão dando passos nessa direção nossos companheiros militantes e simpatizantes no Estado Espanhol e na Alemanha, cujo trabalho, apesar de seu caráter inicial, é da maior importância para avançar numa construção não só na América Latina, mas verdadeiramente internacional.

Assim, refletindo sobre as experiências realizadas no ultimo período e as oportunidades políticas que se abrem, a Conferência dedicou várias seções ã discussão sobre a situação e as perspectivas dos grupos da FT nos distintos países.

Uma resolução importante é a de elaborar e publicar um Manifesto Internacional, que, colocando a necessidade da Quarta Internacional, e chamando ã vanguarda operária, a tomar parte nessa luta, reivindique a grande tradição operária e revolucionária que se sintetiza em suas bandeiras, explique o papel e a importância do Programa de Transição para as lutas atuais, coloque os métodos que há que se recuperar, desde a ação direta e a auto-organização da frente única operária, fundindo em torno do programa e das lições da luta de classes ã vanguarda operária e aos setores que evoluam a esquerda do movimento que se reclama trotskista.

Decidiu-se construir um Comitê Executivo Internacional para coordenar a elaboração política e atividades de nossa corrente internacional. As companheiras dos distintos grupos que estão desenvolvendo o Pão e Rosas realizaram também reuniões para discutir aspectos políticos e programáticos da questão da mulher e coordenar planos e atividades.

Finalmente, entre outras resoluções, a Conferência adotou redobrar os esforços em impulsionar uma forte campanha internacional pela derrota dos golpistas em Honduras, que já iniciamos, chamando ás organizações operárias, estudantis e populares e a esquerda a impulsioná-la somando novas forças. Nesse novo impulso da campanha inclui viagens para fazer presente nossa solidariedade em Honduras e aprofundar as relações já iniciadas com setores da resistência hondurenha.

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