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Venezuela

A esquerda diante do novo partido de Chávez

24/04/2007

A esquerda diante do novo partido de Chávez

Depois que a corrente sindical C-CURA votou no começo do ano "somar-se ao processo de construção e a todos os debates em torno da conformação do PSUV (Partido Socialista Unificado da Venezuela)", são ainda mais surpreendentes as duas últimas cartas que enviaram seus dirigentes ã Hugo Chávez, e ã Comissão Promotora do PSUV. Nelas se enfatiza que têm "..o propósito comum de contribuir com propostas para a construção de uma organização política.." [1], e " com a qual esperamos contribuir ao fortalecimento de um grande partido socialista" [2]. É preciso destacar que essa política de ingressar ao PSUV de Chávez se faz em total concordância com os setores representados na Venezuela da Izquierda Socialista e do MST da Argentina, apesar de alguma diferença "tática" sobre essa política.

Os dirigentes do C-CURA tem chegado ao cúmulo ao afirmar, dirigindo-se a Chavez, que no ".. primeiro ato público - desde a conformação do PSUV -.. teve definições sobre distintos temas políticos, sociais, econômicos e ideológicos. Muitos deles os compartilhamos plenamente.. Reafirmamos a decisão de ser parte do processo de construção do novo partido" [3]. Realmente é lamentável que os companheiros que falam em nome dos trabalhadores chegam a afirmar que compartilham de "temas políticos, sociais, econômicos e ideológicos" com Chávez. Todos sabemos que em temas políticos e sociais econômicos, durante estes 8 anos de governo, os que realmente se tem beneficiado são os setores empresariais, enquanto os trabalhadores, os camponeses e o povo pobre continuam esperando satisfazer ao menos alguma demanda elementar, ao invés de ter que viver com os tímidos planos sociais das missões. Na ideologia sabemos que Chávez defende um "socialismo com empresários", por isso sua insistência quando afirma que "convidou aos operários e operárias.. aos empresários nacionalistas a construir este instrumento unitário (o PSUV)". Apoiar-se na retórica de Chávez que fala contra o capitalismo, quando na realidade o administra, não mais que colocar expectativas em seu projeto pseudo-nacionalista entre os trabalhadores.

Os dirigentes do C-CURA demonstram haver perdido todo norte político quando afirmam que "dizemos isto, porque não vemos contradição em construir o PSUV e apoiar a revolução, e por ver defender a autonomia dos sindicatos". Em primeiro lugar, de que "revolução" falam, em um país onde não se toca em um centavo de nenhum capitalista? Que "revolução" é essa, que não passa de um projeto pseudo-nacionalista burguês que compra algumas empresas privatizadas no valor de mercado depois que seus donos saquearam o patrimônio nacional? E se já está cômico, trágico é ver que a autonomia dos sindicatos a entendem os dirigentes sindicais somente no plano organizativo, mas politicamente não vêem problema algum em que uma corrente sindical inteira - que aglutina centenas de sindicatos - ingresse ao partido do governo junto a empresários nacionalistas e alto oficiais das Forças Armadas. A independência de classe dos trabalhadores implica a independência do governo e seus partidos no plano político e organizativo, condição elementar para todo tipo de luta dos trabalhadores (isso sem dizer para a ação revolucionária), se não querem transformar-se em correia de transmissão das políticas governamentais.

O curioso é que diversos dirigentes da C-CURA não foram admitidos no ato de lançamento do PSUV, apesar de sua subordinação ao chavismo. Em uma recente entrevista a Orlando Chirino, após ter firmado ambas cartas, tenta se relocalizar parcialmente - quem sabe dando-se conta das aberrações expressadas centralmente na segunda carta, mas sem desmentir tais afirmações - apontando que ".. com os alinhamentos expressados pelo presidente Chávez, nos parece que se coloca a possibilidade de que os setores verdadeiramente classistas, honestos e revolucionários do movimento sindical, e que lutam pela autonomia, avancem até o PSUV" [4]. Mas não chega a questionar nem a romper com a resolução votada pelos dirigentes sindicais de ingressar ao PSUV, que anula toda independência política dos trabalhadores. Não há "raecomodações a esquerda" sem romper com o aspecto central, levar os trabalhados sob a subordinação do chavismo, política que se tem agudizado desde a campanha pelos "10 milhões de votos" chamando a “arrebentar as urnas" por Chávez nas últimas eleições.

Por um partido operário independente que seja a voz de milhões de trabalhadores

Contrariamente ã nefasta política dos principais dirigentes da C-CURA, viemos afirmando que a classe operária venezuelana deve confiar somente em suas próprias forças e métodos de luta: só assim poderá selar uma aliança operária, camponesa e do povo pobre verdadeiramente anticapitalista. Por isso fazemos um chamado urgente a todos os sindicatos que se reivindicam classistas e a C-CURA a abandonar e romper com essa política de subordinação ao chavismo, para lutar contra a política da conciliação de classes do PSUV. É imprescindivel que os trabalhadores se expressem na vida política nacional de maneira independente e lutar por um partido próprio dos trabalhadores, um grande partido operário independente baseado nos organismos de representação e luta dos trabalhadores, nos métodos da democracia operária e que levante um programa claramente anticapitalista e antiimperialista. Os sindicatos classistas e a C-CURA, abandonando toda a política que seus principais dirigentes lhe estão impondo, devem convocar urgentemente um Comitê Promotor que impulsione um partido com essas características. Que se proponha ser a voz na Venezuela dos milhões de trabalhadores e explorados. Na luta pela independência política dos trabalhadores que busque liquidar definitivamente com o PSUV. Colocar de pé esse partido será um primeiro passo para avançar na construção de um potente partido operário revolucionário que lute por um governo dos trabalhadores e do povo pobre para avançar por uma verdadeira revolução operária socialista.

 CCURA: Corrente Classista, Unitária, Revolucionária e Autônoma. É uma das correntes com maior influência dentro da central operária UNT (União Nacional dos Trabalhadores). Grande parte de seus dirigentes, como Orlando Chirino e Stalin Pérez Borges são membro do PRS (Partido Revolução e Socialismo) sobre o qual tem influência o grupo Izquierda Socialista e o MST da Argentina.

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  • [1"Dirigentes da CCURA podem ingressar ao PSUV", por Orlando Chirino e Stalin Pérez, entre outros dirigentes sindicais, 23/03/07 (aporrea.org)

    [2"Sindicalistas revolucionários respondem ao Presidente Chávez em torno da ’não autnomia’ dos sindicatos", por Orlando Chirino e Stalin Pérez, entre outros, 27/03/07 (aporrea.org)

    [3ídem.

    [4Entrevista com Orlando Chirino, 10/04/07 (aporrea.org).

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